sábado, 2 de outubro de 2010

Tempo Livre

Calma lá caralho, não fiquem já aí de pau feito que este ainda não é o meu regresso oficial. Infelizmente, se a enrabadela que o destino me anda a dar nos últimos tempos fosse algo mais do que metafórica o meu cu já teria florido qual gerânio na Primavera. Mas está quase a desentalá-lo, isso é que interessa, e em breve regressarei triunfante. Tomara já, dass...

Entretanto, vi-me de súbito em mãos com um dilema. Ontem a puta da Nossa Senhora Aparecida deve ter-se condoído ao ver a quantidade de trabalho que tenho para despachar e lá conseguiu convencer o Pai do Céu - ainda que sem dúvida somente a poder de bom broche pois sei bem que o Cabrão não pode comigo nem pela lei da cona da tia - a derramar alguma areia extra na ampulheta da minha vida a assim deixar-me com tempo livre suficiente para finalmente poder sentar-me a escrever qualquer coisa com calão pelo meio. Mas a benesse não foi generosa, como seria de esperar a troco de tão frugal suborno. Não fosse a Santa Mãe de Cristo tão zelosa do selo de inviolabilidade da sua imaculada pachacha e em vez do broche que me rendeu uma meia hora livre de certeza que me teria conseguido sacar pelo menos um dia inteiro. Já nem digo que levasse no cu, apesar de uma semaninha de férias até me fazer bem agora. Mas já que o Filho deu a vida por todos nós não lhe custava muito dar o pito por mim. Puta.

Bom, o dilema com que me vi confrontado, então, surgiu quando me vi de repente com algum tempo livre para escrever qualquer coisa mas não tanto que me permitisse fazer a minha rentréé bloguística com a posta que tenho planeada para tal. Ora, como tinha de arranjar qualquer coisa para passar o tempo, lembrei-me que o ideal era mesmo um passatempo. Especificamente, um passatempo online, daqueles em que escrevemos uma frase e nos habilitamos a ganhar uma merda qualquer que não faz falta nenhuma (que é que querem, foda-se, não tinha tempo para mais nada...). Portanto lá pedi ao Google que me encontrasse qualquer coisa desse género e eis que me indicou exactamente o que eu procurava: o passatempo do dia do animal do Jardim Zoológico. Só teria de enviar um texto a especificar qual o meu animal preferido e porquê e imediatamente passaria a integrar o número dos meninos que podiam vir a ganhar um de cinco bilhetes duplos (foda-se, cinco, são pouco forretas são, também). E enfim, lá me habilitei. De qualquer modo já ando há uns tempos com saudades de ir lá mandar umas pedradas à bicharada e ficar a rir-me enquanto espatifam os focinhos nas grades a tentar matar-me. Antigamente ainda tinha pontaria, agora se calhar já não. Pode ser que seja um dos felizes contemplados e descubra.

Fica aqui o pueril texto com que concorri. Depois se ganhar aviso:

"O meu animal preferido é o babuíno porque é um exemplo de preserverança e estoicismo em face da adversidade. Quando falo em face refiro-me, como é óbvio, às bochechas do cu (vulgo "nalgas"), na medida em que o babuíno vive permanentemente com o hemorroidal todo de fora que é uma coisa que só de ver uma pessoa parece que até já fica assada. Espanta-me por vezes de onde lhes vem a força de espírito para andarem sempre a rir. Penso que o babuíno é um exemplo para todos nós, em particular para os velhos que andam sempre a queixar-se aos filhos do quanto sofrem da sua brotoeja na peida que chega a ter jeitos de parecer o engaste no anel de um lelo, e a mandar os netos à farmácia comprar Halibut para lhes besuntarem o rebordo da variz anal devagarinho com o dedo, de preferência o polegar. Os referidos gerontes deviam era pôr os olhos no exemplo deste amistoso primata que mesmo com o cagueiro todo em sangue ainda arranja boa-disposição para comer merda às mão-cheias (e são logo quatro, note-se) e - porque não? - esfodaçar a ocasional fêmea quando ficar só a comer amendoim de turista também já enjoa.

Refira-se que as fêmeas são tanto ou mais dignas dos nossos louvor e inflado encómio do que eles, pois não são de modo algum estranhas à sodomia e aqueles entre nós detentores de pornoteca voluminosa e não despicienda, que se tivessemos ambas as mãos livres não nos coibiriamos de aplaudir ruidosamente o profissionalismo daquelas senhoras que aguentam ali com o talo da couve de um angolano de dois metros todo pela bilha adentro (choramingando mas sempre com aquela nobre altivez dos mártires), tanto mais teremos de tirar o chapéu a estas zoológicas babuínas que não obstante a infecção anal galopante que se lhes alastra até às coxas não se fazem ainda assim rogadas a deixar o macho galopar-lhe sem piedade de ferro entalado no traseiro com aquela pujança de que só as criaturas das planícies africanas são capazes, mesmo sabendo que a generosidade lhes vai atrasar a recuperação da ilharga pelo menos mais duas semanas. Fora isso, também gosto do facto dos babuínos usarem patilhas, ao arrepio da tendência da moda dos últimos quarenta anos, que por algum motivo as votou à foleirice. Demonstra carácter numa época em que a maioria se limita a adequar a sua aparência aos padrões sociais vigentes, que nem macacos de imitação - passe a expressão que deste modo se demonstra ser injusta.

De modos que o babuíno é o meu animal preferido. Agora digam lá que esta merda não merece dois bilhetes.

Príapo"

Nunca se sabe, pode ser que ganhe. Se não ganhar, é uma questão de esperar pela próxima meia hora livre que tenha para voltar a escrever-lhes, desta feita para mandá-los todos chuchar a bisnaga à zebra a ver se a esporra sai às riscas como a pasta de dentes. Depois se por sorte tiver mais tempo até pode ser que pense em qualquer coisa mais elaborada para lhes dizer. Para já, o plano é este.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Manual do Engate Filosófico - Capítulo I 1/2

Um blog, como tudo o que na vida vale a pena, é como uma vagina’.

Esta singela afirmação, para mim, exprime uma daquelas poucas verdades que nesta vida plena de incertezas se podem dizer absolutas, e que por isso nunca deixou de estar presente no meu espírito desde que a ouvi pela primeira vez. Seria um erro pensar-se que proponho erguê-la à categoria de axioma baseado em simples intuição apriorística, o que no fundo não passaria de paneleirice pura, no sentido kantiano do termo. Não, o motivo que me leva a colocar esta frase fora do número daquelas coisas de que se pode duvidar racionalmente prende-se à autoridade da fonte citada. Ou seja, eu. A frase é minha, fui eu quem a disse pela primeira vez. E nestas coisas, meus amigos, como aliás em tantas outras, nunca me engano.

Compreendo que o facto de “citar” a frase quando o autor sou eu próprio suscite alguma confusão desse lado mas as circunstâncias extraordinárias em que a proferi obrigam-me a fazê-lo. É que em boa verdade estava ferrado a dormir quando a disse, e como não tenho certeza se seria desonestidade intelectual ou não apropriar-me de uma afirmação que não me lembro de ter afirmado prefiro atribuir o crédito ao sujeito onírico da minha personalidade e não directamente a este bem vivaço que agora escreve estas linhas de modo a evitar correr riscos legais desnecessários. E também porque quem me conhece melhor sabe que na vigília nunca teria recorrido a “vagina” com a abundância de alternativa que para aí anda. Alternativa ao termo, naturalmente, não à vagina em si. Notem que pus aspas. Alternativa à vagina só cu e mesmo assim só se forem vizinhos. Espero que tenha ficado claro por que é que sou tão picuinhas com os sinais gráficos e com a correcção da escrita em geral. Um gajo falha e está fodido, é logo paneleiro. Mas divago. Mudemos de parágrafo que este já chateia.

‘Espera lá’, verberará agora o leitor através de mim, criando um ainda mais obscuro caso de ambiguidade autoral, ‘como é possível que saibas o que disseste enquanto estavas a dormir?’ É uma pergunta legítima embora a resposta me obrigue a encetar um excurso que preferiria evitar. Enfim, que se foda, quem abre aspas abre parêntesis. Seja como for aviso já que a história que se segue não tem moral nenhuma e não acrescentará conhecimento algum a quem a ler. Aliás, quem quiser até pode saltar já para o último parágrafo da postagem, que no fundo resume tudo o que vim aqui para dizer. O resto é uma granda merda.

Para os punheteiros que sobraram, segue-se a explicação das circunstâncias em que proferi a frase de abertura desta postagem, e como vim a saber que a disse.

Não é um relato muito interessante. Aconteceu apenas que na última reunião de condomínio do meu prédio fui confrontado por um bando de vizinhos indignados a queixarem-se de que desde há uns tempos para cá se ouvia alguém na minha casa a berrar aforismos ordinários em terminologia clínica às tantas da manhã, assaz interessantes do ponto de vista filosófico mas que não deixavam dormir em condições quem no dia seguinte tinha de acordar cedo para trabalhar. Achei isto esquisitíssimo, como se pode imaginar, especialmente porque eu que lá morava não me tinha apercebido de nada. Mas a parte mais estranha até nem era essa. Segundo me informaram, o discurso fragmentado em máximas era só parte da história. O mais peculiar era que quando a palestra terminava - o que geralmente acontecia ao fim de meia hora, mais coisa menos coisa -sentia-se uma ligeira vibração nas paredes, ouvia-se uma salva de palmas e só então é que ficava tudo em silêncio. Noite após noite, isto repetia-se. O mistério deixou-me pasmado. Para ganhar algum tempo pus as culpas na administração e desviei o assunto para o casal de ucranianos do 3º esquerdo que não pagava as quotas há não sei quantos meses porque só cá vêm é para chular quem anda todo o dia a vergar a mola para lhes pagar os subsídios, e era mandá-los todos para a terra deles cambada de filhos da puta que não têm outro nome, a eles e à criançada encardida que propagam só para os porem aí a roubar. Quando começou tudo à batatada saí de fininho e fui para casa pensar.

Sabendo de antemão que não seria possível especular inteligentemente no que à parte da vibração e das palmas concernia, escusei-me a abordar esse tópico e fiquei-me pela parte do discurso aforismático. A esse respeito não era difícil chegar a uma conclusão. Uma vez que as pessoas que costumeiramente partilham comigo o quarto a tais horas da noite não possuem inteligência suficiente para produzirem aforismos (regra geral ficam-se pelos ditongos, compensando a pobreza intelectual do discurso no volume, tanto do som como das tetas), fiquei convencido de que tinha o espírito do La Rochefoucauld a assombrar-me a casa. Como tenho visto em filmes da tanga recentes que fantasmas e aparições em geral são susceptíveis de captação por via de toda a espécie de aparelhos de gravação disponíveis em qualquer loja de electrónica, decidi tentar apanhar o cabrão do espectro em flagrante com a minha câmara digital de infravermelhos, utilizada de tempos a tempos na filmagem do programa “Achas que Sabes Foder?”, que me orgulho bastante de produzir e realizar apesar da sua fraca audiência, composta inteiramente por uns amigos meus. Terminada a instalação da câmara num ângulo que abrangia o quarto todo, deitei-me, de barriga para cima, por via das dúvidas, porque com um francês à solta em casa, vivo ou morto, é certo e sabido que se não tomasse precauções mais cedo ou mais tarde ia comer com o croissant na bilha.

Acabei por descobrir que afinal o misterioso orador nocturno era eu próprio. Comprovei-o logo no primeiro vídeo que gravei. De início parecia que não ia acontecer nada. Na televisão via-se apenas o meu quarto com a cor esverdeada típica dos filmes porno filmados às escuras e deitado no leito, ao centro, eu, a ressonar que nem uma besta. Quando estava quase a perder a esperança de descobrir o que quer que fosse deu-se uma inesperada reviravolta na trama: passadas umas duas horas de sono pouco atribulado e de tesão que ia e vinha debaixo dos lençóis (em fast forward dava a curiosa ideia de que o Alien estava a tentar escapar dos meus colhões) dei comigo a erguer-me subitamente da cama toda remelento e despenteado a amarrar o lençol ao pescoço para fazer uma capa, não me perguntem porquê. Isto foi por volta das quatro e meia da matina. Depois, decorridos alguns segundos em que não fiz mais nada senão bambolear o corpo que nem um mongolóide a babar-me todo, abri os braços num gesto de profeta que vai discursar para a multidão e expeli em voz tonitruante as mais espectaculares frases que alguma vez ouvi alguém dizer onde quer que seja, bastante brejeiras no seu conteúdo mas sempre pautadas por um grande pudor vocabular. No final de meia hora disto, alcei da perna, larguei um peido em tom de barítono, bati palmas e depois de desatar o lençol do pescoço voltei a afocinhar na almofada onde fiquei a salivar até de manhã.

Apesar de ter resolvido de uma assentada todos os mistérios forenses deste peculiar caso estaria a mentir se dissesse que não fiquei preocupado. Foda-se, quem não ficaria à rasca tendo descoberto que o seu subconsciente é na verdade uma espécie de cruzamento entre o Confúcio e o Quim Barreiros que aplaude a sua própria flatulência do alto de um púlpito imaginário? Decidi agir. Em dias normais não encontro diferença entre psicanálise e bruxaria mas como isto até tinha todas as marcas da possessão demoníaca lá ganhei coragem para levar o vídeo a um profissional e pedir-lhe uma explicação científica para o caso. Assim foi. Dirigi-me a um consultório da especialidade e expliquei o problema ao charlatão de serviço. Findo o relato, este, sem dizer uma palavra, levantou-se e fez sinal com o dedo para que o seguisse até uma sala ao lado que tinha uma televisão e leitor de DVD. Sentou-se num cadeirão e pediu-me que lhe mostrasse o vídeo. Obedeci. A minha preocupação cresceu ao ver as reacções do homem. Meneava a cabeça, cofiava a barba branca, escrevia no seu caderninho, emitia uns sons guturais indecifráveis, franzia o sobrolho e pediu-me para voltar atrás várias vezes na parte do peido. No final, arrancou a folhinha do caderno em que estivera a escrever desde o início e entregou-ma. Cheguei a pensar que era uma receita mas afinal era o número da empresa de um primo dele em Chelas que se dissesse que vinha da parte do Vítor teria todo o gosto em fazer-me um desconto na insonorização do quarto. Aquele cabrão teve a lata de me dizer que com o subconsciente não se brinca e que se o meu quer falar e peidar-se, é deixá-lo. Em todo o caso, sugeriu que continuássemos as sessões, e que fosse trazendo mais vídeos se os tivesse.

Infelizmente, mesmo depois disto o problema persistiu. Não só os discursos filosóficos nocturnos continuaram como certa manhã, no rescaldo de uma festa de anos em que me entupi de arroz-doce, acordei com um cagalhão nas cuecas, sem dúvida resultado de algum excesso de confiança por parte do meu subconsciente no cumprimento do seu característico ritual de despedida no final das prelecções. Foi quanto bastou para me dar o alento necessário a tentar novamente a minha sorte. Há que dizer que o novo psicanalista a que fui deu muito mais atenção ao meu caso, talvez por ser um pouco belfo e por isso saber bem a crueldade que patologias engraçadas como as nossas suscitam no próximo. O seu diagnóstico preliminar foi que o filtro que impede o subconsciente das pessoas normais de largarem caralhadas em público se encontrava invertido no meu caso, pelo que durante a vigília só digo é merda ao passo que no sono sou extremamente educado, dizendo antes fezes. Garantiu-me que bastariam alguns meses de terapia para que tudo se resolvesse, embora me tenha aconselhado a abandonar de vez o consumo abundante de alimentos com muito açúcar, que manifestamente me davam a volta à tripa. Ironicamente, estas doces palavras foram para mim um alívio. E tenho a certeza de que este indivíduo teria cumprido a sua promessa e me teria curado, não fosse o facto de o meu subconsciente lhe ter ligado às cinco da manhã para informá-lo de que os seus serviços já não seriam necessários, e que se continuasse a meter o bedelho no que não lhe dizia respeito trataria de enfardar um sortido inteiro de doçaria conventual com o expresso propósito de se dirigir ao hospital onde a sua mãe jazia lúcida mas paralisada devido à sua recente trombose e defecar-lhe sem limites para dentro da boca cronicamente aberta com a beiça a dar de esguelha. Depois, estimando as melhoras da senhora e lamentando imenso não lhe ter sido possível ligar a uma hora menos imprópria, desligou. E pronto, a coisa ficou por aí. Não há mais nada a dizer, continuou tudo na mesma com a excepção de que agora ganho uns cobres extra a dar explicações de Filosofia enquanto durmo a sesta aos fins-de-semana. Eu avisei que a história era uma merda.

Mas voltando à citação inicial, que agora parafrasearei com um pouco mais de liberdade, um blog é realmente como uma cona. Segue-se daí que postar é algo como foder. Na maioria das vezes posta-se por postar, superficialmente, como quem fode só porque a punheta às vezes parece que já aborrece. Noutras ocasiões, a extrema profundidade da posta em causa exige mais tempo de preparação, preliminares mais extensos, por assim dizer, para que a ideia não arranhe muito a entrar, tanto a quem escreve como a quem lê. Em casos que tais não se pode postar com brutidade. Há que arregaçar as mangas e deitar dedos e mãos à obra com disposição para perder tempo, até mesmo horas, se for preciso, só a preparar o caminho para o que virá a seguir, como quem estimula com afecto uma pachacha já entradota nos seus quarentas e por isso menos fácil de deixar pingona – embora seja de referir que neste último ponto a analogia não funciona tão bem porque “perder horas” a escrever num blog, ao contrário da situação do outro lado da metáfora, não se reifica tão facilmente na perda efectiva do relógio.

Serviu assim esta posta para lubrificar o blog e acautelar o leitor que voltará a estas paragens com o intuito de ler a segunda parte do manual do engate filosófico, a publicar para a semana. Será fodido e exigirá perseverança intelectual mas a recompensa será garantidamente rapadinha ou peluda, consoante o gosto individual. Talvez tenham ficado fodidos com esta prolixa falsa partida mas, Oh!, feliz daquele que está desse lado e que é avisado das dificuldades que o esperam... Não sabe a sorte que tem. Eu, desditoso que sou, desconhecendo o efeito que a fatia de bolo de mel que comi hoje ao almoço terá no meu organismo, terei que dormir com o cu embrulhado em celofane.

Ao leitor que tenha seguido o conselho que lhe dei no início e assim saltou logo aqui para o último parágrafo, desejo mandá-lo do fundo do coração para esse crustáceo que é a cona da sua mãe, pois vá-se foder, não vim aqui escrever para o boneco.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Manual do Engate Filosófico - Capítulo I

Pois é, seus cabrões, vocês obrigam-me a caminhar no fio da navalha. Depois se escorregar uma perna para cada lado quero ver quem é que me vai pagar o remendo da costura dos tomates.

Ontem – como, de resto, acontece praticamente todas as semanas – um gajo que conheço veio ter comigo e fez-me outra vez a pergunta com que me estão constantemente a massacrar-me os cornos: ‘Ó Príapo, como é que fazes para foder tanta gaja?’. Geralmente nestas situações procuro manter a calma e opto por seguir o trilho mais elevado, citando Camões na sua Ode Ornitológica, escrita no cárcere e dedicada a um companheiro de cela que lhe estava sempre a torcer os mamilos no refeitório e a foder-lhe o buraco do olho vazado durante a noite: ‘Piu Piu Piu / Vai pá puta que te pariu’. Mas perante a patética insistência deste incómodo rapazola, e incapaz de ignorar o pungente espectáculo das suas lentes bifocais embaciadas e olhos rasos de lágrimas, indicadores seguros daquela aguda nostalgia da cona que fervilha no baixo-ventre de quem dela só sabe o que ouviu contar em histórias, não pude evitar um certo aperto na zona da garganta, fruto da comoção que crescia em mim. Acabei por ter que lhe largar o pescoço porque o gajo começou a ficar lilás, mas apesar de ter conseguido calar-lhe a puta da boca, as cordas tangidas da lira da minha alma continuaram a vibrar, de tal modo que hoje vinha para aqui especificamente com o intuito de escrever sobre a descoloração do ânus, prática muito em voga entre a mulherada, e não fui capaz. O resultado foi esta posta que agora aqui se vê.

Com muita relutância, portanto, decidi correr o risco de levantar um pouco do velvetiano véu que cobre a técnica filosófica do engate e difundi-la entre a maralha que sabe tanto de gajas como eu sei de arbitragem de baseball e depois ainda se admira de acabar sempre as noites a onanar-se todo para a revista Maria com a Ana Malhoa na capa. Hesito em fazê-lo apenas porque temo que depois de lerem isto andem para aí feitos atrasados mentais a tentar aplicar a técnica a gajas de topo (como se fosse assim tão simples) e fodam o esquema todo àqueles de nós que mesmo sabendo o que fazem já não se safam porque o cabrão do amador já lá foi estragar tudo. Não, meus caros, o engate é como a condução. Começa-se pelas estradas secundárias, pelos parques de estacionamento, pelo Alentejo. Só depois de feita essa rodagem é que estarão prontos a enfrentar Lisboa.

Enfim, para o melhor ou pior, aqui vai. Caveat lector.

Os dois fundamentos básicos do engate parecem contradizer-se mas na verdade são complementares. Podem ser resumidos em duas máximas. Gravem-nas na mente a fogo e esfreguem com sal:

1. “Nenhum engate é impossível, por mais boa que a gaja seja”.

2. “Nunca nenhum homem em toda a História engatou uma gaja boa”.

Estranho, não é? Calma caralho, o Príapo já explica. Esta merda vai devagarinho. Então é assim. O ponto 1 é bastante óbvio e o motivo por que assim é foi já indiciado numa posta anterior (A Cona Inteligente). Cito directamente desse texto: ‘qualquer gajo seria capaz de comer qualquer gaja se os dois estivessem tempo suficiente numa ilha deserta’. Isto é um facto inegável da natureza humana. É indiferente que a situação da ilha deserta seja um caso extremo. O que importa é que não é absurdo ou impensável. Relembro as subtis palavras de Aristóteles, mestre do engate, na sua Poética, cap. IX, 1451b-53, ‘o que é plausível é possível’. E se é possível num caso, pode ser noutro. Logo, qualquer gaja do mundo é um alvo possível para qualquer gajo. Estão todas a pedi-las e mais nada.

O ponto 2 é absolutamente fundamental para o que se segue. A máxima parece estúpida, eu sei. Afinal, para toda a gaja boa no planeta há algures um gajo que já anda farto de fodê-la (outra máxima importante). O que quero dizer é que nunca ninguém engatou uma gaja que se achasse boa demais para ele, ou melhor que ele. Noutros termos, para se engatar uma gaja, ela tem que deixar de se ver como a gaja boa que é, e tem não só que ficar a pensar que o gajo que está a tentar engatá-la é bem melhor do que ela, mas tem também que ficar grata por ele estar a perder tempo a tentar engatá-la, logo a ela que nem boa é. Quando isto acontecer, ou seja, quando ela não vir mais nada à frente senão vocês e pensar que vocês só a vêem a ela (apesar de indigna da vossa atenção), meus caros, chegaram à ilha deserta.

Daqui, segue-se a terceira máxima: ‘O engate não é mais do que destruição de auto-estima’. A auto-estima da mulher é a muralha da crica. Nunca se esqueçam disto. Enquanto estiver intacta, a cona é inexpugnável (pelo menos se na altura não tiverem convosco clorofórmio e um lencinho de assoar). Mas esperem aí quietinhos, foda-se, não vão já a correr para a rua chamar puta estúpida à primeira boazona que encontrarem na expectativa de que ela se ponha logo ali toda nua a pingar do pito, pronta para a berlaitada. A destruição da auto-estima não pode ser feita pelo gajo. Na subtil arte do engate não há lugar para trolhas. Já nem falo em destruir, bastava que ela desconfiasse que estavam a tentar rebocar-lhe a parede para vos mandar logo montar no caralho e dirigirem-se a Caneças. Não, caríssimos, o que o homem tem de fazer durante o engate é atirar as ferramentas à gaja por cima da muralha e convencê-la a usá-las para partir ela própria a muralha que a protege e encontrar-se com ele, por sua iniciativa, do outro lado. Para foder.

Foi dito acima que a auto-estima é a muralha da crica. Ora, tal como a crica tem uma forma vagamente semelhante a um triângulo, assim também a muralha da auto-estima é triangular. Isto significa que o homem tem três estratégias de ataque possíveis, uma para cada um daqueles pontos da auto-estima da mulher que mais necessitam de ser protegidos e que, por isso mesmo, mais aliciantes são para o entesoado inimigo. Um dos pontos é físico, outro é psicológico, e outro é um misto dos dois. Pondo as coisas em termos claros, referem-se respectivamente à auto-estima da gaja relativa: i) ao seu corpo, ii) à sua inteligência, iii) à sua experiência de vida. Correspondentemente, a tarefa do estratega durante o engate será a de conseguir pôr a mulher a pensar de uma (ou mais) das três seguintes formas: i) sou uma gorda, ii) sou uma burra do caralho, iii) sou uma inocentinha. Estes são os maiores medos da mulher, todos os outros são sub-alíneas. Talvez vos espante o último ponto mas é verdade. A única coisa que chateia uma gaja mais do que ser universalmente considerada uma puta é ser universalmente considerada uma inocente, ou seja, o contrário de puta. É que uma puta ainda pode usar o feminismo como desculpa, uma inocente nem isso. Aliás, em certo sentido, o adjectivo "inocentinha" está para a mulher na cultura feminina como "paneleiro" está para o homem na masculina. E em ambos os casos, só há uma forma de se evitar o estigma social: é foder o sexo oposto até cheirar a alho.

Mas voltando ao assunto, um engate nunca pode ser bem sucedido se a vitória sobre a mulher for o objectivo. Na vitória há um vencedor e um perdedor, e se forem para o engate com essa mentalidade podem crer que vão perder porque vocês vão para a vossa primeira batalha quando a gaja vive em guerra desde que tem tetas. Comecem a martelar nas paredes da muralha e quando derem por vós já ela se barricou no absolutamente indestrutível forte interior do nariz empinado ou conjurou o invencível espectro do namorado invisível, perante o qual não têm quaisquer hipóteses. Portanto, diletantes, não esqueçam ou olvidem jamais: o engate bem sucedido não termina na vitória, mas na trégua.

Esta é a teoria. A prática, como sempre, é bastante mais complicada e exige treino mas em todo o caso deixar-vos-ei umas dicas não despiciendas. Fica para a próxima posta. Para já chega. E, e….

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Importância de ter uns Colhões Grandes

Como estou com um bocado de pressa porque vou ter uma reunião no trabalho, hoje serei breve no que direi. Em todo o caso já liguei para lá a avisar que vou chegar um bocado atrasado porque a mensagem que hoje vos trago é importante e tem que ser dita o quanto antes.

Quero deixar bem claro de uma vez por todas que possuir um enorme saco de colhões a badalar entre as coxas não é bom somente por ser algo francamente bonito de se ver, mas por trazer significativos benefícios de natureza pragmática. Consideremos em primeiro lugar aqueles de nós abençoados com um caralho do tamanho daqueles atiçadores de lareira que aí se vendem. O acto de bater à punheta quando se ostenta um sarrafo destes acarreta sempre uma não despicienda dose de perigo que o comum dos mortais de piça curta desconhece. Por um lado, há o constante risco de lesão muscular por motivo de raramente observarmos a recomendação médica de fazermos um pouco de aquecimento ao braço antes de desatarmos aos golpes de punho em tão comprido pau. Mas para quem como eu não joga ténis este nem é o pior. Para o homem com picha de boi de cobrição existe apenas uma coisa a temer neste mundo, um único terror que o condena a uma vida de masturbação inquieta. Como os leitores de natureza mais caralhuda decerto terão já adivinhado, refiro-me ao medo de romper o freio da gaita, essa finíssima presilha cutânea sem a qual nada há que prenda a pele do mastro à cabeçorra do bicho. O grande problema é que se a frequência hertziana de punhetadas durante a sarapitola for suficientemente elevada para rasgar o freio, só nos apercebemos da merda que fizemos duas ou três bombadas depois, e durante esse breve mas doloroso segundo é como se estivéssemos a bater uma pívea ao Freddy Krueger com uma meia de pele. A partir daí é direitinho para o bloco operatório para costurar o bicho, e como acontece com qualquer remendo, aquilo nunca mais volta a ser o mesmo.

Estou convencido de que o freio da gaita foi a última coisa a surgir na evolução do homem. A natureza andava ocupada a esculpir a anatomia masculina há uns bons milhões de anos, a partir de certa altura inevitavelmente já se estaria um bocado a cagar. É a única maneira de se explicar um tal erro de engenharia. Pondo as coisas em perspectiva, foi estupidez comparável à de se enviar um cavaleiro para a guerra com uma armadura feita do mais resistente aço existente mas cuja integridade estrutural dependesse inteiramente de um pionés na zona do pescoço. O caralho vive num permanente horror de violência, é um facto. Se a natureza tivesse feito as coisas como deve ser, o freio não seria o miserável risquinho de pele que é. Seria mas é uma espécie de calcanhar que na foda pisasse ali a pachacha forte e feio. Se assim fosse, o acto da punheta tornar-se-ia tão simples e seguro que até uma mulher poderia fazê-lo.

É aqui que entra a importância dos colhões grandes. A natureza – vá lá – compensou o perigo do rasgo do freio com o rasgo de genialidade que foi a criação da tomatada. É que se um gajo estiver deitadinho a ver pornografia de qualidade e por excesso de entusiasmo com o argumento do filme se deixar ir ao sabor da mão, batendo e batendo cada vez mais até começar a cheirar a grelhados, antes de atingir aquele momento em que o perigo de esfrangalhar o caralho se torna periclitante estará já a esmurrar tão barbaramente os colhões que não terá escolha senão parar. Problema resolvido. Não é solução perfeita porque não funciona na punheta de pé mas como no duche não há pornografia também não há risco de um gajo perder as estribeiras e esgalhar-se até à morte sem querer.

E não julguem que apenas nós de grande barrote temos vantagem em possuir um escroto que mais parece que acabámos de chegar das compras. Também vocês de insignificante pilinha podem regozijar-se. Meninos, se apesar de pouco abonados possuírem volumosa colhoada, fica aqui uma sugestão para um trabalho manual. Da próxima vez que forem tocar-se, puxem a pele do saco dos tomates para cima e envolvam o vosso pequenino caralhinho nela, como se de genuíno casaco de peles se tratasse. Depois, segurem bem assim e desatem a bater a boa da punhetinha. Verificarão que a acumulação de suor no interior morninho das pregas escrotais produzirá uma sensação não muito dissemelhante à que proporciona uma boa cona. Um dia que experimentem foder hão-de dizer-me se não é verdade. A sério, digam-me. Gostava de saber se isto de fazer amor com a pele dos colhões funciona. Só posso saber se me contarem. Infelizmente, dadas as proporções do meu monstro, se fosse tentar fazê-lo rasgava era o freio do cu.

Bom, já me estão a ligar outra vez, devem estar todos à minha espera para começarem a puta da reunião. Portanto agora se me dão licença, tenho de cumprir o doloroso dever de comunicar ao patronato a súbita morte da minha mãe o mais depressa possível, senão depois estou fodido com o trânsito que vou apanhar para chegar à praia.

sábado, 31 de julho de 2010

Tecnologia...

Parece andar toda a gente convencida de que o progresso tecnológico é muito bom para a Humanidade em geral porque nos permite viver melhor, mais confortavelmente, e por aí fora. Viver melhor? Mais confortavelmente? Permite mas é o caralho. Permite se um gajo for rico. Os pobres bem se fodem. Foi assim a puta da minha vida toda, sempre a puta da mesma merda. Quando apareceram os primeiros computadores portáteis tinha eu acabado de comprar um computador que pouco mais fazia do que somar e mesmo assim tive que passar a dormir num beliche na sala com o meu irmão porque só a caixa do processador ocupava uma assoalhada. Antes disso, na altura em que a classe alta toda já andava a curtir os gráficos dos PC’s, ainda andava eu com a merda do Spectrum e os seus pixeis do tamanho de azulejos, que do momento em que começava a carregar um jogo até dar para jogar dava tempo de fazer a quarta classe. No dia em que cheguei à escola todo contente com o meu novo ábaco já andavam os betinhos todos a apalpar as cobiçadas mamocas em desenvolvimento das pitas a troco de lhes deixarem carregar no botão do tamagotchi que fazia limpar a caquinha. Aliás, quanto e quanto tempo depois da grande explosão das tecnologias de informação, em que produtos electrónicos novos e cada vez mais sofisticados começaram a inundar o mercado, a única coisa digital a que eu tinha acesso continuou a ser a punheta?

Foi sempre a puta da mesma coisa a vida toda, foda-se, sempre dois anos atrás das últimas novidades. E ainda têm a lata de andar a dizer que vivemos todos numa época de grande conforto em comparação com tempos mais remotos. É tudo tanga, não mudou nada. No momento em que o pobre finalmente consegue amealhar dinheiro suficiente para comprar a engenhoca que andou a galar na montra desde que saiu para as lojas a um preço que nem levando no cu de sol a sol durante um ano dava para pagar, já o paneleirão com guita que andou a invejar por tê-la comprado logo que saiu tem uma merda qualquer de fazer pipocas a laser ou o caralho que o foda e volta tudo ao mesmo. Que conforto pode o pobre ter sabendo que tem mais não sei quanto tempo de espera pela frente até poder comprar aquilo também e assim ser feliz? Ainda mais sabendo que nessa altura já será tarde demais porque vai continuar a estar desactualizado, sempre a andar a reboque dos outros, sempre a comer os restos que a malta do papel deita fora. É uma injustiça, caralho, e quem disser o contrário é um filho de quarenta putas.

Menciono isto agora porque ouvi dizer que vão mesmo pôr gajas mecânicas à venda. Vai ser uma revolução na indústria do entretenimento sexual, vai ser uma maravilha, vai haver boazonas para toda a gente, etc., etc. Tudo bem, é verdade. Para quem pode. E o Zé Manel que tem que chegar a casa e foder a mesmo velha bexigosa que anda a comer desde a Guerra Fria, já em nova um estafermo que Deus me livre, porque não tem duzentos mil euros para ir ao IKEA comprar uma puta sueca às peças e esfodaçá-la até lhe rebentarem as soldas? Ah, pois, o Zé Manel que se foda né? Pó caralho, ó brochista de um filha da puta.

Está na altura de se democratizar o acesso às benesses tecnológicas. É para todos ao mesmo tempo ou não é para ninguém, acabou a conversa. Okay, sejamos realistas, admito que os materiais são capazes de ser caros e por isso talvez não seja fácil baixarem o preço das gajas biónicas ao ponto de um trolha poder simplesmente entrar no stand e levar para casa uma loira mamalhuda ciborgue programada para tudo menos dizer ‘não’. Mas epá… já que a tecnologia para isso está disponível, ao menos que deixem um gajo levar a Maria à garagem para recauchutar a pachacha.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Surrealismo da Insónia

Acordei em sobressalto. Gotas de suor circundavam o rolo de papel higiénico que repousava no meu peito nu. Nem dei por adormecer. O filme já tinha acabado, não havia imagem na televisão. Não vi o final. Só percebi que era a história de um humilde pescador português do século XVI que se apaixonava por uma escrava negra. “Um dos mais pungentes contos de amor proibido alguma vez exibidos no pequeno ecrã”, lia-se na parte da frente da capa do DVD, logo abaixo do enorme título enganadoramente promissor, Petinga na Catinga. Nunca me tinha acontecido adormecer a meio de uma punheta. Foda-se, que o filme era mesmo mau… Amanhã vou lá reclamar, já é a segunda vez que os filhos da puta do videoclube me recomendam merda. Primeiro convencem-me a alugar a puta da trilogia toda da Irmandade do Anal e afinal era só não sei quantas horas de anões paneleiros a enrabarem-se uns aos outros no Monsanto. Agora isto. Mais valia ter ido ao álbum das férias de família no Algarve em 92 e bater a sarapitola à pala da minha tia quando era nova. Só evitei recorrer a esse subterfúgio porque me deprime encarar de frente o facto de que muito dificilmente algum dia me será dada a conhecer a sensação de me esporrar à barbaro num cabelo com permanente. Aquilo é que devia ser… Com a meita em cima devia parecer uma nuvem. Mas dizia eu, acordei em sobressalto.

O meu espanto levedou ao aperceber-me de que diante de mim esvoaçava uma gaja alada ligeiramente maior do que a Sininho e um pouco menor do que o Simba. ‘Fada Madrinha, és tu?’, indaguei, esfregando os olhos com os dedos ainda a cheirar a picha. A curiosa criatura deu três piruetas no ar, cagou-me o tapete todo de pó de pirlimpimpim e corrigiu-me: ‘Não, Príapo. Eu sou a tua Madre Fodinha’. A partir daquele momento nunca mais tirei conclusões precipitadas daquela forma, e quedei-me em silêncio para ver o que dizia a invulgar aparição.

‘Corres um grande perigo, Príapo’, sibilou ela, em tom lúgubre. ‘Ignoras que a cona pode ter caspa’. ‘A cona pode ter caspa?’ redargui eu, feito urso. ‘Vês?’ limitou-se a Madre Fodinha a dizer, com um peculiar sorriso gozão no rosto que depressa deu lugar à anterior expressão de ominosa seriedade. ‘Muitos homens pensam que não mas é verdade. É um facto que por vezes a mulher descura a sua higiene íntima, não tomando o obrigatório banho checo no bidé depois da foda, sim, e nesses casos a meita coagulada presa aos cabelos da rata pode adquirir um aspecto semelhante ao da caspa. Porém, quando tal acontece algumas pancadinhas ao de leve são suficientes para que caia tudo. Há é que limpar rapidamente o chão com um pano seco e nunca com uma esfregona, pois em contacto com a água a esporra em pó volta a ser esporra e depois corre-se o risco de no final de uma tarde inteira a limpar a casa olhar-se para trás e ver-se o chão com aspecto de ter acabado de ser palco de uma orgia brasileira. Não, Príapo, falo de genuína seborreia. Muitas vezes, o couro pintelhudo desidratado pode escamar e produzir inestéticos floquinhos de pele de cona que podem causar algum embaraço em situações sociais. Já para não dizer que se torna desconfortável para o cavalheiro voluntarioso durante o minete, não só porque arranha um pouco a língua mas também porque depois dá uma sede do caralho’.

‘Por Júpiter, não fazia ideia’, admiti, tomado de pânico. ‘É horrível, horrível, asseguro-te! Oh, por favor, Madre Fodinha, diz-me tudo o que posso fazer para evitar essa situação’.

‘Não te censuro o desejo de saber, Príapo. Felizmente, tenho exactamente aquilo de que necessitas. Pantene Pro-V para a cona. O complexo multivitaminado clinicamente testado nutre a pele das bordas não apenas à superfície como outros produtos no mercado, mas revitalizando o pintelho dos ovários até às pontas, sempre conservando o seu brilho e volume naturais. Com Pantene Pro-V para a cona, a mulher não terá já que temer deixar o caralho do seu parceiro a parecer uma fartura açucarada depois da foda. E animem-se as senhoras mais sensíveis – a nova forma fórmula hidratante sem álcool não causa lágrimas mesmo que escorra para o cu durante o duche. Mas há mais. Como prémio acrescido para os cavalheiros com propensões mineteiras, Pantene Pro-V oferece uma agradável surpresa ao palato, estando disponível em três sabores – natas, coentro e alho frito em azeite – para que agora antes da trombada possam tornar pelo menos suportável aquele clássico cheiro a bacalhau, temperando-o.

‘Que maravilha, Foda Madrinha!’

‘Deveras, Príapo. E é Madre Fodinha. Mas cuidado, ainda nem todas as senhoras estão sensibilizadas para as maravilhas hidratantes do complexo Pro-V. E por vezes, situações como esta ainda se verificam…’

Nesse preciso momento, a Madre Fodinha desapareceu em mil fagulhas, mais coisa menos coisa, e alguém tocou à campainha. Esfreguei os olhos. ‘Devo estar a ficar mas é maluco com tanta punheta’, pensei. Decidi-me a não pensar mais no assunto, embora algo em mim tenha ficado reticente quanto à existência de um significado profundo subjacente ao sucedido. Ao abrir a porta, vi que era a gaja com quem tinha combinado passar a tarde a foder. Tinha-me esquecido completamente. Para não lhe dar a entender que estava algo atarantado, convidei-a educadamente a entrar, dei-lhe dois beijinhos, atirei-a para o tapete à bruta e saltei-lhe em cima. ‘Que é isto?’, perguntou ela passados momentos, tirando a língua dos meus adenóides e olhando para a mão. Era pó de pirlimpimpim. O tapete estava coberto dele. Um terrível pavor começou a crescer-me no peito ao ponto de rivalizar com a tesão que brotava hostil do meu entrepernas. Não podia esperar mais, tinha de confirmar. Rasguei as cuecas à gaja… e vejo. Tratava-se de uma pintelheira enorme do tamanho de uma salada de bróculos… toda ela repleta de um horror de caspa. O sonho fora real. O grito de terror que se seguiu saiu-me da própria alma em si: ‘Nãããããã…..

….ããããão!’

Acordei em sobressalto outra vez. Gotas de suor circundavam o rolo de papel higiénico que repousava no meu peito nu. Nem dei por adormecer. O filme já tinha acabado, não havia imagem na televisão…

Interrompi o pensamento. Olhei em meu redor. Não, nada de Madre Fodinha. Deixei-me cair para trás no sofá com um longo suspiro. Agora sim, estava acordado. ‘Mas que merda de pesadelo’, pensei, esfregando os olhos. E comecei a rir-me, primeiro nervosamente, depois mais descontraído. ‘Caspa na cona…foda-se’, disse para comigo, quase envergonhado, ainda sem perceber bem de onde teria vindo um estúpido sonho daqueles. ‘Devo mesmo estar a ficar mas é maluco com tanta punheta’. E só para confirmar o regresso à vigília, dei um dos meus magníficos peidos. Inalei profundamente e deixei-me estar ali de olhos fechados a saborear a doce aroma a realidade. ‘Bom, já chega’, disse, momentos depois, ‘…ora vamos lá bater à punheta’.

Nisto, alguém toca à campainha. Levanto-me e vou abrir, sem pensar em mais nada senão em quem seria. Quando abri a porta quase me caíram os colhões ao chão. Era a gaja do sonho com caspa na cona. Tinha mesmo combinado foder com ela hoje. ‘Que tens?’, perguntou ela, sem dúvida estranhando o meu rosto lívido. Mas perguntou só por perguntar, como costumam fazer as gajas, que sabem que quem tem de perguntar coisas dessas somos nós. Fechou a porta atrás do cu balofo e entrou na sala.

Começámos aos meles no sofá mas nem os apertões nas globulosas tetas me desviavam o pensamento do sonho. Pela primeira vez na minha vida, temi descortinar a pachacha. ‘Não, não pode ser!’, disse de mim para mim, quando me acometeu a realidade da situação. O medo da pachacha é indício de paneleirice, e esse era espectro que não poderia admitir no meu lar. Do ‘Ai que medo da pachacha’ ao ‘Ai picha tão bom’ não vai mais do que um saltinho amaricado e riscos desses que os corra quem tem cu outro que não o meu. Enchendo-me de coragem e largando os mamilos da gaja com que procrastinava, rasguei-lhe a cueca sem dó nem piedade e olhei-lhe de frente para a rata que, como Nietzsche havia previsto, me devolveu o olhar. A farta guedelha que ostentava dava-lhe mais aspecto de ratazana do que de rata, por acaso, mas o que interessava é que o meu temor afinal era infundado. O couro pintelhudo apresentava-se lustroso e livre de caspa. Via-se que ela passava loção.

Ri-me de alívio e comecei a foder, conjunção que a gaja achou estranha, até se vir. Foi estupidez ter sequer sentido receio, sim, mas quem no meu lugar não se teria assustado também? Já todos ouvimos falar de sonhos que prenunciam o futuro. Felizmente este não tinha sido prenúncio de nada, tinha sido só anúncio. Mas na altura não tinha como distinguir entre os dois, foda-se.

Seja como for, meus caros, foi a última vez que esgalhei o nabo a ver pornografia em DVD. A partir daí, só computador. Bom, álbum com as fotos da tia também, que verdade seja dita, nunca teve caspa na permanente. E olhem, o que é certo é que nunca mais tive um sonho daqueles. Mas mesmo assim, até ao último dos meus dias neste mundo, sempre que tirar a cueca a alguém, sei que parte de mim… parte de mim há-de temer.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ai o meu Selo


Ora viva, cambada.

Estou aqui neste momento exclusivamente para comunicar os meus agradecimentos à loiríssima directora do blog Também quero um blog pela honra com que me cobriu ao atribuir a este humilde blog o seu primeiro selo. É distinção com que nunca ousei sequer sonhar, mesmo porque quando sonho com a Loira a cobrir-me geralmente não é de honra.

Bom, mas deixando-me de tais prazenteiros devaneios oníricos, Loira… obrigado por teres elevado o nível deste espaço a um patamar do caralho. E como não quero deixar de observar os requisitos que me são exigidos, eis as respostas que dou às questões que colocaste aos premiados:

Se pudessem escolher UM super poder, qual escolhiam?

Sem pensar duas vezes, o poder de disparar desodorizante dos olhos e a posse de uma pistola de raios blazer. Como esta última é um objecto e não stricto sensu um super poder, não é batota.

Usavam-no para quê?

Pergunta antes contra quem. Obviamente, usaria os meus poderes contra toda a abjecta xungaria deste mundo. Perfumando essa malta nojenta com o meu desodorizante ocular e vestindo-os com finíssimos blazers graças aos terríveis raios da minha arma, obrigá-los-ia a andar na rua um pouco mais parecidos com gente ao mesmo tempo que eliminaria aquele tão característico cheiro a estrebaria que emanam do sovaco. Faria isto em luta pelo ideal de todo o homem de bem, que é o de que os nossos filhos possam um dia viver num mundo sem hip-hop, rap, reggae e kizomba.

Acham que davam um melhor super herói ou super vilão?

Ambos. Um herói para aqueles de nós que tomam banho e que não montaram uma discoteca no carro, um vilão para todos os outros.

Dito isto, e para que não digas que sou um ingrato, deixo-te aqui um selo da minha autoria para juntares à tua colecção. Mereceste-o.




E como pelos vistos é tradição nestas coisas fazer-se uma pergunta, faço-te uma que me anda a moer o juízo há já algum tempo:

Se fosses umas cuecas, quem gostarias que te usasse?

Dá que pensar, an?...