sábado, 2 de outubro de 2010

Tempo Livre

Calma lá caralho, não fiquem já aí de pau feito que este ainda não é o meu regresso oficial. Infelizmente, se a enrabadela que o destino me anda a dar nos últimos tempos fosse algo mais do que metafórica o meu cu já teria florido qual gerânio na Primavera. Mas está quase a desentalá-lo, isso é que interessa, e em breve regressarei triunfante. Tomara já, dass...

Entretanto, vi-me de súbito em mãos com um dilema. Ontem a puta da Nossa Senhora Aparecida deve ter-se condoído ao ver a quantidade de trabalho que tenho para despachar e lá conseguiu convencer o Pai do Céu - ainda que sem dúvida somente a poder de bom broche pois sei bem que o Cabrão não pode comigo nem pela lei da cona da tia - a derramar alguma areia extra na ampulheta da minha vida a assim deixar-me com tempo livre suficiente para finalmente poder sentar-me a escrever qualquer coisa com calão pelo meio. Mas a benesse não foi generosa, como seria de esperar a troco de tão frugal suborno. Não fosse a Santa Mãe de Cristo tão zelosa do selo de inviolabilidade da sua imaculada pachacha e em vez do broche que me rendeu uma meia hora livre de certeza que me teria conseguido sacar pelo menos um dia inteiro. Já nem digo que levasse no cu, apesar de uma semaninha de férias até me fazer bem agora. Mas já que o Filho deu a vida por todos nós não lhe custava muito dar o pito por mim. Puta.

Bom, o dilema com que me vi confrontado, então, surgiu quando me vi de repente com algum tempo livre para escrever qualquer coisa mas não tanto que me permitisse fazer a minha rentréé bloguística com a posta que tenho planeada para tal. Ora, como tinha de arranjar qualquer coisa para passar o tempo, lembrei-me que o ideal era mesmo um passatempo. Especificamente, um passatempo online, daqueles em que escrevemos uma frase e nos habilitamos a ganhar uma merda qualquer que não faz falta nenhuma (que é que querem, foda-se, não tinha tempo para mais nada...). Portanto lá pedi ao Google que me encontrasse qualquer coisa desse género e eis que me indicou exactamente o que eu procurava: o passatempo do dia do animal do Jardim Zoológico. Só teria de enviar um texto a especificar qual o meu animal preferido e porquê e imediatamente passaria a integrar o número dos meninos que podiam vir a ganhar um de cinco bilhetes duplos (foda-se, cinco, são pouco forretas são, também). E enfim, lá me habilitei. De qualquer modo já ando há uns tempos com saudades de ir lá mandar umas pedradas à bicharada e ficar a rir-me enquanto espatifam os focinhos nas grades a tentar matar-me. Antigamente ainda tinha pontaria, agora se calhar já não. Pode ser que seja um dos felizes contemplados e descubra.

Fica aqui o pueril texto com que concorri. Depois se ganhar aviso:

"O meu animal preferido é o babuíno porque é um exemplo de preserverança e estoicismo em face da adversidade. Quando falo em face refiro-me, como é óbvio, às bochechas do cu (vulgo "nalgas"), na medida em que o babuíno vive permanentemente com o hemorroidal todo de fora que é uma coisa que só de ver uma pessoa parece que até já fica assada. Espanta-me por vezes de onde lhes vem a força de espírito para andarem sempre a rir. Penso que o babuíno é um exemplo para todos nós, em particular para os velhos que andam sempre a queixar-se aos filhos do quanto sofrem da sua brotoeja na peida que chega a ter jeitos de parecer o engaste no anel de um lelo, e a mandar os netos à farmácia comprar Halibut para lhes besuntarem o rebordo da variz anal devagarinho com o dedo, de preferência o polegar. Os referidos gerontes deviam era pôr os olhos no exemplo deste amistoso primata que mesmo com o cagueiro todo em sangue ainda arranja boa-disposição para comer merda às mão-cheias (e são logo quatro, note-se) e - porque não? - esfodaçar a ocasional fêmea quando ficar só a comer amendoim de turista também já enjoa.

Refira-se que as fêmeas são tanto ou mais dignas dos nossos louvor e inflado encómio do que eles, pois não são de modo algum estranhas à sodomia e aqueles entre nós detentores de pornoteca voluminosa e não despicienda, que se tivessemos ambas as mãos livres não nos coibiriamos de aplaudir ruidosamente o profissionalismo daquelas senhoras que aguentam ali com o talo da couve de um angolano de dois metros todo pela bilha adentro (choramingando mas sempre com aquela nobre altivez dos mártires), tanto mais teremos de tirar o chapéu a estas zoológicas babuínas que não obstante a infecção anal galopante que se lhes alastra até às coxas não se fazem ainda assim rogadas a deixar o macho galopar-lhe sem piedade de ferro entalado no traseiro com aquela pujança de que só as criaturas das planícies africanas são capazes, mesmo sabendo que a generosidade lhes vai atrasar a recuperação da ilharga pelo menos mais duas semanas. Fora isso, também gosto do facto dos babuínos usarem patilhas, ao arrepio da tendência da moda dos últimos quarenta anos, que por algum motivo as votou à foleirice. Demonstra carácter numa época em que a maioria se limita a adequar a sua aparência aos padrões sociais vigentes, que nem macacos de imitação - passe a expressão que deste modo se demonstra ser injusta.

De modos que o babuíno é o meu animal preferido. Agora digam lá que esta merda não merece dois bilhetes.

Príapo"

Nunca se sabe, pode ser que ganhe. Se não ganhar, é uma questão de esperar pela próxima meia hora livre que tenha para voltar a escrever-lhes, desta feita para mandá-los todos chuchar a bisnaga à zebra a ver se a esporra sai às riscas como a pasta de dentes. Depois se por sorte tiver mais tempo até pode ser que pense em qualquer coisa mais elaborada para lhes dizer. Para já, o plano é este.

8 comentários:

  1. Estava disposto a pagar quase tanto quanto o que custa um table dance na Passerelle, só para ver a cara de babuíno com que vai ficar o júri deste concurso!

    PS: Nem quero imaginar, o que seria se o outro Zoológico da cidade, aquele que em vez de jaulas tem hemiciclos se tem metido num passatempo deste género. A sorte do caralho que eles tiveram, foda-se!

    Holmes

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  2. Será de uma tremenda injustiça se a própria justiça não for feita com a atribuição dos respectivos bilhetes ao autor deste grande texto!!!!
    Concordo ainda com o Holmes no que toca à visualização das fronhas do júri!!!!

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  3. Caro pseudo jornalista,

    O mundo gira única e exclusivamente à sua volta?

    Sem mais assunto,

    Zonneschijn

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  4. Ó Príapo, se a memória não me atraiçoa já estás para aí com uns 17 meses de atraso em relação à última promessa de um novo texto.

    Partindo do principio que o teu trabalho (inadiável) não era construir uma arca de Noé com cada uma das espécies de gajas deste planeta, dá-me ideia que já deverias ter acabado, ou não?

    Foda-se, a paciência tem limites caralho. Trataste o priaprismo e viraste um desgraçado com disfunção eréctil, ou quê, caralho?

    Holmes

    PS: Já estou farto de ler o arquivo, Príapo.

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  5. Ora viva.

    Holmes, antes de mais cumpre informar que o priapismo é como a gangrena da coxa: só se cura com amputação e são precisos pelo menos quatro gajos a segurar e um quinto com força de espírito, de coração e de braço para estar uns longos dez minutos a dar ao serrote na casca do madeiro mais cinco só para cortar a veia que lhe irriga a rubicunda carola. Ou em termos mais simples, respondendo à última questão que colocas - não.

    O meu trabalho inadiável já se foi, felizmente, mas o sucesso de que foi coroado acarretou o surgimento de muito trabalho subsequente, o que justifica a ausência prolongada. A tarefa de construir a arca de que falas felizmente não me foi exigida, mesmo porque seria preciso enfiar lá todas as gajas do planeta naquela que designaria de arca de "No'é". Envolveria construir o imponente navio e colocar à sua entrada um indivíduo barbudo incumbido de receber todas as que tendo recebido o email com a pergunta "é gaja ou no'é?" responderam "sim", encaminhando-as depois para jaulas individuais (nunca aos pares, que foi assim que nasceram as fufas) onde seriam então metódica e sucessivamente visitadas pela gangrena na coxa que me aflige desde a tenra idade em que aprendi a usar metáforas.

    Isto para dizer que o meu regresso está para breve. Irei para Inglaterra dentro de uma semana disfarçado de filósofo palestrar entre um bando de pilas moles daquele tipo que só a academia sabe produzir mas voltarei no final do mês. Em Março, como aconteceu nos últimos dois anos, regressarei à escrita, desta feita armado de um arsenal de novas experiências e conhecimentos que farão a totalidade do arquivo de que falas parecer não mais do que um mero preliminar para uma foda com gémeas siamesas em coma. Aguardai.

    Não folgo em saber que estás bem porque o Governo acabou com o feriado mas farei o possível para pelo menos ir para a cama uma hora mais cedo amanhã. Até ao regresso, grande Holmes.

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  6. Aleluia, Príapo. Que grande noticia, foda-se. Fora de brincadeiras cheguei a temer o pior...

    Ora então que acabe rápido o mês de Fevereiro e venha de lá esse grandioso Março.

    Holmes

    PS: Vou só ali dar uma foda, para ter a certeza que não estou a sonhar :-)

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