sábado, 2 de outubro de 2010

Tempo Livre

Calma lá caralho, não fiquem já aí de pau feito que este ainda não é o meu regresso oficial. Infelizmente, se a enrabadela que o destino me anda a dar nos últimos tempos fosse algo mais do que metafórica o meu cu já teria florido qual gerânio na Primavera. Mas está quase a desentalá-lo, isso é que interessa, e em breve regressarei triunfante. Tomara já, dass...

Entretanto, vi-me de súbito em mãos com um dilema. Ontem a puta da Nossa Senhora Aparecida deve ter-se condoído ao ver a quantidade de trabalho que tenho para despachar e lá conseguiu convencer o Pai do Céu - ainda que sem dúvida somente a poder de bom broche pois sei bem que o Cabrão não pode comigo nem pela lei da cona da tia - a derramar alguma areia extra na ampulheta da minha vida a assim deixar-me com tempo livre suficiente para finalmente poder sentar-me a escrever qualquer coisa com calão pelo meio. Mas a benesse não foi generosa, como seria de esperar a troco de tão frugal suborno. Não fosse a Santa Mãe de Cristo tão zelosa do selo de inviolabilidade da sua imaculada pachacha e em vez do broche que me rendeu uma meia hora livre de certeza que me teria conseguido sacar pelo menos um dia inteiro. Já nem digo que levasse no cu, apesar de uma semaninha de férias até me fazer bem agora. Mas já que o Filho deu a vida por todos nós não lhe custava muito dar o pito por mim. Puta.

Bom, o dilema com que me vi confrontado, então, surgiu quando me vi de repente com algum tempo livre para escrever qualquer coisa mas não tanto que me permitisse fazer a minha rentréé bloguística com a posta que tenho planeada para tal. Ora, como tinha de arranjar qualquer coisa para passar o tempo, lembrei-me que o ideal era mesmo um passatempo. Especificamente, um passatempo online, daqueles em que escrevemos uma frase e nos habilitamos a ganhar uma merda qualquer que não faz falta nenhuma (que é que querem, foda-se, não tinha tempo para mais nada...). Portanto lá pedi ao Google que me encontrasse qualquer coisa desse género e eis que me indicou exactamente o que eu procurava: o passatempo do dia do animal do Jardim Zoológico. Só teria de enviar um texto a especificar qual o meu animal preferido e porquê e imediatamente passaria a integrar o número dos meninos que podiam vir a ganhar um de cinco bilhetes duplos (foda-se, cinco, são pouco forretas são, também). E enfim, lá me habilitei. De qualquer modo já ando há uns tempos com saudades de ir lá mandar umas pedradas à bicharada e ficar a rir-me enquanto espatifam os focinhos nas grades a tentar matar-me. Antigamente ainda tinha pontaria, agora se calhar já não. Pode ser que seja um dos felizes contemplados e descubra.

Fica aqui o pueril texto com que concorri. Depois se ganhar aviso:

"O meu animal preferido é o babuíno porque é um exemplo de preserverança e estoicismo em face da adversidade. Quando falo em face refiro-me, como é óbvio, às bochechas do cu (vulgo "nalgas"), na medida em que o babuíno vive permanentemente com o hemorroidal todo de fora que é uma coisa que só de ver uma pessoa parece que até já fica assada. Espanta-me por vezes de onde lhes vem a força de espírito para andarem sempre a rir. Penso que o babuíno é um exemplo para todos nós, em particular para os velhos que andam sempre a queixar-se aos filhos do quanto sofrem da sua brotoeja na peida que chega a ter jeitos de parecer o engaste no anel de um lelo, e a mandar os netos à farmácia comprar Halibut para lhes besuntarem o rebordo da variz anal devagarinho com o dedo, de preferência o polegar. Os referidos gerontes deviam era pôr os olhos no exemplo deste amistoso primata que mesmo com o cagueiro todo em sangue ainda arranja boa-disposição para comer merda às mão-cheias (e são logo quatro, note-se) e - porque não? - esfodaçar a ocasional fêmea quando ficar só a comer amendoim de turista também já enjoa.

Refira-se que as fêmeas são tanto ou mais dignas dos nossos louvor e inflado encómio do que eles, pois não são de modo algum estranhas à sodomia e aqueles entre nós detentores de pornoteca voluminosa e não despicienda, que se tivessemos ambas as mãos livres não nos coibiriamos de aplaudir ruidosamente o profissionalismo daquelas senhoras que aguentam ali com o talo da couve de um angolano de dois metros todo pela bilha adentro (choramingando mas sempre com aquela nobre altivez dos mártires), tanto mais teremos de tirar o chapéu a estas zoológicas babuínas que não obstante a infecção anal galopante que se lhes alastra até às coxas não se fazem ainda assim rogadas a deixar o macho galopar-lhe sem piedade de ferro entalado no traseiro com aquela pujança de que só as criaturas das planícies africanas são capazes, mesmo sabendo que a generosidade lhes vai atrasar a recuperação da ilharga pelo menos mais duas semanas. Fora isso, também gosto do facto dos babuínos usarem patilhas, ao arrepio da tendência da moda dos últimos quarenta anos, que por algum motivo as votou à foleirice. Demonstra carácter numa época em que a maioria se limita a adequar a sua aparência aos padrões sociais vigentes, que nem macacos de imitação - passe a expressão que deste modo se demonstra ser injusta.

De modos que o babuíno é o meu animal preferido. Agora digam lá que esta merda não merece dois bilhetes.

Príapo"

Nunca se sabe, pode ser que ganhe. Se não ganhar, é uma questão de esperar pela próxima meia hora livre que tenha para voltar a escrever-lhes, desta feita para mandá-los todos chuchar a bisnaga à zebra a ver se a esporra sai às riscas como a pasta de dentes. Depois se por sorte tiver mais tempo até pode ser que pense em qualquer coisa mais elaborada para lhes dizer. Para já, o plano é este.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Manual do Engate Filosófico - Capítulo I 1/2

Um blog, como tudo o que na vida vale a pena, é como uma vagina’.

Esta singela afirmação, para mim, exprime uma daquelas poucas verdades que nesta vida plena de incertezas se podem dizer absolutas, e que por isso nunca deixou de estar presente no meu espírito desde que a ouvi pela primeira vez. Seria um erro pensar-se que proponho erguê-la à categoria de axioma baseado em simples intuição apriorística, o que no fundo não passaria de paneleirice pura, no sentido kantiano do termo. Não, o motivo que me leva a colocar esta frase fora do número daquelas coisas de que se pode duvidar racionalmente prende-se à autoridade da fonte citada. Ou seja, eu. A frase é minha, fui eu quem a disse pela primeira vez. E nestas coisas, meus amigos, como aliás em tantas outras, nunca me engano.

Compreendo que o facto de “citar” a frase quando o autor sou eu próprio suscite alguma confusão desse lado mas as circunstâncias extraordinárias em que a proferi obrigam-me a fazê-lo. É que em boa verdade estava ferrado a dormir quando a disse, e como não tenho certeza se seria desonestidade intelectual ou não apropriar-me de uma afirmação que não me lembro de ter afirmado prefiro atribuir o crédito ao sujeito onírico da minha personalidade e não directamente a este bem vivaço que agora escreve estas linhas de modo a evitar correr riscos legais desnecessários. E também porque quem me conhece melhor sabe que na vigília nunca teria recorrido a “vagina” com a abundância de alternativa que para aí anda. Alternativa ao termo, naturalmente, não à vagina em si. Notem que pus aspas. Alternativa à vagina só cu e mesmo assim só se forem vizinhos. Espero que tenha ficado claro por que é que sou tão picuinhas com os sinais gráficos e com a correcção da escrita em geral. Um gajo falha e está fodido, é logo paneleiro. Mas divago. Mudemos de parágrafo que este já chateia.

‘Espera lá’, verberará agora o leitor através de mim, criando um ainda mais obscuro caso de ambiguidade autoral, ‘como é possível que saibas o que disseste enquanto estavas a dormir?’ É uma pergunta legítima embora a resposta me obrigue a encetar um excurso que preferiria evitar. Enfim, que se foda, quem abre aspas abre parêntesis. Seja como for aviso já que a história que se segue não tem moral nenhuma e não acrescentará conhecimento algum a quem a ler. Aliás, quem quiser até pode saltar já para o último parágrafo da postagem, que no fundo resume tudo o que vim aqui para dizer. O resto é uma granda merda.

Para os punheteiros que sobraram, segue-se a explicação das circunstâncias em que proferi a frase de abertura desta postagem, e como vim a saber que a disse.

Não é um relato muito interessante. Aconteceu apenas que na última reunião de condomínio do meu prédio fui confrontado por um bando de vizinhos indignados a queixarem-se de que desde há uns tempos para cá se ouvia alguém na minha casa a berrar aforismos ordinários em terminologia clínica às tantas da manhã, assaz interessantes do ponto de vista filosófico mas que não deixavam dormir em condições quem no dia seguinte tinha de acordar cedo para trabalhar. Achei isto esquisitíssimo, como se pode imaginar, especialmente porque eu que lá morava não me tinha apercebido de nada. Mas a parte mais estranha até nem era essa. Segundo me informaram, o discurso fragmentado em máximas era só parte da história. O mais peculiar era que quando a palestra terminava - o que geralmente acontecia ao fim de meia hora, mais coisa menos coisa -sentia-se uma ligeira vibração nas paredes, ouvia-se uma salva de palmas e só então é que ficava tudo em silêncio. Noite após noite, isto repetia-se. O mistério deixou-me pasmado. Para ganhar algum tempo pus as culpas na administração e desviei o assunto para o casal de ucranianos do 3º esquerdo que não pagava as quotas há não sei quantos meses porque só cá vêm é para chular quem anda todo o dia a vergar a mola para lhes pagar os subsídios, e era mandá-los todos para a terra deles cambada de filhos da puta que não têm outro nome, a eles e à criançada encardida que propagam só para os porem aí a roubar. Quando começou tudo à batatada saí de fininho e fui para casa pensar.

Sabendo de antemão que não seria possível especular inteligentemente no que à parte da vibração e das palmas concernia, escusei-me a abordar esse tópico e fiquei-me pela parte do discurso aforismático. A esse respeito não era difícil chegar a uma conclusão. Uma vez que as pessoas que costumeiramente partilham comigo o quarto a tais horas da noite não possuem inteligência suficiente para produzirem aforismos (regra geral ficam-se pelos ditongos, compensando a pobreza intelectual do discurso no volume, tanto do som como das tetas), fiquei convencido de que tinha o espírito do La Rochefoucauld a assombrar-me a casa. Como tenho visto em filmes da tanga recentes que fantasmas e aparições em geral são susceptíveis de captação por via de toda a espécie de aparelhos de gravação disponíveis em qualquer loja de electrónica, decidi tentar apanhar o cabrão do espectro em flagrante com a minha câmara digital de infravermelhos, utilizada de tempos a tempos na filmagem do programa “Achas que Sabes Foder?”, que me orgulho bastante de produzir e realizar apesar da sua fraca audiência, composta inteiramente por uns amigos meus. Terminada a instalação da câmara num ângulo que abrangia o quarto todo, deitei-me, de barriga para cima, por via das dúvidas, porque com um francês à solta em casa, vivo ou morto, é certo e sabido que se não tomasse precauções mais cedo ou mais tarde ia comer com o croissant na bilha.

Acabei por descobrir que afinal o misterioso orador nocturno era eu próprio. Comprovei-o logo no primeiro vídeo que gravei. De início parecia que não ia acontecer nada. Na televisão via-se apenas o meu quarto com a cor esverdeada típica dos filmes porno filmados às escuras e deitado no leito, ao centro, eu, a ressonar que nem uma besta. Quando estava quase a perder a esperança de descobrir o que quer que fosse deu-se uma inesperada reviravolta na trama: passadas umas duas horas de sono pouco atribulado e de tesão que ia e vinha debaixo dos lençóis (em fast forward dava a curiosa ideia de que o Alien estava a tentar escapar dos meus colhões) dei comigo a erguer-me subitamente da cama toda remelento e despenteado a amarrar o lençol ao pescoço para fazer uma capa, não me perguntem porquê. Isto foi por volta das quatro e meia da matina. Depois, decorridos alguns segundos em que não fiz mais nada senão bambolear o corpo que nem um mongolóide a babar-me todo, abri os braços num gesto de profeta que vai discursar para a multidão e expeli em voz tonitruante as mais espectaculares frases que alguma vez ouvi alguém dizer onde quer que seja, bastante brejeiras no seu conteúdo mas sempre pautadas por um grande pudor vocabular. No final de meia hora disto, alcei da perna, larguei um peido em tom de barítono, bati palmas e depois de desatar o lençol do pescoço voltei a afocinhar na almofada onde fiquei a salivar até de manhã.

Apesar de ter resolvido de uma assentada todos os mistérios forenses deste peculiar caso estaria a mentir se dissesse que não fiquei preocupado. Foda-se, quem não ficaria à rasca tendo descoberto que o seu subconsciente é na verdade uma espécie de cruzamento entre o Confúcio e o Quim Barreiros que aplaude a sua própria flatulência do alto de um púlpito imaginário? Decidi agir. Em dias normais não encontro diferença entre psicanálise e bruxaria mas como isto até tinha todas as marcas da possessão demoníaca lá ganhei coragem para levar o vídeo a um profissional e pedir-lhe uma explicação científica para o caso. Assim foi. Dirigi-me a um consultório da especialidade e expliquei o problema ao charlatão de serviço. Findo o relato, este, sem dizer uma palavra, levantou-se e fez sinal com o dedo para que o seguisse até uma sala ao lado que tinha uma televisão e leitor de DVD. Sentou-se num cadeirão e pediu-me que lhe mostrasse o vídeo. Obedeci. A minha preocupação cresceu ao ver as reacções do homem. Meneava a cabeça, cofiava a barba branca, escrevia no seu caderninho, emitia uns sons guturais indecifráveis, franzia o sobrolho e pediu-me para voltar atrás várias vezes na parte do peido. No final, arrancou a folhinha do caderno em que estivera a escrever desde o início e entregou-ma. Cheguei a pensar que era uma receita mas afinal era o número da empresa de um primo dele em Chelas que se dissesse que vinha da parte do Vítor teria todo o gosto em fazer-me um desconto na insonorização do quarto. Aquele cabrão teve a lata de me dizer que com o subconsciente não se brinca e que se o meu quer falar e peidar-se, é deixá-lo. Em todo o caso, sugeriu que continuássemos as sessões, e que fosse trazendo mais vídeos se os tivesse.

Infelizmente, mesmo depois disto o problema persistiu. Não só os discursos filosóficos nocturnos continuaram como certa manhã, no rescaldo de uma festa de anos em que me entupi de arroz-doce, acordei com um cagalhão nas cuecas, sem dúvida resultado de algum excesso de confiança por parte do meu subconsciente no cumprimento do seu característico ritual de despedida no final das prelecções. Foi quanto bastou para me dar o alento necessário a tentar novamente a minha sorte. Há que dizer que o novo psicanalista a que fui deu muito mais atenção ao meu caso, talvez por ser um pouco belfo e por isso saber bem a crueldade que patologias engraçadas como as nossas suscitam no próximo. O seu diagnóstico preliminar foi que o filtro que impede o subconsciente das pessoas normais de largarem caralhadas em público se encontrava invertido no meu caso, pelo que durante a vigília só digo é merda ao passo que no sono sou extremamente educado, dizendo antes fezes. Garantiu-me que bastariam alguns meses de terapia para que tudo se resolvesse, embora me tenha aconselhado a abandonar de vez o consumo abundante de alimentos com muito açúcar, que manifestamente me davam a volta à tripa. Ironicamente, estas doces palavras foram para mim um alívio. E tenho a certeza de que este indivíduo teria cumprido a sua promessa e me teria curado, não fosse o facto de o meu subconsciente lhe ter ligado às cinco da manhã para informá-lo de que os seus serviços já não seriam necessários, e que se continuasse a meter o bedelho no que não lhe dizia respeito trataria de enfardar um sortido inteiro de doçaria conventual com o expresso propósito de se dirigir ao hospital onde a sua mãe jazia lúcida mas paralisada devido à sua recente trombose e defecar-lhe sem limites para dentro da boca cronicamente aberta com a beiça a dar de esguelha. Depois, estimando as melhoras da senhora e lamentando imenso não lhe ter sido possível ligar a uma hora menos imprópria, desligou. E pronto, a coisa ficou por aí. Não há mais nada a dizer, continuou tudo na mesma com a excepção de que agora ganho uns cobres extra a dar explicações de Filosofia enquanto durmo a sesta aos fins-de-semana. Eu avisei que a história era uma merda.

Mas voltando à citação inicial, que agora parafrasearei com um pouco mais de liberdade, um blog é realmente como uma cona. Segue-se daí que postar é algo como foder. Na maioria das vezes posta-se por postar, superficialmente, como quem fode só porque a punheta às vezes parece que já aborrece. Noutras ocasiões, a extrema profundidade da posta em causa exige mais tempo de preparação, preliminares mais extensos, por assim dizer, para que a ideia não arranhe muito a entrar, tanto a quem escreve como a quem lê. Em casos que tais não se pode postar com brutidade. Há que arregaçar as mangas e deitar dedos e mãos à obra com disposição para perder tempo, até mesmo horas, se for preciso, só a preparar o caminho para o que virá a seguir, como quem estimula com afecto uma pachacha já entradota nos seus quarentas e por isso menos fácil de deixar pingona – embora seja de referir que neste último ponto a analogia não funciona tão bem porque “perder horas” a escrever num blog, ao contrário da situação do outro lado da metáfora, não se reifica tão facilmente na perda efectiva do relógio.

Serviu assim esta posta para lubrificar o blog e acautelar o leitor que voltará a estas paragens com o intuito de ler a segunda parte do manual do engate filosófico, a publicar para a semana. Será fodido e exigirá perseverança intelectual mas a recompensa será garantidamente rapadinha ou peluda, consoante o gosto individual. Talvez tenham ficado fodidos com esta prolixa falsa partida mas, Oh!, feliz daquele que está desse lado e que é avisado das dificuldades que o esperam... Não sabe a sorte que tem. Eu, desditoso que sou, desconhecendo o efeito que a fatia de bolo de mel que comi hoje ao almoço terá no meu organismo, terei que dormir com o cu embrulhado em celofane.

Ao leitor que tenha seguido o conselho que lhe dei no início e assim saltou logo aqui para o último parágrafo, desejo mandá-lo do fundo do coração para esse crustáceo que é a cona da sua mãe, pois vá-se foder, não vim aqui escrever para o boneco.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Manual do Engate Filosófico - Capítulo I

Pois é, seus cabrões, vocês obrigam-me a caminhar no fio da navalha. Depois se escorregar uma perna para cada lado quero ver quem é que me vai pagar o remendo da costura dos tomates.

Ontem – como, de resto, acontece praticamente todas as semanas – um gajo que conheço veio ter comigo e fez-me outra vez a pergunta com que me estão constantemente a massacrar-me os cornos: ‘Ó Príapo, como é que fazes para foder tanta gaja?’. Geralmente nestas situações procuro manter a calma e opto por seguir o trilho mais elevado, citando Camões na sua Ode Ornitológica, escrita no cárcere e dedicada a um companheiro de cela que lhe estava sempre a torcer os mamilos no refeitório e a foder-lhe o buraco do olho vazado durante a noite: ‘Piu Piu Piu / Vai pá puta que te pariu’. Mas perante a patética insistência deste incómodo rapazola, e incapaz de ignorar o pungente espectáculo das suas lentes bifocais embaciadas e olhos rasos de lágrimas, indicadores seguros daquela aguda nostalgia da cona que fervilha no baixo-ventre de quem dela só sabe o que ouviu contar em histórias, não pude evitar um certo aperto na zona da garganta, fruto da comoção que crescia em mim. Acabei por ter que lhe largar o pescoço porque o gajo começou a ficar lilás, mas apesar de ter conseguido calar-lhe a puta da boca, as cordas tangidas da lira da minha alma continuaram a vibrar, de tal modo que hoje vinha para aqui especificamente com o intuito de escrever sobre a descoloração do ânus, prática muito em voga entre a mulherada, e não fui capaz. O resultado foi esta posta que agora aqui se vê.

Com muita relutância, portanto, decidi correr o risco de levantar um pouco do velvetiano véu que cobre a técnica filosófica do engate e difundi-la entre a maralha que sabe tanto de gajas como eu sei de arbitragem de baseball e depois ainda se admira de acabar sempre as noites a onanar-se todo para a revista Maria com a Ana Malhoa na capa. Hesito em fazê-lo apenas porque temo que depois de lerem isto andem para aí feitos atrasados mentais a tentar aplicar a técnica a gajas de topo (como se fosse assim tão simples) e fodam o esquema todo àqueles de nós que mesmo sabendo o que fazem já não se safam porque o cabrão do amador já lá foi estragar tudo. Não, meus caros, o engate é como a condução. Começa-se pelas estradas secundárias, pelos parques de estacionamento, pelo Alentejo. Só depois de feita essa rodagem é que estarão prontos a enfrentar Lisboa.

Enfim, para o melhor ou pior, aqui vai. Caveat lector.

Os dois fundamentos básicos do engate parecem contradizer-se mas na verdade são complementares. Podem ser resumidos em duas máximas. Gravem-nas na mente a fogo e esfreguem com sal:

1. “Nenhum engate é impossível, por mais boa que a gaja seja”.

2. “Nunca nenhum homem em toda a História engatou uma gaja boa”.

Estranho, não é? Calma caralho, o Príapo já explica. Esta merda vai devagarinho. Então é assim. O ponto 1 é bastante óbvio e o motivo por que assim é foi já indiciado numa posta anterior (A Cona Inteligente). Cito directamente desse texto: ‘qualquer gajo seria capaz de comer qualquer gaja se os dois estivessem tempo suficiente numa ilha deserta’. Isto é um facto inegável da natureza humana. É indiferente que a situação da ilha deserta seja um caso extremo. O que importa é que não é absurdo ou impensável. Relembro as subtis palavras de Aristóteles, mestre do engate, na sua Poética, cap. IX, 1451b-53, ‘o que é plausível é possível’. E se é possível num caso, pode ser noutro. Logo, qualquer gaja do mundo é um alvo possível para qualquer gajo. Estão todas a pedi-las e mais nada.

O ponto 2 é absolutamente fundamental para o que se segue. A máxima parece estúpida, eu sei. Afinal, para toda a gaja boa no planeta há algures um gajo que já anda farto de fodê-la (outra máxima importante). O que quero dizer é que nunca ninguém engatou uma gaja que se achasse boa demais para ele, ou melhor que ele. Noutros termos, para se engatar uma gaja, ela tem que deixar de se ver como a gaja boa que é, e tem não só que ficar a pensar que o gajo que está a tentar engatá-la é bem melhor do que ela, mas tem também que ficar grata por ele estar a perder tempo a tentar engatá-la, logo a ela que nem boa é. Quando isto acontecer, ou seja, quando ela não vir mais nada à frente senão vocês e pensar que vocês só a vêem a ela (apesar de indigna da vossa atenção), meus caros, chegaram à ilha deserta.

Daqui, segue-se a terceira máxima: ‘O engate não é mais do que destruição de auto-estima’. A auto-estima da mulher é a muralha da crica. Nunca se esqueçam disto. Enquanto estiver intacta, a cona é inexpugnável (pelo menos se na altura não tiverem convosco clorofórmio e um lencinho de assoar). Mas esperem aí quietinhos, foda-se, não vão já a correr para a rua chamar puta estúpida à primeira boazona que encontrarem na expectativa de que ela se ponha logo ali toda nua a pingar do pito, pronta para a berlaitada. A destruição da auto-estima não pode ser feita pelo gajo. Na subtil arte do engate não há lugar para trolhas. Já nem falo em destruir, bastava que ela desconfiasse que estavam a tentar rebocar-lhe a parede para vos mandar logo montar no caralho e dirigirem-se a Caneças. Não, caríssimos, o que o homem tem de fazer durante o engate é atirar as ferramentas à gaja por cima da muralha e convencê-la a usá-las para partir ela própria a muralha que a protege e encontrar-se com ele, por sua iniciativa, do outro lado. Para foder.

Foi dito acima que a auto-estima é a muralha da crica. Ora, tal como a crica tem uma forma vagamente semelhante a um triângulo, assim também a muralha da auto-estima é triangular. Isto significa que o homem tem três estratégias de ataque possíveis, uma para cada um daqueles pontos da auto-estima da mulher que mais necessitam de ser protegidos e que, por isso mesmo, mais aliciantes são para o entesoado inimigo. Um dos pontos é físico, outro é psicológico, e outro é um misto dos dois. Pondo as coisas em termos claros, referem-se respectivamente à auto-estima da gaja relativa: i) ao seu corpo, ii) à sua inteligência, iii) à sua experiência de vida. Correspondentemente, a tarefa do estratega durante o engate será a de conseguir pôr a mulher a pensar de uma (ou mais) das três seguintes formas: i) sou uma gorda, ii) sou uma burra do caralho, iii) sou uma inocentinha. Estes são os maiores medos da mulher, todos os outros são sub-alíneas. Talvez vos espante o último ponto mas é verdade. A única coisa que chateia uma gaja mais do que ser universalmente considerada uma puta é ser universalmente considerada uma inocente, ou seja, o contrário de puta. É que uma puta ainda pode usar o feminismo como desculpa, uma inocente nem isso. Aliás, em certo sentido, o adjectivo "inocentinha" está para a mulher na cultura feminina como "paneleiro" está para o homem na masculina. E em ambos os casos, só há uma forma de se evitar o estigma social: é foder o sexo oposto até cheirar a alho.

Mas voltando ao assunto, um engate nunca pode ser bem sucedido se a vitória sobre a mulher for o objectivo. Na vitória há um vencedor e um perdedor, e se forem para o engate com essa mentalidade podem crer que vão perder porque vocês vão para a vossa primeira batalha quando a gaja vive em guerra desde que tem tetas. Comecem a martelar nas paredes da muralha e quando derem por vós já ela se barricou no absolutamente indestrutível forte interior do nariz empinado ou conjurou o invencível espectro do namorado invisível, perante o qual não têm quaisquer hipóteses. Portanto, diletantes, não esqueçam ou olvidem jamais: o engate bem sucedido não termina na vitória, mas na trégua.

Esta é a teoria. A prática, como sempre, é bastante mais complicada e exige treino mas em todo o caso deixar-vos-ei umas dicas não despiciendas. Fica para a próxima posta. Para já chega. E, e….

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Importância de ter uns Colhões Grandes

Como estou com um bocado de pressa porque vou ter uma reunião no trabalho, hoje serei breve no que direi. Em todo o caso já liguei para lá a avisar que vou chegar um bocado atrasado porque a mensagem que hoje vos trago é importante e tem que ser dita o quanto antes.

Quero deixar bem claro de uma vez por todas que possuir um enorme saco de colhões a badalar entre as coxas não é bom somente por ser algo francamente bonito de se ver, mas por trazer significativos benefícios de natureza pragmática. Consideremos em primeiro lugar aqueles de nós abençoados com um caralho do tamanho daqueles atiçadores de lareira que aí se vendem. O acto de bater à punheta quando se ostenta um sarrafo destes acarreta sempre uma não despicienda dose de perigo que o comum dos mortais de piça curta desconhece. Por um lado, há o constante risco de lesão muscular por motivo de raramente observarmos a recomendação médica de fazermos um pouco de aquecimento ao braço antes de desatarmos aos golpes de punho em tão comprido pau. Mas para quem como eu não joga ténis este nem é o pior. Para o homem com picha de boi de cobrição existe apenas uma coisa a temer neste mundo, um único terror que o condena a uma vida de masturbação inquieta. Como os leitores de natureza mais caralhuda decerto terão já adivinhado, refiro-me ao medo de romper o freio da gaita, essa finíssima presilha cutânea sem a qual nada há que prenda a pele do mastro à cabeçorra do bicho. O grande problema é que se a frequência hertziana de punhetadas durante a sarapitola for suficientemente elevada para rasgar o freio, só nos apercebemos da merda que fizemos duas ou três bombadas depois, e durante esse breve mas doloroso segundo é como se estivéssemos a bater uma pívea ao Freddy Krueger com uma meia de pele. A partir daí é direitinho para o bloco operatório para costurar o bicho, e como acontece com qualquer remendo, aquilo nunca mais volta a ser o mesmo.

Estou convencido de que o freio da gaita foi a última coisa a surgir na evolução do homem. A natureza andava ocupada a esculpir a anatomia masculina há uns bons milhões de anos, a partir de certa altura inevitavelmente já se estaria um bocado a cagar. É a única maneira de se explicar um tal erro de engenharia. Pondo as coisas em perspectiva, foi estupidez comparável à de se enviar um cavaleiro para a guerra com uma armadura feita do mais resistente aço existente mas cuja integridade estrutural dependesse inteiramente de um pionés na zona do pescoço. O caralho vive num permanente horror de violência, é um facto. Se a natureza tivesse feito as coisas como deve ser, o freio não seria o miserável risquinho de pele que é. Seria mas é uma espécie de calcanhar que na foda pisasse ali a pachacha forte e feio. Se assim fosse, o acto da punheta tornar-se-ia tão simples e seguro que até uma mulher poderia fazê-lo.

É aqui que entra a importância dos colhões grandes. A natureza – vá lá – compensou o perigo do rasgo do freio com o rasgo de genialidade que foi a criação da tomatada. É que se um gajo estiver deitadinho a ver pornografia de qualidade e por excesso de entusiasmo com o argumento do filme se deixar ir ao sabor da mão, batendo e batendo cada vez mais até começar a cheirar a grelhados, antes de atingir aquele momento em que o perigo de esfrangalhar o caralho se torna periclitante estará já a esmurrar tão barbaramente os colhões que não terá escolha senão parar. Problema resolvido. Não é solução perfeita porque não funciona na punheta de pé mas como no duche não há pornografia também não há risco de um gajo perder as estribeiras e esgalhar-se até à morte sem querer.

E não julguem que apenas nós de grande barrote temos vantagem em possuir um escroto que mais parece que acabámos de chegar das compras. Também vocês de insignificante pilinha podem regozijar-se. Meninos, se apesar de pouco abonados possuírem volumosa colhoada, fica aqui uma sugestão para um trabalho manual. Da próxima vez que forem tocar-se, puxem a pele do saco dos tomates para cima e envolvam o vosso pequenino caralhinho nela, como se de genuíno casaco de peles se tratasse. Depois, segurem bem assim e desatem a bater a boa da punhetinha. Verificarão que a acumulação de suor no interior morninho das pregas escrotais produzirá uma sensação não muito dissemelhante à que proporciona uma boa cona. Um dia que experimentem foder hão-de dizer-me se não é verdade. A sério, digam-me. Gostava de saber se isto de fazer amor com a pele dos colhões funciona. Só posso saber se me contarem. Infelizmente, dadas as proporções do meu monstro, se fosse tentar fazê-lo rasgava era o freio do cu.

Bom, já me estão a ligar outra vez, devem estar todos à minha espera para começarem a puta da reunião. Portanto agora se me dão licença, tenho de cumprir o doloroso dever de comunicar ao patronato a súbita morte da minha mãe o mais depressa possível, senão depois estou fodido com o trânsito que vou apanhar para chegar à praia.

sábado, 31 de julho de 2010

Tecnologia...

Parece andar toda a gente convencida de que o progresso tecnológico é muito bom para a Humanidade em geral porque nos permite viver melhor, mais confortavelmente, e por aí fora. Viver melhor? Mais confortavelmente? Permite mas é o caralho. Permite se um gajo for rico. Os pobres bem se fodem. Foi assim a puta da minha vida toda, sempre a puta da mesma merda. Quando apareceram os primeiros computadores portáteis tinha eu acabado de comprar um computador que pouco mais fazia do que somar e mesmo assim tive que passar a dormir num beliche na sala com o meu irmão porque só a caixa do processador ocupava uma assoalhada. Antes disso, na altura em que a classe alta toda já andava a curtir os gráficos dos PC’s, ainda andava eu com a merda do Spectrum e os seus pixeis do tamanho de azulejos, que do momento em que começava a carregar um jogo até dar para jogar dava tempo de fazer a quarta classe. No dia em que cheguei à escola todo contente com o meu novo ábaco já andavam os betinhos todos a apalpar as cobiçadas mamocas em desenvolvimento das pitas a troco de lhes deixarem carregar no botão do tamagotchi que fazia limpar a caquinha. Aliás, quanto e quanto tempo depois da grande explosão das tecnologias de informação, em que produtos electrónicos novos e cada vez mais sofisticados começaram a inundar o mercado, a única coisa digital a que eu tinha acesso continuou a ser a punheta?

Foi sempre a puta da mesma coisa a vida toda, foda-se, sempre dois anos atrás das últimas novidades. E ainda têm a lata de andar a dizer que vivemos todos numa época de grande conforto em comparação com tempos mais remotos. É tudo tanga, não mudou nada. No momento em que o pobre finalmente consegue amealhar dinheiro suficiente para comprar a engenhoca que andou a galar na montra desde que saiu para as lojas a um preço que nem levando no cu de sol a sol durante um ano dava para pagar, já o paneleirão com guita que andou a invejar por tê-la comprado logo que saiu tem uma merda qualquer de fazer pipocas a laser ou o caralho que o foda e volta tudo ao mesmo. Que conforto pode o pobre ter sabendo que tem mais não sei quanto tempo de espera pela frente até poder comprar aquilo também e assim ser feliz? Ainda mais sabendo que nessa altura já será tarde demais porque vai continuar a estar desactualizado, sempre a andar a reboque dos outros, sempre a comer os restos que a malta do papel deita fora. É uma injustiça, caralho, e quem disser o contrário é um filho de quarenta putas.

Menciono isto agora porque ouvi dizer que vão mesmo pôr gajas mecânicas à venda. Vai ser uma revolução na indústria do entretenimento sexual, vai ser uma maravilha, vai haver boazonas para toda a gente, etc., etc. Tudo bem, é verdade. Para quem pode. E o Zé Manel que tem que chegar a casa e foder a mesmo velha bexigosa que anda a comer desde a Guerra Fria, já em nova um estafermo que Deus me livre, porque não tem duzentos mil euros para ir ao IKEA comprar uma puta sueca às peças e esfodaçá-la até lhe rebentarem as soldas? Ah, pois, o Zé Manel que se foda né? Pó caralho, ó brochista de um filha da puta.

Está na altura de se democratizar o acesso às benesses tecnológicas. É para todos ao mesmo tempo ou não é para ninguém, acabou a conversa. Okay, sejamos realistas, admito que os materiais são capazes de ser caros e por isso talvez não seja fácil baixarem o preço das gajas biónicas ao ponto de um trolha poder simplesmente entrar no stand e levar para casa uma loira mamalhuda ciborgue programada para tudo menos dizer ‘não’. Mas epá… já que a tecnologia para isso está disponível, ao menos que deixem um gajo levar a Maria à garagem para recauchutar a pachacha.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Surrealismo da Insónia

Acordei em sobressalto. Gotas de suor circundavam o rolo de papel higiénico que repousava no meu peito nu. Nem dei por adormecer. O filme já tinha acabado, não havia imagem na televisão. Não vi o final. Só percebi que era a história de um humilde pescador português do século XVI que se apaixonava por uma escrava negra. “Um dos mais pungentes contos de amor proibido alguma vez exibidos no pequeno ecrã”, lia-se na parte da frente da capa do DVD, logo abaixo do enorme título enganadoramente promissor, Petinga na Catinga. Nunca me tinha acontecido adormecer a meio de uma punheta. Foda-se, que o filme era mesmo mau… Amanhã vou lá reclamar, já é a segunda vez que os filhos da puta do videoclube me recomendam merda. Primeiro convencem-me a alugar a puta da trilogia toda da Irmandade do Anal e afinal era só não sei quantas horas de anões paneleiros a enrabarem-se uns aos outros no Monsanto. Agora isto. Mais valia ter ido ao álbum das férias de família no Algarve em 92 e bater a sarapitola à pala da minha tia quando era nova. Só evitei recorrer a esse subterfúgio porque me deprime encarar de frente o facto de que muito dificilmente algum dia me será dada a conhecer a sensação de me esporrar à barbaro num cabelo com permanente. Aquilo é que devia ser… Com a meita em cima devia parecer uma nuvem. Mas dizia eu, acordei em sobressalto.

O meu espanto levedou ao aperceber-me de que diante de mim esvoaçava uma gaja alada ligeiramente maior do que a Sininho e um pouco menor do que o Simba. ‘Fada Madrinha, és tu?’, indaguei, esfregando os olhos com os dedos ainda a cheirar a picha. A curiosa criatura deu três piruetas no ar, cagou-me o tapete todo de pó de pirlimpimpim e corrigiu-me: ‘Não, Príapo. Eu sou a tua Madre Fodinha’. A partir daquele momento nunca mais tirei conclusões precipitadas daquela forma, e quedei-me em silêncio para ver o que dizia a invulgar aparição.

‘Corres um grande perigo, Príapo’, sibilou ela, em tom lúgubre. ‘Ignoras que a cona pode ter caspa’. ‘A cona pode ter caspa?’ redargui eu, feito urso. ‘Vês?’ limitou-se a Madre Fodinha a dizer, com um peculiar sorriso gozão no rosto que depressa deu lugar à anterior expressão de ominosa seriedade. ‘Muitos homens pensam que não mas é verdade. É um facto que por vezes a mulher descura a sua higiene íntima, não tomando o obrigatório banho checo no bidé depois da foda, sim, e nesses casos a meita coagulada presa aos cabelos da rata pode adquirir um aspecto semelhante ao da caspa. Porém, quando tal acontece algumas pancadinhas ao de leve são suficientes para que caia tudo. Há é que limpar rapidamente o chão com um pano seco e nunca com uma esfregona, pois em contacto com a água a esporra em pó volta a ser esporra e depois corre-se o risco de no final de uma tarde inteira a limpar a casa olhar-se para trás e ver-se o chão com aspecto de ter acabado de ser palco de uma orgia brasileira. Não, Príapo, falo de genuína seborreia. Muitas vezes, o couro pintelhudo desidratado pode escamar e produzir inestéticos floquinhos de pele de cona que podem causar algum embaraço em situações sociais. Já para não dizer que se torna desconfortável para o cavalheiro voluntarioso durante o minete, não só porque arranha um pouco a língua mas também porque depois dá uma sede do caralho’.

‘Por Júpiter, não fazia ideia’, admiti, tomado de pânico. ‘É horrível, horrível, asseguro-te! Oh, por favor, Madre Fodinha, diz-me tudo o que posso fazer para evitar essa situação’.

‘Não te censuro o desejo de saber, Príapo. Felizmente, tenho exactamente aquilo de que necessitas. Pantene Pro-V para a cona. O complexo multivitaminado clinicamente testado nutre a pele das bordas não apenas à superfície como outros produtos no mercado, mas revitalizando o pintelho dos ovários até às pontas, sempre conservando o seu brilho e volume naturais. Com Pantene Pro-V para a cona, a mulher não terá já que temer deixar o caralho do seu parceiro a parecer uma fartura açucarada depois da foda. E animem-se as senhoras mais sensíveis – a nova forma fórmula hidratante sem álcool não causa lágrimas mesmo que escorra para o cu durante o duche. Mas há mais. Como prémio acrescido para os cavalheiros com propensões mineteiras, Pantene Pro-V oferece uma agradável surpresa ao palato, estando disponível em três sabores – natas, coentro e alho frito em azeite – para que agora antes da trombada possam tornar pelo menos suportável aquele clássico cheiro a bacalhau, temperando-o.

‘Que maravilha, Foda Madrinha!’

‘Deveras, Príapo. E é Madre Fodinha. Mas cuidado, ainda nem todas as senhoras estão sensibilizadas para as maravilhas hidratantes do complexo Pro-V. E por vezes, situações como esta ainda se verificam…’

Nesse preciso momento, a Madre Fodinha desapareceu em mil fagulhas, mais coisa menos coisa, e alguém tocou à campainha. Esfreguei os olhos. ‘Devo estar a ficar mas é maluco com tanta punheta’, pensei. Decidi-me a não pensar mais no assunto, embora algo em mim tenha ficado reticente quanto à existência de um significado profundo subjacente ao sucedido. Ao abrir a porta, vi que era a gaja com quem tinha combinado passar a tarde a foder. Tinha-me esquecido completamente. Para não lhe dar a entender que estava algo atarantado, convidei-a educadamente a entrar, dei-lhe dois beijinhos, atirei-a para o tapete à bruta e saltei-lhe em cima. ‘Que é isto?’, perguntou ela passados momentos, tirando a língua dos meus adenóides e olhando para a mão. Era pó de pirlimpimpim. O tapete estava coberto dele. Um terrível pavor começou a crescer-me no peito ao ponto de rivalizar com a tesão que brotava hostil do meu entrepernas. Não podia esperar mais, tinha de confirmar. Rasguei as cuecas à gaja… e vejo. Tratava-se de uma pintelheira enorme do tamanho de uma salada de bróculos… toda ela repleta de um horror de caspa. O sonho fora real. O grito de terror que se seguiu saiu-me da própria alma em si: ‘Nãããããã…..

….ããããão!’

Acordei em sobressalto outra vez. Gotas de suor circundavam o rolo de papel higiénico que repousava no meu peito nu. Nem dei por adormecer. O filme já tinha acabado, não havia imagem na televisão…

Interrompi o pensamento. Olhei em meu redor. Não, nada de Madre Fodinha. Deixei-me cair para trás no sofá com um longo suspiro. Agora sim, estava acordado. ‘Mas que merda de pesadelo’, pensei, esfregando os olhos. E comecei a rir-me, primeiro nervosamente, depois mais descontraído. ‘Caspa na cona…foda-se’, disse para comigo, quase envergonhado, ainda sem perceber bem de onde teria vindo um estúpido sonho daqueles. ‘Devo mesmo estar a ficar mas é maluco com tanta punheta’. E só para confirmar o regresso à vigília, dei um dos meus magníficos peidos. Inalei profundamente e deixei-me estar ali de olhos fechados a saborear a doce aroma a realidade. ‘Bom, já chega’, disse, momentos depois, ‘…ora vamos lá bater à punheta’.

Nisto, alguém toca à campainha. Levanto-me e vou abrir, sem pensar em mais nada senão em quem seria. Quando abri a porta quase me caíram os colhões ao chão. Era a gaja do sonho com caspa na cona. Tinha mesmo combinado foder com ela hoje. ‘Que tens?’, perguntou ela, sem dúvida estranhando o meu rosto lívido. Mas perguntou só por perguntar, como costumam fazer as gajas, que sabem que quem tem de perguntar coisas dessas somos nós. Fechou a porta atrás do cu balofo e entrou na sala.

Começámos aos meles no sofá mas nem os apertões nas globulosas tetas me desviavam o pensamento do sonho. Pela primeira vez na minha vida, temi descortinar a pachacha. ‘Não, não pode ser!’, disse de mim para mim, quando me acometeu a realidade da situação. O medo da pachacha é indício de paneleirice, e esse era espectro que não poderia admitir no meu lar. Do ‘Ai que medo da pachacha’ ao ‘Ai picha tão bom’ não vai mais do que um saltinho amaricado e riscos desses que os corra quem tem cu outro que não o meu. Enchendo-me de coragem e largando os mamilos da gaja com que procrastinava, rasguei-lhe a cueca sem dó nem piedade e olhei-lhe de frente para a rata que, como Nietzsche havia previsto, me devolveu o olhar. A farta guedelha que ostentava dava-lhe mais aspecto de ratazana do que de rata, por acaso, mas o que interessava é que o meu temor afinal era infundado. O couro pintelhudo apresentava-se lustroso e livre de caspa. Via-se que ela passava loção.

Ri-me de alívio e comecei a foder, conjunção que a gaja achou estranha, até se vir. Foi estupidez ter sequer sentido receio, sim, mas quem no meu lugar não se teria assustado também? Já todos ouvimos falar de sonhos que prenunciam o futuro. Felizmente este não tinha sido prenúncio de nada, tinha sido só anúncio. Mas na altura não tinha como distinguir entre os dois, foda-se.

Seja como for, meus caros, foi a última vez que esgalhei o nabo a ver pornografia em DVD. A partir daí, só computador. Bom, álbum com as fotos da tia também, que verdade seja dita, nunca teve caspa na permanente. E olhem, o que é certo é que nunca mais tive um sonho daqueles. Mas mesmo assim, até ao último dos meus dias neste mundo, sempre que tirar a cueca a alguém, sei que parte de mim… parte de mim há-de temer.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ai o meu Selo


Ora viva, cambada.

Estou aqui neste momento exclusivamente para comunicar os meus agradecimentos à loiríssima directora do blog Também quero um blog pela honra com que me cobriu ao atribuir a este humilde blog o seu primeiro selo. É distinção com que nunca ousei sequer sonhar, mesmo porque quando sonho com a Loira a cobrir-me geralmente não é de honra.

Bom, mas deixando-me de tais prazenteiros devaneios oníricos, Loira… obrigado por teres elevado o nível deste espaço a um patamar do caralho. E como não quero deixar de observar os requisitos que me são exigidos, eis as respostas que dou às questões que colocaste aos premiados:

Se pudessem escolher UM super poder, qual escolhiam?

Sem pensar duas vezes, o poder de disparar desodorizante dos olhos e a posse de uma pistola de raios blazer. Como esta última é um objecto e não stricto sensu um super poder, não é batota.

Usavam-no para quê?

Pergunta antes contra quem. Obviamente, usaria os meus poderes contra toda a abjecta xungaria deste mundo. Perfumando essa malta nojenta com o meu desodorizante ocular e vestindo-os com finíssimos blazers graças aos terríveis raios da minha arma, obrigá-los-ia a andar na rua um pouco mais parecidos com gente ao mesmo tempo que eliminaria aquele tão característico cheiro a estrebaria que emanam do sovaco. Faria isto em luta pelo ideal de todo o homem de bem, que é o de que os nossos filhos possam um dia viver num mundo sem hip-hop, rap, reggae e kizomba.

Acham que davam um melhor super herói ou super vilão?

Ambos. Um herói para aqueles de nós que tomam banho e que não montaram uma discoteca no carro, um vilão para todos os outros.

Dito isto, e para que não digas que sou um ingrato, deixo-te aqui um selo da minha autoria para juntares à tua colecção. Mereceste-o.




E como pelos vistos é tradição nestas coisas fazer-se uma pergunta, faço-te uma que me anda a moer o juízo há já algum tempo:

Se fosses umas cuecas, quem gostarias que te usasse?

Dá que pensar, an?...

O Príapo Aconselha...

Amigos,

Nos tempos de crise em que vivemos é da maior importância que saibamos como e onde cortar na despesa mensal de modo a conservarmos uma certa saúde financeira enquanto o próximo ordenado não cai na conta. Bem ciente das dificuldades que se vivem nestes dias de provação e de privação, estou aqui hoje para vos dar alguns conselhos simples que se aplicados com diligência assegurarão garantidamente a poupança de alguns trocos que parecendo que não podem fazer uma grande diferença naqueles momentos em que o fim do mês tremeluz indistintamente no horizonte como uma miragem no deserto.

Felizmente, a minha tarefa encontra-se facilitada pelo facto da totalidade das preocupações financeiras do homem moderno de classe média poder ser resumida numa única questão: “como poderei garantir foda frequente ao longo do mês sem ir à falência antes do dia quinze?” Este é um dilema tão complexo quanto antigo. Todos sabemos bem demais que gaja nenhuma diz que não a um jantar à borla. Isto torna-se um problema porque todas elas sabem que homem nenhum digno desse nome diz que não a cona aberta e, logo, não têm pudor algum em abaná-la como um isco no anzol, de tal modo que o homem, seguindo cegamente o doce aroma do apetitoso engodo, quase flutuando atrás dele como nos desenhos animados, quando acorda dá por si já sentado à mesa num restaurante de nome impronunciável cujo único prato abaixo dos vinte euros é o da gorjeta. Não importa que nem se lembre de como lá foi parar, a partir deste momento já nada há a fazer.

Ao homem que se vê preso nesta situação, os únicos consolos que restam são o cartão Visa e o deprimente átomo de esperança de que no final da noite a gaja se deixe de jogos psicológicos e cumpra o que andou a prometer desde as entradas que enfardou sem vergonha até à sobremesa que não se percebia bem o que era mas que a julgar pelo preço devia ser mousse de dinheiro. Agarrado a esta ténue luz ao fundo da cona, que atitude pode ter o homem no final do jantar? Olhar para a conta, pousar o papelinho sem interromper a conversa, de semblante sempre jovial e bem-disposto, como se nada fosse, e tirar a carteira do bolso do casaco para pagar. Tudo isto enquanto se prepara psicologicamente para passar o mês seguinte sem luz e sem gás. Na tentativa de não denunciar o absoluto terror financeiro que lhe vai na alma, conta uma piada seca. A puta à sua frente, bêbeda que nem um cacho das garrafas de vinho de reserva que mamou, parte-se a rir. ‘És impagável’, diz ela, fungando. Mas ele já não a ouve... Está absorto a pensar exactamente o mesmo a respeito da conta.

E apesar deste autêntico martírio, quantas e quantas vezes depois do rombo na conta bancária a noite não acaba com a puta de bandulho cheio a arrotar de satisfação sozinha no conforto da sua cama porque só depois de estar já à porta de casa é que se lembrou de dizer que afinal não podia foder porque estava com o Chico, enquanto nós, numa outra cama bem distante, tristes e falidos, nos vingamos na punheta? Pois bem, meus caros, limpem essas lágrimas doridas pois estou aqui com a solução para o problema. Trata-se de nada menos do que um método infalível e económico para descobrir se a gaja está ou não com o período antes de lhe dar sequer oportunidade de começar a girar o dedinho indeciso diante do menu. Eis o que fazer.

Imaginemos que o leitor tem um encontro marcado com uma daquelas gajas que estão sempre a dar a entender que querem ser comidas mas que só revelam se estão a brincar ou não se primeiro lhes derem comida. O encontro está marcado para um restaurante a que ela sempre quis ir porque ouviu dizer que servem um fondue de carne divinal, aproximadamente pelo preço de um submarino nuclear. Nestes casos, exige-se alguma preparação prévia.

Primeiro, é necessário comprar um ovo Kinder. Coma o chocolate. No final, abra o ovinho interior de plástico, retire o boneco e, se for dos de montar, monte. Depois, bata uma boa punheta e venha-se para dentro do ovinho de plástico. Logo aqui já está a poupar em guardanapos. Feche o ovinho e reserve. Após ter acabado de pentear o cabelinho à paneleiro e posto o cheirinho a puta no sovaco, guarde o invólucro com a esporra no bolso e saia para a rua de queixo erguido e passo confiante. Ao encontrar-se com a gaja no restaurante, finja-se interessado no tecido que lhe cobre o corpo, aproveitando para lhe galar o tetalhal. E agora, atenção, eis o truque: quando se sentarem à mesa, mostre-se esbanjador e ofereça-se para pagar umas bebidas iniciais. Naturalmente, isto causará muito boa impressão. Então, quando as bebidas chegarem, aproveite para lhe elogiar os sapatos. Assim que ela começar a enrolar o cabelo com os dedos toda contente por alguém ter notado os lindos brilhantinhos nos seus sapatinhos, pergunte-lhe se a unha retorcida aparentemente encravada no seu dedo grande do pé tem cura. No momento em que ela olhar para baixo horrorizada, retire o ovinho de plástico do bolso e deite a esporra toda na bebida dela, usando a colher de sobremesa (dela, foda-se) para ajudar a raspar o fundo se necessário. A partir daí é simples. Sendo bem sabido que o leite ao pé das gajas menstruadas azeda, é só ficar atento a ver se ela faz caretas a beber aquilo. Se não fizer, o caminho está livre, não há risco da senaita vir a revelar-se tamponada. Agora se fizer, já se sabe que não vale a pena gastar dinheiro nem paciência a ouvir a conversa de merda dela porque é garantido que não vai haver foda para ninguém. Neste caso, o plano de acção é simples: levante-se, retire do bolso o boneco que lhe saiu no ovinho Kinder, pouse-o na mesa, vá-se embora e deixe a gaja a falar para ele.

Claro que há sempre a hipótese de se obter a confirmação de que o pito não está em sangue e pagar-se ali do belo pelo jantar apenas para que no fim da noite ela se arme em esquisita e nos deixe o caralho à míngua sem justa causa. É sempre fodido quando acontece, é verdade, mas calma que mesmo assim nem tudo fica perdido. Se acontecer, graças ao método que aqui propus poderão usufruir de um prémio de consolação tão bom que quase compensa o carcanhol gasto e a ausência de foda. Refiro-me, naturalmente, ao gozo de se poder dizer à puta que o Baileys que ela bebeu no início da noite era gin tónico quando chegou à mesa. Ah, os pequenos prazeres…

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mau Gosto Como Nunca se Viu

Como qualquer filósofo, não posso evitar que de quando em vez o espírito me seja invadido por inquietações de natureza teológica. Normalmente são bastante genéricas, manifestando-se na forma de questões como: “terá Deus um caralho tão grande que nem Ele próprio consegue levantá-lo?”; ou “se, como afirmava Leibniz, a essência divina se compõe de todas as perfeições, isto é, de todos os atributos que admitem um grau máximo, o que dizer a respeito das tetas, uma vez que quem as possui é claramente mais perfeito do que quem as não possui embora, por outro lado, não admitam um grau máximo, podendo (e devendo) sempre ser maiores?”. Porém, tudo isto que anda agora a passar-se com os padres pedófilos pôs-me a pensar noutro tipo de questões, especificamente na doutrina cristã da salvação da alma. E cheguei a uma conclusão bastante interessante, que gostaria de expor aqui. Descobri que se nos ativermos aos preceitos da Bíblia, a padralhada que andou a comer arroz de miúdos sem arroz só tem que fazer uma coisa para garantir um lugar no Paraíso e desfrutar da beatitude eterna: não se arrepender. Ora sigam o raciocínio e vejam lá se não tenho razão.

Começo por referir uma passagem bastante conhecida do Novo Testamento (Mateus 25:34-45) na qual - parafraseando o evangelista - Jesus ensina que tudo aquilo que fizermos aos mais pequeninos entre nós, fazemos a Ele. Provavelmente só com isto já começam a ver para onde me encaminho. De acordo com essas palavras proferidas pelo próprio Jesus, sempre que um padre entesoado enrabou uma criancinha fez também o favor de enrabar o Filho do Homem em pessoa. Pedindo ao leitor para manter isto em mente, relembro agora as sábias palavras de S. Príapo na Sua Epístola aos Paneleiros publicada a 22 de Julho, intitulada “A Homossexualidade como Viagem no Tempo”: ‘A verdade é que quando um gajo comete um acto homossexual, seja ele qual for, torna-se homossexual desde sempre’.

Pois bem, dado que levar no cu é o acto homossexual por excelência, confirma-se mesmo a falsidade da teoria do Dan Brown. Jesus não era casado com Maria Madalena coisa nenhuma. É óbvio que não podia ser porque de facto foi paneleiro a vida toda. E mesmo a Paixão de Cristo do Mel Gibson está errada no modo como retrata o sofrimento de Jesus. A verdadeira paixão de Cristo afinal era piça, e o sofrimento que esta Lhe causava era muito relativo.

A posição bíblica a respeito de mariquices é já sobejamente conhecida mas não me importo de reiterar: ‘Se um homem dormir com outro homem como se fosse uma mulher ambos cometerão uma abominação’ (Levítico 20:13), ‘Com o homem não te deitarás como se fosse mulher; abominação é’ (Levítico 18:22); ‘Eram maus os varões de Sodoma e grandes pecadores contra o Senhor’ (Génesis 13:13). Ora, visto que não há uma única passagem no Novo Testamento em que Jesus dê mostras de arrependimento por ter sido panilas toda a vida, e como sem arrependimento do pecado não há salvação, o que julgam que aconteceu quando ascendeu ao Céu e encontrou Deus? ‘Pai, finalmente cheguei!’, terá Ele dito. Contrariamente ao que até aqui se tem pensado, acredito que a resposta de Deus-Pai terá sido algo como 'Xô daqui ó Paneleiro!’, e, seguindo à risca os cânones da Lei sagrada, terá precipitado o seu Filho unigénito recém-deserdado para as profundezas do Inferno, onde se terá juntado aos outros grandes mariconços da História, bem como aos gays, que segundo consta é o nome que se dá aos paneleiros ricos e que lá estarão todos também. Como é sabido, Jesus disse que 'é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um homem rico entrar no Reino dos Céus' (Mateus 19:24). O que Ele desconhecia quando o disse é que teria ampla oportunidade de testar a veracidade dessa afirmação, brincando para sempre aos camelos e às agulhas com os ricos.

Até aqui tudo bem. Prossigamos. Lembro agora o episódio bíblico no qual Jesus perdoa o ladrão arrependido que fora crucificado a seu lado, dizendo-lhe: ‘Em verdade te digo, ainda hoje estarás ao meu lado no Paraíso’ (Lucas 23:43). Este é mais um exemplo de que em vida Jesus esteve permanentemente sob a ilusão de que após deixar a existência terrena iria ser muito feliz ao pé dos anjinhos. Mal sabia Ele que Deus, cuja visão sinóptica abarca a totalidade do espaço e do tempo, teria já contemplado a Sua triste figura a ser enrabado no futuro por um bando de padres demasiado impacientes para esperar que os Suissinhos fizessem efeito nos meninos. Não será demais repetir que quem leva no cu seja quando for é paneleiro desde sempre, o que implica que Jesus foi maricão logo desde o seu primeiro Natal e, sem que o soubesse, toda a Sua vida não passou de um fútil adiamento da inevitabilidade de Satanás Lhe deitar a unha aos ombros e Lhe fazer desejar ainda estar na Terra onde ao menos tinha a segurança de uma tábua a proteger-Lhe o fundo das costas.

E agora chegamos ao ponto fulcral desta nossa peregrinação teológica. Com as palavras que proferiu ao ladrão arrependido, Jesus prometeu a todos os pecadores arrependidos em geral um lugar ao Seu lado na vida eterna. Porém, como o próprio Jesus não se arrependeu das coisas indizíveis que andou a fazer no confessionário depois da escola, só se pode concluir que foi parar ao Inferno porque todos sabemos a opinião de Deus acerca dos sodomitas. Então, a única forma de evitar incorrer em contradição e preservar a crença na infalibilidade bíblica é afirmar que todos os que se arrependerem dos seus pecados durante a vida irão direitinhos fazer companhia a Jesus depois da morte, tal como prometido nas Escrituras, exceptuando no facto de que não será já a passear nos relvados da Terra da Glória e sim a tostar no inextinguível braseiro da Terra Maldita, onde é sempre o outro quem tem Terra no Cu. Conversamente, como a Bíblia deixa bastante claro que os pecadores não poderão partilhar a vida eterna com o Senhor, tudo o que era criminoso no Inferno teve necessariamente que ser despejado e realojado no Paraíso depois do primeiro padre ter levado Jesus ao castigo, pois era o único lugar vago com espaço para caber toda a gente.

Portanto agora a padralhada pecaminosa pode ficar mais descansada, que é o próprio Jesus quem lhes garante a imortalidade à temperatura ambiente. E o mesmo se aplica aos pecadores como aqueles em que se tornaram todos os de espírito suficientemente torpe para terem ficado aqui a ler isto até agora. Não cuidem que urdo promessas vãs, amigos. Se não estivesse convicto daquilo que vos digo não teria corrido o risco de escrever esta merda armado em esperto só para depois em morto me foder. Por isso rejubilem, ó mortais de vil espécie, pois todas as putas que já viveram esperam por vós para que passem a imortalidade a fazer-lhes à cona algo próximo do que os romanos fizeram às mãos e pés do Senhor na cruz. E tudo isto à borla, sem perigo de apanharem doença que vos corroa a essência espiritual do nabo. É ou não é bom?

Agora, é preciso é nunca ficar a foder por cima porque as criancinhas mortas estarão todas no Inferno (visto que não terão conhecido pecado em vida) e um padre entesoado, deambulando solitário no Reino dos Céus sem menino em quem finque o dente para toda a eternidade, pode desenvolver sentimentos profundos pelo leitor e, assim sendo, provavelmente não se fará rogado se um dia o encontrar muito mal escondido numa nuvem distante a encavar uma puta russa cristã ortodoxa, de cu ao léu a dar a dar. É que podem ser criminosos mas não são estúpidos, e também não é preciso ser-se meteorologista para saber que as nuvens não têm cu. Portanto vejam lá, cuidadinho com isso que depois se forem enrabados no Paraíso estão bem fodidos, porque ou se arrependem e vão fazer companhia a Jesus no Inferno, ou não se arrependem e terão que passar a eternidade inteira com fama de paneleiros.

Amén.

sábado, 24 de julho de 2010

Toda a Verdade Sobre o Orgasmo Feminino

Ontem, não me perguntem porquê, acordei eivado de um espírito de antropólogo. Ao longo de todo o dia a minha perspectiva foi a de um homem fascinado por tudo ao que à Humanidade concerne. Na rua, quando passava por mim uma gaja dotada de tetas que tinham mais de estante do que de prateleira, a minha reacção não era já a de galá-la impudentemente, como teria feito em qualquer outra manhã, vozeando um ou outro elogio ao Arquitecto Supremo que construiu tal beleza, obviamente na linguagem mais adequada a exprimir esse sentimento que é a da construção civil. Pelo contrário, observava-lhe os hábitos, as suas interacções sociais, seguia-lhe todos os passos ainda que fugisse ou se escondesse na casa-de-banho dos homens a chorar, feita estúpida, como se eu não estivesse a micá-la ao longe há que tempos, abandonando a análise deste espécime apenas por necessidade de escapar aos rituais sacrificiais dessa magnificamente organizada mas em muitos aspectos ainda algo primitiva e mesmo filha da puta estrutura social que é a PSP.

Ao chegar a casa, também não me fiquei por escrutinar a pornografia online do dia para satisfazer a compulsão patológica dos meus cronicamente bulímicos tomates, que se enchem de esporra o dia todo e depois com a mania de que estão gordos só ficam descansados se forem ao grego. Não, eu estudei pornografia, observei com olho clínico cada uma daquelas putas das Caralhíbas a levar com ele do capitão Jack Esporrow em busca de padrões culturais e comportamentais, ao mesmo tempo que investigava o modo como os nossos antepassados hominídeos fizeram a descoberta da tecnologia do fogo, esfregando o meu madeiro. Gostaria então hoje de vos falar das conclusões a que cheguei relativamente ao orgasmo feminino, e do terrível perigo que representa para todos nós que temos piço. Ignorem-me por vossa conta e risco.

Julgo que todos podemos concordar que de todas as formas de orgasmo existentes na natureza, o feminino é o mais escusado. Em grande medida, só serve para chatear. Considere-se em primeiro lugar a estupidez da metamorfose por que passa a mulher enquanto se vem. Qualquer gaja do planeta, por muito fleumática que seja no seu viandar quotidiano e independentemente da sua ocupação profissional, dá em repórter de guerra quando se está a vir. É um fenómeno idiota mas que a ciência explica sem dificuldade. Ao contrário do homem, que tem o cérebro vinte e quatro horas por dia ligado ao barrote, a mulher só tem o dela ligado à pachacha quando o cérebro não tem grande escolha, ou seja, quando se vem. Nesses escassos segundos, a cona, farta que está de ter de passar o dia em silêncio a babar-se como uma atrasada mental, torna-se dona e senhora de todo o corpo e até consegue falar. Porém, nesse tão ansiado momento em que finalmente ganha o pio e o dom da locomoção, não pode aproveitar para encetar actividades tão agradáveis como procurar companhia inteligente com quem trocar ideias sobre a crise económica, ou mesmo passar um pouco de batom nas beiças e sair à noite com as amigas. Logo por azar, assim que adquire liberdade de movimento e o poder do discurso, dá por si em plena zona de guerra e o caralho está a ganhar.

Só assim se explica porque é que a mulher se torna tão estranhamente informativa durante o orgasmo e o porquê daquele berreiro todo. Durante a foda, a cona está como que no palco de uma guerra civil, debaixo de um bombardeamento de piça com colhões e pintelhos a voar por todo o lado, mas sempre aguentando-se ali com estóica firmeza, sem fraquejar na sua missão de comunicar a toda a gente o horror que se vive naquela parte do mundo. Ainda há dias testemunhei isto ao vivo. Eu já me tinha vindo há que tempos mas armado em bom samaritano lá continuei a foder ao ralenti com os colhões na reserva para dar boleia à gaja até ao orgasmo mais próximo. Felizmente, o meu cérebro, quiçá comovido com o meu altruísmo fodangal, resolveu dar-me uma abébia e adiantou-me o relógio do caralho, que ficou a pensar que eram oito da manhã e ficou ali teso que nem um carapau sem nenhuma razão aparente. Volvidos alguns minutos de enfadonho encavanço, lá começou a merda do costume. ‘Ai, estou-me a vir, estou-me a vir!’, berrava a gaja mesmo para dentro dos meus ouvidos. ‘Foda-se, anda lá com isso’, sibilei eu num suspiro de impaciência, aumentando o ritmo das bombadas, já a pensar que àquelas horas ia ver-me à rasca para estacionar ao pé de casa. Mas a cona da gaja não se calava com os gritos. ‘É agora! É agora!’, informou-me. Quando vi que era mesmo desta que ela se vinha, agarrei nas pontas da fronha da almofada e tapei as orelhas o melhor que pude até terminar o cataclismo que foi aquele clímax. Finda a chiadeira, levantei-me e fui mijar. Todo fodido e com um zumbido do caralho nos ouvidos, pus-me a gritar da casa de banho: ‘Estou a mijar! Ai, estou a mijar!’, só para ser cabrão, a ver se ela também gostava. Verifiquei que de facto não gostava, portanto a próxima notícia que lhe dei foi ‘Estou a bazar! Ai, que me estou a bazar!’. E bazei. Pena tive eu de na altura não ter vontade de cagar.

Mas há algo de muito mais ameaçador do que isto a ter em consideração. Para descortinar do que se trata teremos que cogitar em termos evolutivos. O orgasmo feminino, evolutivamente falando, não serve para nada. O do homem sim, claro, serve para que ele se esporre, o que tem a utilidade bastante prática de emprenhar a gaja para que mais gajas nasçam e assim haja sempre cona em que um homem se continue a esporrar, de geração em geração. Mas e a gaja, vem-se para quê? Poder-se-ia argumentar que o orgasmo feminino serve para incentivar a mulher a procurar sexo mas só um burgesso o faria. Alguém acha que um homem primitivo entesoado se chegaria ao pé de uma gaja/macaca e lhe diria lá na língua dele: ‘Dê licença minha senhora, mas estaria interessada em levar com ele? Ah, não está à procura neste momento. Peço desculpa então, voltarei mais tarde. Não, claro, claro, eu compreendo, tudo bem, deixe lá, ora essa…’ A diplomacia é um modernismo, caríssimos. Se um brutamontes das cavernas quisesse cona ele tinha cona e mais nada. A única escolha que a gaja tinha era entre foder e levar duas chapadonas no focinho e foder. E já não era nada mau.

Isto leva-me a crer que o orgasmo feminino nasceu no período que se seguiu à Idade da Pedra, a que gosto de chamar de Idade do Pau Mandado. O seu dealbar deu-se quando pela primeira vez um homem perguntou ‘O que foi?’ a uma mulher chorosa, ela respondeu ‘Nada, deixa-me’, e ele insistiu. Foi o fim do tempo da pureza natural em que o homem é que mandava. A partir desse momento, nada mais havia a impedir a mulher de evoluir características tipicamente masculinas, como seja a do orgasmo. O orgasmo feminino, portanto, é um erro da natureza, um desvio evolutivo artificial, uma abominação que devia ser eliminada.

E não pensem que a coisa se fica por aqui. Quanto mais os homens se tornam subservientes para com as gajas mais elas nos roubam atributos evolucionários e obnubilam o dimorfismo sexual. É espantoso como ninguém dá por isso... Vejam o que aconteceu quando deixámos as mulheres votarem e mesmo ocuparem cargos políticos. Olhem bem para as gajas sentadas na bancada da Assembleia da República. Alguém ainda consegue distingui-las dos homens? Toda a gente acha estranho que a presença feminina na política se constitua quase exclusivamente de camafeus. Pois é, agora sabem a razão. É ao contrário, elas são estafermos porque as deixámos entrar para a política. Continuem a dar-lhes funções de macho e qualquer dia querem fêmea e não há.

A invenção das máquinas de lavar roupa e louça foi outra... Antigamente não havia nada disso, era lavar a louça à mão e esfregar a roupa à beira-rio em permanente risco de ser encavada por trás sem ser perdida nem achada no assunto. Hoje em dia, até as mulheres-a-dias têm acesso a esse tipo de tecnologia. Sei bem as consequências que essa merda traz, acreditem. Até posso relatar o sucedido. Estava eu muito bem deitadinho descansado no sofá a ver televisão quando a Dona Patrocínia (minha mulher-a-dias há uns dois meses), depois de me levantar os pés do chão para aspirar a carpete, me pediu que lhe fizesse o mesmo. Como regra geral não digo que não a cona, aceitei. Soubesse eu o que sei hoje… Assim que alçou do saiote percebi de imediato que o patrocinador da Dona Patrocínia devia ser a Monte Campo porque a sua cona tinha todo o aspecto de uma mala da escola. Inspeccionando-lhe a labiagem mais de perto usando o fundo do copo de cerveja vazio como lupa, verifiquei que as bordas lassas repletas de um pêlo de fazer medo às varejeiras já tinham iniciado o processo de formação de colhões. Em suma, não era já uma pachacha aquilo que tinha diante de mim. Era um pachacho. Nada menos do que uma horrível deturpação da natureza originada pela tecnologia que agora executa as tarefas que outrora eram obrigação da mulher. Mandei a velha para o desemprego nesse mesmo dia e nunca mais soube o que foi feito dela, se bem que uma vez em Alfama, nos santos populares, já meio bêbedo, quase podia jurar que era ela lá ao longe de sardinha na boca a mijar de pé num beco.

A mais recente alteração evolucionária derivada desta crescente supremacia feminina ainda é suficientemente rara para que a sua existência não esteja provada, mas a mim já preocupa e em não pequena medida. Falo, claro, da ejaculação feminina, esse peculiar fenómeno fisiológico que todo o homem interessado em pornografia asiática tão bem conhece. Trata-se daqueles casos em que a gaja a vir-se, desrespeitando por completo a ordem natural das coisas, dispara do pito um jacto de um líquido qualquer em cheio nas ventas do gajo que se preparava para lhe fazer o mesmo. Estou convencido, meus caros, de que esta mutação genética se deu quando os homens começaram a pendurar a roupa lavada à janela. Se descemos ao ponto de protagonizar este degradante espectáculo público, pondo molas na roupinha ali dobrados em posição de canzana diante de qualquer mulher que passe na rua, como podemos surpreender-nos se qualquer dia formos nós quem espera de goela aberta pela meitadela que elas, triunfantes, expelirão dos confins das suas ratas?

Isto tem que parar, amigos. Que elas se venham de vez em quando pronto, tudo bem, vamos ter de aguentar com essa, agora que se venham com molho é que não pode ser. Por isso faço um apelo a todos os que estiverem a ler isto: se notarem que a gaja que estão a foder está a jorrar mais líquido pachachal do que o estritamente necessário para fins de facilitação do ir-e-vir do talo, aviem-lhe logo ali um soco no meio dos olhos e devolvam-na ao seu devido lugar na escala evolucionária. As chapadas nas nalgas já não chegam, camaradas, temos de recorrer a medidas mais drásticas. E também ajudava pararem com essa merda de pendurar roupa à janela, foda-se.

Como disse no início, recusem-se a dar-me ouvidos por vossa conta e risco. Mas se um dia a gaja que estiverem a comer se esporrar toda para dentro da vossa piça e na manhã seguinte acordarem prenhes, não digam que o Príapo não vos avisou.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Homossexualidade como Viagem no Tempo

Antes que alguém me pergunte respondo já que não, o título desta postagem não é metafórico. Não o escolhi por ter acordado hoje a achar que era capaz de ser boa ideia vir para aqui dissertar sobre como ser paneleiro é regressar a uma época remota em que ninguém via grande diferença entre foder cu com pêlo e cu sem pêlo, como acontecia na Grécia antiga ou no Japão feudal, engendrando aqui um texto repleto de curiosas comparações entre os maricões da actualidade e os desses tempos idos. Até poderia fazê-lo não fosse o facto de que estaria a incorrer em contradição se gozasse com a paneleiragem num texto com um título metafórico. Homem que é homem não usa metáforas, diz logo ali o que tem a dizer ainda que as consequências lhe roam os colhões com dentes lupinos. Aliás, abstém-se de usar figuras de estilo em geral salvo raras excepções, como o pleonasmo, que faz lembrar orgasmo e que por isso tem uma conotação de algum modo orgástica, ou o disfemismo, que é do caralho. Portanto, dizia eu, o título da postagem não é uma referência poética ao atavismo de levar na peidola. É literal. Ser paneleiro é mesmo viajar no tempo.

De modo a explicar melhor o que quero dizer com isto coloco ao leitor uma questão que parece não ter nada a ver com o assunto mas que vai-se a ver e por acaso até tem. Ora pensem lá nisto: “Como se faz para se deixar de ser paneleiro?” Peço ao indivíduo desse lado que interrompa a leitura por momentos para pensar na resposta. Já está? Pois é, se já pensou numa é porque é um burro do caralho. A pergunta não tem resposta correcta porque está mal formada, ó tansos. Não é possível alguém deixar de ser paneleiro pelo mesmo motivo que não é possível alguém tornar-se paneleiro.

‘O quê, Príapo?’, indagará agora o leitor, ignorando que é Sr. Príapo para si, ‘como podes afirmar semelhante barbaridade? Então e eu, que sempre tive namoradas até finalmente ter descoberto que a felicidade não se encontra caminhando lado a lado de uma mulher em direcção ao poente da vida, e sim sentado numa pichota?’ Em relação a essa questão, começo por dizer que tudo o que vem a seguir à última vírgula é informação desnecessária porque se deduz do uso da metáfora "poente da vida". Mas respondendo-lhe, direi que mesmo enquanto fodia gajas exclusivamente o leitor sem o saber já era um grandessíssimo paneleirão. E é aqui que entra a parte da viagem no tempo, que deslindará esta confusão toda.

A verdade é que quando um gajo comete um acto homossexual, seja ele qual for, torna-se homossexual desde sempre. Ou seja, nós é que não sabíamos mas ele era já um mariconço descomunal. O acto paneleiro simplesmente tornou manifesto o que sempre lá esteve escondido. É simples, estão a ver aqueles filmes em que um gajo viaja no tempo e muda qualquer coisa no passado? Quando volta ao presente não se ouve ninguém dizer 'epá… houve aqui qualquer coisa que mudou, as bananas não eram azuis'. Não. O novo presente torna-se a normalidade porque a mudança no passado não foi percebida por ninguém. Como a mudança alterou tudo desde o momento em que se deu, as bananas azuis seriam comuns e nunca ninguém teria ouvido falar de bananas amarelas. Com a paneleirice é a mesma coisa. Se um gajo qualquer levar no cu hoje pela primeira vez, o que acontece é que nesse mesmo momento ele viaja no tempo, entra na maternidade em que nasceu, abre a tampa da incubadora e enraba o bebé que quando crescer se vai tornar no paneleiro que ele foi desde sempre, porque levou no cu logo em bebé e quem leva no cu é paneleiro.

‘Ah mas isso é que não pode ser’, dirá agora o amanteigado leitor, que já começa a enervar, ‘porque o paneleiro depois ia lembrar-se de ter voltado atrás no tempo, e como nunca nenhum paneleiro disse que viajou no tempo, essa suposta viagem no tempo é só uma metáfora e por isso és um paneleiro porque usas metáforas’. A respeito desta infantil argumentação limito-me a afirmar com veemência que o leitor decerto me toma equivocadamente por uma superfície polida reflectora. Basta pensar um bocadinho para ver que essa conversa não tem ponta por onde se lhe pegue. Quando um gajo comete um acto homossexual e volta atrás no tempo, aquele que faz a viagem temporal ainda não foi homossexual a vida toda porque ainda não foi enrabado em bebé. Portanto, depois de se auto-enrabar desaparece porque na verdade nunca existiu, ficando só o bebé enrabado que crescerá para se tornar quem ele é no presente. Logo, o paneleiro do futuro alterado não poderá lembrar-se do que era anteriormente a sê-lo porque na verdade nunca o terá sido antes de ser quem é. Percebido? Foda-se, tenho de explicar tudo...

Isto elucida também porque é que quando descobrimos que um amigo nosso anda a mamar camionistas à borla nas áreas de serviço não dizemos: 'olha… tornou-se subitamente paneleiro'. Dizemos, obviamente: 'não fazia ideia de que este gajo era paneleiro'. É uma diferença subtil mas fulcral. O gajo afinal sempre foi paneleiro, só que ninguém sabia. Sim, porque quem soubesse e continuasse a ser amigo dele era paneleiro também.

Isto que vos digo verifica-se mesmo naqueles casos em que o paneleiro em questão viveu toda a vida como um grande macho até ao momento em que cometeu um acto abichanado. Por exemplo, imaginem um gajo que foi barbeiro a vida toda, que nunca cozinhou nada mais complexo do que uma sandes de torresmo, que cagava nos cafés de porta aberta e que espancou a mulher sem dó nem piedade todos os dias desde o casamento até àquele em que a encontrou morta com o seu amante, ambos acabados de cometer suicídio a tiro de caçadeira enquanto faziam amor na sua cama, numa manhã em que teve de voltar a casa do trabalho porque se tinha esquecido do telemóvel na mesa de cabeceira. Imaginem agora que em homenagem à sua enorme virilidade, reconhecida em toda a terra, um grupo de amigos lhe oferece o dente de um elefante africano macho que matou três caçadores antes de ser abatido. Enquanto o barbeiro põe os óculos cheios de sebo para ver aquilo melhor, alguém lhe diz na brincadeira 'Que foi, pá? Não consegues ver de que cor é?'. E vai daí o barbeiro responde, coçando os colhões com uma mão e escarrando dois decilitros de ranho do fundo das goelas para a outra, usando depois o material para colar à careca o pouco cabelo que ainda lhe resta: 'Então não vejo, foda-se? É cor de marfim'. Este homem, nesse preciso momento e sem se aperceber, viajou no tempo e enrabou-se a si próprio. Ninguém à sua volta se deu conta mas o passado foi mudado e a partir daí ele nunca foi nada em toda a sua vida senão um picolho que até mete nojo. Isto porque homem que é homem não diz “cor de marfim”. Ou é branco ou não é, caralho.

Do mesmo modo, concebam um mecânico que dedicou a vida inteira a foder mulheres de toda a espécie e feitio de maneiras que fariam o Belzebu em pessoa sair do quarto por uma questão de princípio. Está no seu leito de morte, rodeado de uma horda de bastardos. Um deles, consumido pela tristeza mas orgulhoso de poder chamar de pai o velhote que ali jazia a morrer de três doenças venéreas distintas, pergunta-lhe: 'qhanch mulhen fnest nahida?' Por azar calhou logo ser um dos filhos que tivera com a sua própria irmã, que no seu tempo fora bem boa. Traduzido para a linguagem de quem tem céu-da-boca, a pergunta foi: 'quantas mulheres fodeste na vida?' Em resposta, o homem diz, com o seu último fôlego: “Deixa cá ver… fodi duas mil e quinhentas. Não, minto, duas mil e seiscentas”. E morre. Este homem, meus caros, morreu mais paneleiro que o Cláudio Ramos. Ao utilizar a expressão “não, minto”, fez o equivalente a enfiar ali mesmo um tarolo bem grosso todo no cu até aos tomates, que ironicamente foi o que fez a si próprio, viajando no tempo e enrabando-se depois de se retirar da sanita onde nascera, porque a sua mãe era tão puta que com a força de cagar já os paria sem dar por eles.

Por este motivo, a todos os que cuidarem que os paneleiros não se podem reproduzir, digo que estais redondamente enganados. Fazendo uso de um exemplo, como é tradicional nestas paragens, asseguro-vos de que quando dois amigos apanham uma bebedeira e usam isso como desculpa para passarem a noite a foder o cagueiro um ao outro, concebem gémeos logo ali nesse mesmo momento: os fofos bebés que eles mesmos eram quando nasceram. E assim, sem se darem conta disso, ocupados que estavam a levar na anilha, deram à luz dois paneleirinhos.

Espero ter conseguido iluminar um pouco esta complexa e muito incompreendida questão. Gostaria apenas de terminar com uma mensagem dirigida a todo o leitor que disser que o acto de alguém se enrabar a si próprio no passado é uma variante da masturbação e que por isso não conta bem como paneleirice. A mensagem é: parabéns pelo menino.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Física Elementar do Orgasmo Masculino

O leitor hoje tem boas razões para andar por aí com um sorrisinho de alegria aparvalhado nas trombas. Vai sair daqui um pouco menos pacóvio do que era quando entrou.

O que me traz por cá neste auspicioso dia é aquele meu característico espírito de bom caralho que não é capaz de guardar para si uma boa ideia, mesmo correndo o risco consciente de vir a ser plagiado. No caso presente o risco é acrescido porque a experiência científica que proporei no que se segue, caso produza o resultado que prevejo, poderá muito bem implicar a necessidade de revermos tudo o que julgamos saber acerca do Homem, ou pelo menos acerca da parte do Caralho. Dito isto, aviso já que se alguém desse lado tiver a infeliz lembrança de pegar nesta merda e ir para as revistas de especialidade dar com a boca no trombone, pode crer que quem vai dar com a boca aqui no trombone logo a seguir vai ser a sua rica mãezinha, que de seguida receberá uma encomenda de piça na rata de tal magnitude que julgará tratar-se seguramente de mentira, após o que será deposta uma simbólica nota de vinte euros na mesa de cabeceira da exaurida senhora de modo a que tão depressa quanto se espalhou a fama de brilhante cientista de que sem dúvida usufruirá nessa altura o leitor, assim se espalhará a sua muito mais merecida fama de filho da puta. Julgo que nos entendemos. Bom, passemos à bruta para a parte da ciência.

O assunto de que vos quero falar hoje concerne a fascinante disciplina da mecânica quântica, portanto parem lá de esgarçar o pessegueiro senão depois não vão pescar nada desta merda. Passo a explicar. Desde que o grande acelerador de partículas conhecido como Large Hadron Colider (LHC) foi construído na Suíça que tenho acompanhado com interesse todas as notícias que lhe digam respeito, porque é realmente uma coisa à homem. Em termos que o leitor compreenda, o LHC é um tubo de 27km no qual umas coisinhas chamadas partículas (geralmente protões, que são uma espécie de colhões como os que o leitor tem agarrados ao mangalho mas dez vezes mais pequenos) são disparadas umas contra as outras a uma velocidade próxima da da luz e fazem bum. Ao chocarem, uns computadores fodidíssimos recolhem os dados e depois uns senhores caixa-d’óculos tratam de analisá-los a ver se encontram algo fixe. Se o leitor tiver percebido tudo até aqui está autorizado a ir à cozinha buscar uma goma.

Continuando, a maioria das grandes descobertas que o LHC supostamente possibilitará são de uma paneleirice atroz, mas há excepções. Por exemplo, um dos grandes problemas da Física contemporânea, talvez mesmo o maior, é o da incompatibilidade entre a teoria da relatividade geral de Einstein e a mecânica quântica. Das teorias que já foram propostas como candidatas a unificar as duas, a mais forte é a famosa teoria das cordas, que basicamente diz que as componentes fundamentais da matéria são linhas (ou cordas) unidimensionais ao pé das quais a pila do leitor até pareceria grandinha. O problema é que esta teoria só funciona em modelos matemáticos segundo os quais o Universo não terá somente as três dimensões espaciais que exploramos na sua totalidade no decurso de uma normal punheta, e sim dez, sete das quais invisíveis. É fodido.

Ora, supostamente, o LHC poderá vir a provar ou infirmar a teoria das cordas. Como todos os leitores que não padeçam de trissomia 21 saberão, a lei da conservação da matéria proíbe que haja “perdas” de energia no mundo físico. Isto implica que, se após uma colisão de partículas no LHC se verificar que parte da energia que deveria ter sido gerada no impacto de acordo com as leis da física convencional não foi detectada pelos sensores, uma explicação possível será que essa energia (que não pode simplesmente ter “desaparecido”) terá passado para as outras dimensões-extra que não podemos ver. E voilá, fica demonstrado que essas dimensões existem e, logo, que a teoria das cordas está correcta. Ficou percebido, caralho? Se tiverem dúvidas leiam desde o início que eu explico outra vez.

Isto tudo para dizer que tenho também uma teoria que com uma ligeira adaptação do teste anterior poderia ser experimentalmente verificada. É que estive a fazer as contas aos litros de nhanha que já aspergi ao longo da vida e verifiquei com alguma trepidação que me faltam orgasmos. É ranhoca a mais para as vezes que me vim. Ora considerem lá um exemplo ilustrativo. O caso deu-se há uns meses. Eu tinha passado a tarde entretido a dar uma foda bastante banal a todos os respeitos com uma chavala assim-assim mas como já estava a ficar farto daquilo e queria ir para casa passei de súbito à fase de preparação para a esguichadela. A gaja, genuflectida à minha frente, aguardava de bico aberto, qual passarinho recém-nascido esfomeado que aguarda no ninho o retorno da sua progenitora para levar com uma esporradela valente nas trombas. Fechei os olhinhos, estive ali um bocado a esgarçar a maçaroca e pouco depois vim-me calmamente, sem grande espalhafato, quase como se uma simples brisa tivesse passado por mim, causando-me um leve arrepio e nada mais. Foi por isso que apanhei um tão indescritível cagaço quando abri as pálpebras e vi o estado em que a gaja tinha ficado. A única reacção que consegui ter com o susto foi a de percorrer as imediações com o olhar em busca do palhaço que se tinha aproveitado da minha distracção momentânea para lhe espetar com uma tarte de nata nas ventas. Nem queria acreditar na litrada de langonha que lhe pingava do cabelo fazendo poça no chão. Como tantas vezes acontece quando vou cagar depois de comer rancho, fiquei ali feito parvo a tentar conceber como seria possível que um tão grande volume de substância pudesse ter saído do espaço limitado do meu corpo.

Isto conduz-me à teoria que vim cá para apresentar, e que é a seguinte: todos os orgasmos masculinos são na realidade orgasmos múltiplos, contrariamente ao mito de que só a mulherada tem capacidade de tê-los. A diferença é que as gajas têm uns atrás dos outros ao passo que os homens os têm todos ao mesmo tempo, simplesmente a maioria deles em dimensões espaciais estranhas à experiência mundana, o que explica por que é que não damos por eles. Se esta conjectura se comprovar deixará de ser um mistério de onde vem tanta leitaça. Não será decerto necessário enfatizar o triunfo que uma tal descoberta seria para a física elementar, e para mim em particular, que já não precisaria de ir fazer análises.

Por isso, gostaria de aproveitar aqui este espaço para propor uma experiência empírica que permitiria tirar isto a limpo de uma vez por todas: em vez de se usar o acelerador de partículas para atirar protões uns contra os outros, proponho que se dispare um gajo de marro entesado contra uma gaja de perna aberta. Se no momento da encavadela a quantidade de esporra esguichada for inferior à que é prevista pelas leis da Física num universo tridimensional, isso só poderá querer dizer que a meita desaparecida pingou para essas outras dimensões incógnitas onde se dão os orgasmos múltiplos masculinos, ficando assim provada a sua existência. É ou não é uma ideia do caralho, caralho?

Adivinho já a objecção que o leitor mais apaneleirado erguerá. Provavelmente apontará para o facto de a experiência implicar o disparo de dois seres humanos um contra o outro a uma velocidade próxima da da luz e que isso é capaz de aleijar. Acredito que possa parecer um problema mas sou o primeiro a dizer que não teria problemas nenhuns em oferecer-me como voluntário. Já passei por pior. Tenho pena é da gaja, que ficaria como se tivesse levado uma morteirada em cheio na cona. A não ser que tivesse uma cona bem rija. Embora para ter uma cona bem rija tivesse que ser uma velha. Foda-se, ia ter de encavar uma velha... Pois é, não vai dar. Caguem nisso, afinal é uma ideia de merda. Desculpem lá. Podem ir à vossa vida.