quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ejaculação Inaugural II: O Regresso

Permitam-me em primeiro lugar que me apresente formalmente à súcia cavernícola que saiu agora da gruta e que por isso não me conhece.

Conforme se adivinha pela inconspícua caligrafia na imagem de abertura do blog, eu sou Príapo, aquele cujo pénis a Língua Portuguesa demoraria tempo demais a percorrer do escroto à glande para que me fosse possível agora fornecer em poucas palavras uma descrição adequada das suas dimensões. Bastará para os presentes fins dizer que é a todos os níveis um belíssimo bacamarte, algo rude no trato mas muito digno. Isto, claro, é já bem sabido de todos os habitantes do mundo civilizado e respectivas mãezinhas, que melhor do que ninguém sabem do que estou a falar. Para esses e essas, uma única palavra basta: voltei.

Julgo que o primeiro ponto na ordem de trabalhos deverá ser a explicação do motivo por detrás do inusitado interregno na minha produção literária bloguista e subsequente regresso às lides internéticas. Pois bem, vamos a isso.

Como alguns saberão, faz hoje exactamente 8 meses que criei um blog intitulado O Filósofo Priapista, no qual escrevi até há exactamente 3 meses. A partir desse dia, desapareci, qual piço em punheta de mamas de matrona. “Porquê?”, pergunta o paneleiríssimo leitor. Calma, caralho, estou a falar. Foda-se.

Bom, poucos dias depois de ter escrito a última entrada que postei nesse blog, estava eu na sala a ver futebol, experimentando todo o rebuliço intelectual de um boi de cobrição aposentado a cagar no feno, quando me deu uma súbita e despropositada vontade de foder. Espreitando para o interior da calça, denotei de imediato pela envergadura das veias latejantes que me protuberavam do mastro ser ímpeto demasiado poderoso para ser resolvido a mero poder de punheta. “Não há azar”, pensei. Levantei-me e liguei a uma gaja conhecida que na altura ainda não tinha fodido mas que tinha ouvido dizer que andava a saltar de piça em piça como se de nenúfares se tratassem.

Uma vez que a única coisa que já andou em mais bocas que o boato do tamanho do meu piço é ele próprio, a gaja, danadinha que andava para comprovar a veracidade da lenda do Adamastor que habita as minhas calças, não tardou em apanhar o autocarro para vir ter comigo e quinze minutos depois de desligar o telefone já estava de cu assente no meu desconfortável colo de tetas ao léu a ser mungida a seco por um par de experientes manápulas cheias de dedos.

Após alguns minutos entretido nisto comecei a fartar-me de mamas e sugeri um broche. Ela assentiu com um olhar de espanto que não deixou de me intrigar mas enfim, como na iminência de um bico não há nada que dê que pensar não liguei muito. Erro crasso. A sua técnica no mamanço assemelhava-se à dos artesãos alentejanos que esculpem a madeira com a navalha, com os incisivos fazendo as vezes da lâmina. Aguentei enquanto pude mas antes que ela acabasse de esculpir um caralho em carne viva decidi pôr termo àquela merda e puxei-a para cima pelos cabelos. De qualquer modo estávamos ali era para foder, que se estivesse virado para o broche tinha-lhe pedido que passasse o telefone à mãe quando lhe liguei porque a Dona Lurdes sim, sabe o que faz.

Depois de uns beijinhos ao ralenti começou finalmente o regabofe. Baixei-lhe a cuequinha com carinho e toma lá vai buscar. Contudo, reparei com algum espanto enquanto lhe fazia da cona almofariz que a gaja estava com um trejeitos faciais esquisitos. De repente, soltou um berro tão grande que até me voltei para a televisão para ver se tinha sido golo. Depois é que vi que a gaja estava a chorar. “Atão, pá?”, perguntei, preocupado. Não precisei de resposta. Quando olhei para baixo e vi a cabidela em que tinha a gaita entalada tudo ficou esclarecido. A gaja era virgem. Andava era a fingir ser puta há que tempos porque andava apaixonada por mim e tinha medo que se não desse ares de javarda eu não quereria desflorá-la.

Senti-me usado. Corri com a estuprada dali para fora com um chuto nos fundilhos ensanguentados das enganadoras calças de ganga descaídas à puta e foi então que a humilhação se abateu sobre mim. Como podia uma virgem ter-me aldrabado assim? Como posso eu dissertar sobre a foda se quem nunca fodeu me conseguiu enganar? Qual o grande segredo da Foda, que hoje descobri que desconheço?

No paroxismo da melancolia, resolvi isolar-me em filosófica contemplação até descobrir a essência da foda que me escapava e durante um mês não saí à rua. A barba cresceu, o pó acumulou-se nos móveis e a pilha de louça suja passou a ter relevância artística. Ao cabo de algum tempo, nada se movia na minha casa excepto o ocasional novelo de pintelhos que atravessava a sala como que numa cidade deserta num filme de cowboys – resquícios de uma época em que ainda se fodia em tudo quanto era canto até cair a farfalheira dos colhões.

Um dia, vegetando diante da televisão, vi numa reportagem sobre o desemprego uma entrevista a um monge budista tibetano que vivia sozinho nas montanhas e que afirmava ter atingido a suprema sabedoria. Nesse mesmo momento percebi que na minha busca de conhecimento deveria seguir o seu exemplo, mas como o Tibete fica um bocado fora de mão decidi que não faria grande diferença se fosse antes para a Serra da Estrela. E lá fui. Decidido a abandonar por completo a civilização, apanhei a A2 e segui para o Norte. Chegado à Covilhã, isolei-me na pensão mais barata que encontrei e lá vivi nas semanas seguintes na companhia dos meus pensamentos, apenas saindo à tarde para meditar entre os pedregulhos juncados de preservativos cheios de esporra há muito coagulada pelo viandar do tempo.

Numa dessas tardes, após longas horas de caminhada pelo ermo serrano, encontrei um milenar dólmen que me chamou a atenção não só pela sua estrutura, invulgar para as construções do Neolítico tardio, mas acima de tudo por se encontrar abrigado à sua sombra um velho barbudo a meditar em posição de lótus, todo nu, ostentando um paquidérmico caralhão pousado nos tornozelos. Pressentindo a minha presença, a misteriosa figura abriu os olhos e, lentamente, apontou um dedo na minha direcção. Com um sorriso banguela, disse, numa voz pausada e arranhada: “Tenho estado à tua espera…”. E passados alguns segundos, terminou a frase – “…Príapo”.

A natureza envolvente pareceu partilhar da minha estupefacção, ficando em absoluto silêncio por um instante. Mesmo o besouro num malmequer vizinho que ainda não tinha parado de foder desde que eu chegara interrompeu a tarefa por uns segundos antes de voltar a aviar antena no bicharoco que enrabava, curiosamente de uma espécie diferente da sua.

“Foda-se… como é que sabes quem sou?”, indaguei com alguma trepidação. Nas horas seguintes o sábio explicou tudo em detalhe. Tratava-se de um eremita que praticava o mais severo jejum imaginável, alimentando-se exclusivamente de urtigas que, dizia, lhe faziam lembrar chili. Não entrou em detalhes acerca do modo como obteve esta informação mas explicou-me que por mais louvável que o meu propósito fosse, eu não estava predestinado para uma vida de ascetismo. E explicou-me porquê: “Estás aqui para te diga quem és, Príapo. Não o sabes mas existes há mais tempo do que julgas. A sucessiva reincarnação de Príapo estende-se na História até tempos imemoriais, pois cada geração desde há milénios tem um. A tua missão sagrada é a de continuar o trabalho e o caralho dos teus antecessores.” E prosseguiu: “Todos os homens pensam com o barrote até certo ponto, como é sabido, mas somente Príapo filosofa com ele. É esse o teu dom e a tua maldição, amigo, assim como os de todos os Príapos que te antecederam. Num mundo de piças desmioladas à deriva no tenebroso mar vaginal, és um farol entesado indicando a direcção segura a seguir. Essa é a tua missão, Príapo. Esse… é o teu destino”.

Terminado o exórdio, aconselhou-me então a permanecer com ele por algum tempo até concluir o meu treino, após o que deveria voltar ao mundo e transmitir aos outros o que aprendi, como tantos outros Príapos antes de mim haviam feito. Convicto de que tinha encontrado o que procurava, aceitei.

Porém, acabei por não ficar muito tempo. Passados poucos dias a viver no dólmen descobri que o jejum do sábio não era tão rigoroso como inicialmente julguei, visto que o apanhava constantemente a enfardar Bollycaos. Descobri também pelo facto de que os cagava quase inteiros que o cabrão do velho afinal era paneleiro e que se deixava enrabar com significativa frequência por um bode bipolar que vivia ali por perto, aproveitando-se das fragilidades emocionais do animal para convencê-lo a entalar o marro caprino na sua bufa engelhada. Por tudo isto decidi ir-me embora antes que o velho se fartasse de ser fodido pelo gado autóctone e começasse a ter ideias de experimentar piça de primata superior para variar. E assim foi. Certa noite, na mais plena escuridão, levantei-me e dei de frosques da milenar barraca para não mais voltar. Na fuga, ainda pensei que tinha pisado um dos cagalhões oblongos do velho mas uma inspecção mais minuciosa revelou que o objecto colado ao sapato tinha cromo. Aliviado, segui caminho sem olhar para trás. E, como Ulisses (outra encarnação de Príapo), regressei a casa.

Paneleiro ou não, sei hoje que o velho disse a verdade. Como tal, de espírito renovado e sabarda entesada eis-me neste novo blog onde continuarei num formato diferente do anterior a missão que me foi incumbida pelo destino.O Filósofo Priapista continuará online, note-se, mas não voltará a ser actualizado. Nem sequer para dar notícia desta mudança, pois não me apetece. Ficará na net apenas como recordação de uma primeira fase priapística. Hoje, uma nova começa.

Claro, uma vez que voltei do deserto antes de concluir o meu treino acabei por não descobrir a essência da foda que procurava. Mas é uma questão de tempo. E nós, homens, poderemos morrer, mas o relógio da foda, cujos ponteiros são pernas de gaja, marcam eternamente as dez para as duas, indicando que até chegar a meia noite no relógio da vida, é hora de foder. E em verdade vos digo - se esta não for esta já em si a essência da foda, também não andará muito longe.

Bem-vindos ao Príapo, caralho.

4 comentários:

  1. 'Bout fuckin' time.
    Mais um excelente texto.

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  2. Muito bem-vindo novamente, de facto imaginação não te falta:) Eu sempre suspeitei dos monges que dizem fazer jejum, e tu tiraste-me essas dúvidas, obrigada.

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  3. Ah, adorei a estética do blog, está muito in!

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  4. Isto é que foi uma bela ejaculação, após 3 meses de jejum...

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