segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Mulher Perfeita

Aos fins-de-semana é meu costume reservar alguns minutos das minhas surfadas internáuticas para dar uma vista de olhos num fórum online de professores universitários que secretamente são também pastores zoófilos, só para me manter actualizado sobre o que vai acontecendo nesse peculiar e fascinante mundo do qual o cidadão comum tudo desconhece à excepção do queijo amanteigado. Agrada-me sobremaneira ler os relatos na primeira pessoa de ilustres membros da academia internacional que depois de um longo dia a leccionar imersos no sufocante pedantismo intelectual das universidades de topo não trocam por nada o simples conforto rural de uma dócil pachacha com lã à volta. Enfim, crónicas singelas mas muito ricas. Por isso é que me surpreendi tanto neste sábado que passou com a profundidade do tópico aberto por um dos membros - um especialista em literatura pós-colonial, segundo diz o seu perfil público, detentor de uma cátedra em Cambridge, actualmente de licença sabática algures em Serpa. A questão erguida por este indivíduo, revelando uma acutilância filosófica raras vezes vista em pecuária, foi a seguinte: "qual a essência da ovelha perfeita?"

Relaxe o esfíncter o paneleiro leitor desse lado, que não me vou pôr aqui a dissertar sobre a beleza que é encavar quadrúpedes herbívoros. Mesmo porque o mais perto que estive de fazê-lo foi quando fodi uma vegetariana à canzana, fora isso não percebo nada do assunto. Não, a verdade é que isto fez-me pensar sobre a essência da mulher perfeita. Como seria ela se existisse? Psicologicamente, quero eu dizer. Não falo do corpo que aí não é preciso puxar muito pela imaginação: bom tónus muscular, cona eficaz, daquelas elásticas, que não arranham o nabo como as das virgens mas ainda assim menos lassa que uma blusa da Bershka na época de saldos - e acima de tudo que não tivesse as beiçolas todas esbodegadas do uso que se há coisa que não suporto é quando vêm todas contentes a pedir festa e depois vai-se a ver têm a pachacha a parecer um repolho atropelado -, peida valente, de nalgas bem simétricas e resistentes ao tabefe, trombas jeitosas com jeito para chupar e umas tetas no mínimo do tamanho dos colhões do Cristo-Rei. Acho que não era pedir demais, caralho.

Agora, no que toca ao conteúdo da cabeça da gaja que não venha agarrado a mim é que é fodido. Mas julgo ter chegado a uma conclusão. Ou seja, sim, descobri a mulher perfeita, e sem mais delongas que se faz tarde, revelo: a mulher perfeita seria aquela que reunisse a um tempo os atributos físicos acima referidos e a mentalidade de um gajo porreiro. Ou seja, exceptuando nas partes em que interessaria que a gaja se mantivesse gaja, seria no fundo aquele amigalhaço que vai lá a casa de vez em quando para ver a bola. Imaginem se puderem… estarem com uma gaja podre de boa não tendo de fingir serem alguém que na realidade não são. Oh, admirável mundo novo…

A pensar nisto concebi um pequeno episódio que creio ter potencial para vir um dia a dar em novela. Começa comigo em casa à espera da mulher perfeita para ver futebol. Vejam lá se não seria maravilhoso:

A gaja entra pela porta já aberta. Encontro-me deitado no sofá, descalço e já bem entrado na terceira cerveja, de olhar fixo na televisão enquanto como uns restos de batata frita que encontrei no umbigo.

“Tão, táss bem?”, cumprimenta ela.

“Ya, abanca aí”, respondo, atirando para o chão as revistas que ocupavam quase todo o sofá sem desviar o olhar da televisão.

“Tá quanto?”

“Ainda não começou. Se quiseres bjeca vai aí ao frigorífico buscar.”

Em sinal de companheirismo para com a recém-chegada, solto neste momento um ou dois arrotos à pedreiro seguidos de um peido muito competente mas despretensioso, que dar dos bons antes do jogo é desperdício. Entretanto, já a gaja está a remexer no frigorífico.

“Olha, traz aí uma para mim também que esta já morreu!”, berro eu da sala.

“Okay. Queres média ou mine?”

“Mine. E traz também o saco de cacauetes que tá aí logo à frente na despensa.”

“Foda-se, não queres que te chupe a picha também, não?!”

Lá está, até aqui toda esta sequência de diálogo poderia perfeitamente ter-se passado entre dois gajos na vida real. A diferença na nossa novela manifestar-se-ia quando ela voltasse com as cervejas e os cacauetes e começasse mesmo a chupar-me a picha. Aproveito também o momento para referir que a gaja está bronzeada e de bikini, acabadinha de chegar da praia. Bom, continuando, inicia-se o bobó. Enquanto lhe manobro o rabo-de-cavalo com uma mão e mudo para o canal Panda com a outra para ir vendo enquanto o jogo não começa, apercebo-me de que o seu esguio pescocinho apresenta sinais de queimadura solar. Então, observando uma das mais antigas e ilustres tradições típicas da amizade masculina, expandida agora para uma versão unissexo, aproveitaria o momento para lhe afiambrar uma chapadona com toda a força em cheio no cachaço vermelhão, gritando em simultâneo “Escaldãozinho fodido, an?”. A diferença aqui relativa à circunstância normal entre dois gajos é que a presente situação traz o bónus acrescido de causar algum refluxo gástrico à gaja por se engasgar com a piça que naquele momento lhe ocupava a totalidade da boca e boa parte da goela.

“Tão, caralho?!”, diz ela toda ofegante, cheia de pintelhos e bocados de bola de Berlim semi-digerida nas bochechas.

“Xiu”, responderia eu, “aguentas e não choras que da outra vez fizeste a mesma merda quando cortei o cabelo. Se não gostas aprende a usar protector. Olha, pára lá de mamar e abanca aí que o jogo tá a começar”.

Limpando as beiças a uma almofada e trocando o meu mangalho por cacauetes, a gaja senta-se então no sofá a ver o jogo. Segue-se o típico chorrilho de caralhadas, invectivas ao guarda-redes e dúvidas erguidas quanto à legitimidade profissional do oftalmologista do árbitro - eu coçando a tomatada, ela o grelo -, tudo regado com muita cerveja e acompanhado de uma magnífica banda sonora de bufas, peidos e arrotos, no decurso da qual da qual percorreríamos destemidos toda a escala do mais grave ao mais agudo, tanto no sentido acústico quanto olfactivo dos termos.

Às tantas, como não poderia deixar de ser, começa a dar-me a mijadeira. Muito a custo lá me levanto, aproveitando a deixa para observar uma outra vetusta tradição entre machos compinchas: ao passar em frente da gaja, alço da perna repentinamente ao mesmo tempo que com a mão lhe encosto a boca aberta cheia de cacauetes mastigados às bordas do cu e largo uma bujarda daquelas que faz lembrar alguém a rasgar um lençol de flanela.

“Vai buscaréééé!”, comemoro eu. Ela, como gaja porreira que é, limita-se a responder com um “Ah é? Tás fodido, cabrão, vais ver”, que ambos sabíamos ser meramente um pro forma de preservação de honra mas que no fundo não constituía ameaça real de vingança, embora a justificasse se de facto viesse a acontecer.

No fim do jogo, se isto fosse um convívio de gajos, seria altura de pormos à prova a nossa virilidade jogando Pro Evolution na Playstation 2. No caso presente, como está uma gaja em casa, é altura de foder. “Primeiros a ser chupado”, aviso eu. “Primeiros o caralho”, redargue ela, e lendo a mente um ao outro desatamos a correr para o quarto, sempre à biqueirada e à rasteira, rebentando com a mobília toda pelo caminho enquanto tentamos enfiar com os cornos um do outro nos quadros da parede do corredor num frenesi competitivo em que só a vitória interessa e o resto que se foda. Depois de um soco bem aviado numa teta ganho a vantagem decisiva, pelo que sou de facto primeiros a ser presenteado com oralidade. De novo, como qualquer gajo porreiro, a gaja não ousa contestar a minha justa vitória e chupa piça e colhões em silêncio, com dignidade, sorvendo com gosto o apetitoso suor salgadinho gerado no esforço intenso da corrida.

Após restabelecida a equidade com um competentíssimo minetaço começa o regabofe propriamente dito, durante o qual a gaja se põe em todas as posições admitidas pela anatomia humana, mais duas ou três. Mas isto não é uma mera foda. É trabalho de equipa. Por exemplo, apesar da canzana ser sempre francamente agradável, tem o inconveniente de não deixar ver o que se passa lá à frente com as tetas, nem é posição que dê muito jeito para esborrachá-las com as mãos. Já não seria problema: graças à sua mentalidade de gajo ela compreenderia perfeitamente o meu ponto de vista e trataria de colmatar a falha apalpando-se a si própria como sempre fazia no duche, ao mesmo tempo que descreveria em detalhe tudo o que se estava a passar em toda a sua fulgurante pompa para que eu não perdesse pitada enquanto lhe mocava a filhós à bruta pelas traseiras.

“Cum caralho!”, grita a gaja, de voz meio soluçada devido às bombadas que estava a levar lá atrás na patareca.

“Que foi?”, pergunto eu, a tentar espreitar por cima dos ombros dela sem perder o equilíbrio.

“Havias de ver a rebaldaria de mamas que para aqui vai, em particular o modo como balançam para a frente e para trás numa frequência de aproximadamente vez e meia por segundo. Ai tão boas a nível de textura que são estas tetas, apresentando-se sedosas, levemente transpiradas e ainda um pouco meladas das chupadelas de há pouco, sendo que a rigidez dos mamilos rivaliza já com a dos botões do elevador lá do prédio da tua avó. Olha, agora que mudaste um pouco de ritmo, provocando-me espasmos de prazer, verifica-se que a trajectória das mesmas mudou ligeiramente, descrevendo cada teta um movimento circular independente que ocasiona a esporádica colisão de ambas na zona central do esterno, o que não só proporciona uma visão de rara beleza como é indicativo seguro de uma prateleira saudável e plena de potencial para te esfregar o nabo daqui a nada, após terminar o orgasmo que agora se inicia. É de realçar também…” E por aí fora.

A promessa da punheta de mamas cumprir-se-ia, claro, após a enrabadela da praxe. E aqui é que seria a parte mais maravilhosa da coisa. Não teria já de fingir ser amoroso e esperar até ao fim da trancada para ir ter com a malta e relatar a foda em detalhe nos termos em que realmente se deu. Poderia contar logo à gaja! De sarrafo abafado entre as suas generosas glândulas mamárias encetaria então com ela a amena conversa que em circunstâncias normais teria lugar mais tarde no café do Xô Manel:

“Bem, havias de ver há bocado quando estavas a levar nessa peida. Parecias uma porca a chiar.”

“A sério?”

“Tou-te a dizer. E então quando começaste a levar estaladas nas nalgas? Fizeste-te de esquisita mas também não me pediste para parar, levaste ali forte e feio. No fim ficaste com o cu que mais parecia o buraco de uma regueifa.”

“Foda-se, ando feita uma puta do caralho… Mas as gajas são todas assim pá, a gente diz que não gosta, não gosta, mas com ele no cu é que a gente tá bem.”

“Bardajonas do caralho, vocês...”

“Ai não.”

Não seria lindíssimo? E no final de tudo, em lugar do temido “amas-me?” meloso, iríamos à casa de banho à vez (obviamente de porta aberta, a ver quem fazia mais barulho com o mijo a bater na água da sanita), mais um peidinho, mais uma cervejinha e adeus até amanhã.

Isto, claro, não passa de ficção científica, mas caguei que sonhar é à borla. Seja como for tenho de admitir que apesar de tudo até nem é mau que esta situação seja impossível. Para já porque a nível teórico aproxima-se perigosamente da paneleirice, e depois porque uma gaja destas (sendo um gaja e não um gajo) não seria tanto uma amigalhaça porreira quanto uma porca do caralho. De onde se conclui que a mulher perfeita, afinal, é a mulher imperfeita, tal como existe. Quem diria? Isto a nível psicológico, note-se. No que ao físico concerne reafirmo a descrição dada anteriormente. Personalidade é importante e tal, tudo bem, mas a verdade é que nunca ninguém espetou o nabo em nenhuma.

10 comentários:

  1. Ufa...

    Não fosse este último parágrafo e bazava já daqui imediatamente. Áté já estava a pensar: "Mas onde é que este gajo bateu com a cabeça este fim de semana?"

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  2. Ora, Vera, parece que não me conheces...

    Consegues sequer imaginar-me a fazer uso da minha pena virtual para escrever uma palavra negativa que fosse acerca da maravilha estética e biológica que é o sexo feminino?

    *suspiro* A tua falta de fé desaponta-me...

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  3. Então, caralho, que é feito do meu comentário????

    Bom, repetindo, e já não é a primeira vez quisto (sebáceo) acontece:

    Só por ter conseguido ler este post, fiquei agoniado. De tal maneira que o Cozido à portuguesa, a meia garrafa de JP, o milnovivinte, o café e a sericaia de ameixa jorraram misturados, em golfadas, +para cima do teclado, que agora faz um som assaz peculiar ao teclar.

    Que paneleirice pegada, caralhosfodam!

    Chegado ao último parágrafo, descansei.

    Mas foi por um triz que nunca mais cá voltava.

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  4. Foda-se, começo a temer por todos aqueles e aquelas de mais fraca constituição que se irão embora sem nunca chegarem a ler o último parágrafo. Esta gente parece mesmo que não me conhece...

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  5. Príapo, a gente conhece-te. Não sei bem de onde, mas conhece-te. Fica descansado.

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  6. Pá, pois, foi isso é que me fez resistir: Aquele que aqui anda há tantos e tantos séculos a apregoar as marsapiais virtudes, não pode abichanar à tripa forra sem mais nem menos.

    Mas confesso que mesmo assim não foi fácil, caralho. Até fiquei com vertigens.

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  7. Subscrevo inteiramente os comentários do caro Bock. Penso que o Príapo nem tem bem a noção do que nos fez passar. Humor e tal, tudo bem, agora isto? Para mais a uma segunda-feira!
    Vou ler mais uma vez o último parágrafo, para ver se me recomponho.

    Holmes

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  8. Postagem brutal. Nem precisavas de te justificar com o último parágrafo. Aliás, eu dispensa-lo-ia. Tu é que és o maior. Abordas os assuntos do sexo com uma qualidade literária assaz sublime (digna de um docente catedrático). Acaso sê-lo-ás????

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  9. POSTS bem loucos KAKAKAKA

    Obrigado pelo comment, é bom ter fãns :P

    Abraço e continua XP

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  10. Bock, perturba-me essa falta de confiança no meu priapismo. Futuramente vigia e reza ao Senhor para que te conceda a graça de acreditar ainda que não vejas (neste caso, o último parágrafo).

    Et tu, Holmes?!

    L.O.L., realmente é necessário um músico para saber como apreciar a peça como um todo e não se ater aos andamentos iniciais. Dass...

    Boa tentativa mas não, não sou professor catedrático e espero nunca vir a ser. Apesar disso andaste relativamente perto porque de facto ocupo um cargo académico. O que explica porque é que não uso aqui o meu nome de baptismo. Bem fodido estava.

    Fiquem bem e obrigado, comentadores.

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