quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Guerra da Foda

Até nem me dava jeito vir aqui hoje mas os acontecimentos da manhã de ontem revestem-se de interesse para o conjunto global da Humanidade e exigem ser partilhados. Julgo que todos poderão retirar uma lição do que se segue que servirá para toda a vida. Ora lá vai alho.

A manhã começou igual a tantas outras. Por volta das 8h fui acordado pela nutricionista com quem partilhava a cama. Pelos vistos já estava recuperada do arraial de piçada da noite anterior pois vi que o grelo já lhe estava a pedir foda outra vez. Pressenti que assim era devido àquela sensação bem conhecida que se me dá no caralho sempre que uma gaja nas minhas imediações está com ganas de levar com ele, causada pelo roçar da minha glande na parte interior das suas bochechas. Reconheci de imediato o formigueiro familiar e não me fiz rogado. E nem precisei de esperar muito. Ainda embrenhado na bruma do torpor matinal, antes sequer de conseguir abrir os olhos, já ela tinha arreganhado a tranca e se pusera a cavalgar o meu barrote como se viessem lá os índios. “Olha que bem”, disse de mim para mim. Pus as mãos atrás da cabeça, suspirei e deixei-a trabalhar. Abrindo por fim as pálpebras, fui brindado com a visão das suas tetas a ir e vir, o que me transportou por momentos para a visita de estudo ao Planetário no 7º ano. Bons tempos. Assim sim, vale a pena madrugar.

E foi então que tudo começou. Comecei a ouvir gemidos de quem estava a foder que não vinham do meu quarto. Após uns momentos de dúvida apercebi-me de que vinham do apartamento de cima. Tornou-se rapidamente óbvio que o meu vizinho, tal como eu, se encontrava em pleno chavascal. Mas – meu Deus – a puta que ele se ocupava a arrebimbar berrava num timbre operático que teria feito o próprio Wagner cagar-se até aos coturnos. Percebia-se também pelo sotaque imbuído nas suas interjeições que a senhora em causa era natural do Brasil. Acompanhando a sua poderosa exibição vocal ouvia-se e sentia-se pela vibração das paredes um batimento ritmado que deixou bastante claro que o meu vizinho não era nenhum amador da arte de bem foder. A nutricionista borrifou-se no assunto. “Deixa-os estar, eles que fiquem na deles que nós ficamos na nossa”, disse ela. Percebi logo que ela não compreendia… Nenhum de nós o tinha pedido mas estávamos em plena guerra. “Ah é?!” bradei eu, sacudindo o punho ao tecto, tentando em vão fazer-me ouvir sobre a gritaria e pancadaria de caralho que ia no andar superior. “Já te conto, seu filho da puta”.

Senti que Deus me tinha incumbido uma missão e que não podia falhar. Simbolicamente, pus-me em posição de missionário e comecei a rechear a gaja de piça que nem um peru. No andar de cima, o chavascal aumentou de imediato. Tinha começado o confronto. Agora era entre mim e o vizinho, a minha némesis, o anti-Príapo. Não podia claudicar. Meti uma abaixo e comecei a escachar aquela pachacha com tal vigor que em minutos o quarto ficou envolto numa densa névoa, que estranhamente apresentava um distinto odor a bacalhau à Gomes de Sá. A nutricionista, numa soberba ironia profissional que mesmo na altura não pude deixar de notar, parecia uma porca na engorda e gritava como se lhe estivessem a matar a mãe enquanto o seu contador de orgasmos rodava que nem uma slot machine. Estava a bombar-lhe na cona com tanta força que comecei a sentir o caralho a bater no colchão mas mesmo assim era notório que no andar de cima o que se estava a passar roçava o olímpico porque começaram a cair fios de pó do tecto, e se a competição em que nos encontrávamos tivesse juízes de certeza que os danos estruturais no prédio contariam em caso de empate. Era um facto, a vantagem estava do lado do vizinho. Algo teria que ser feito, e rapidamente.

Olhando então para a parede atrás da nutricionista, exclamei “olha ali um bicho!”. Depois de ela se virar para trás para ver foi fácil pôr-lhe o resto do corpo à canzana. De mãos acopladas à curvinha da anca senti então que tinha escolhido a táctica mais adequada àquele adversário. Inspirei fundo, apontei o piço ao alvo, puxei a culatra e arrebanha que é carneiro. Agora sim, a coisa estava renhida. As charutadas que estava a aviar naquela pachacha fariam um geólogo temer pela estabilidade da placa continental mas isso agora era secundário. Ainda assim o vizinho e respectiva parceira continuavam a foder ao mais alto nível. Não pude deixar de sentir um certo respeito pelo inimigo, concedo. Para produzir um pouco mais de efeito sonoro inclinei-me para a frente de modo a desequilibrar a gaja. Funcionou: agora a cada pichotada a gaja batia com a testa na madeira da cama. Era mais um barulho a ajudar. Não satisfeito, alcei da manápula e comecei a afinfar estaladas naquelas nalgas com toda a força. Isto motivou-me porque me imaginei aplaudido.

Contudo, novamente, o andar de cima começou lenta mas progressivamente a ganhar terreno e a mão já me começava a doer com tanta bofetada na peida. Quem entrasse ali e visse o cu à nutricionista dar-me-ia os parabéns pela coragem de foder um babuíno mas mesmo assim não estava a ser suficiente. Porém, como sempre, recusei assumir a derrota. Decidi que o plano de lhe bater na peidola era bom, mas que necessitaria de recorrer ao uso um objecto para fazê-lo porque sempre faria doer menos (a mim). Cheguei a pensar em usar o candeeiro mas aquilo ainda era grande e tinha vidro. Imediatamente visualizei o que restava dele erguido na mão de um magistrado do Ministério Público a sorrir triunfante enquanto eu balbuciava desculpas no banco dos réus como um idiota. Pus a ideia de parte. “Pensa, Príapo, pensa”, monologuei entre duas berlaitadas.

Então, ocorreu-me a solução. Dobrando-me para a frente, fingindo dar beijinhos consoladores à gaja – que estava a choramingar há já uns minutos –, abri a gaveta da mesa de cabeceira onde costumo guardar os livros soporíferos que leio quando tenho insónias. Finalmente, por baixo do Equador do paneleiro do Tavares, encontrei o que procurava: a temida obra de Santo Agostinho, A Cidade de Deus, volume III, edição da Gulbenkian. 2542 páginas em capa dura. Era a coisa mais pesada que conseguiria arranjar sem ir à sala buscar a televisão. Interrompendo os beijinhos, contemplei então aquele cu vermelho. Devagarinho, para não dar muita bandeira, estiquei o braço de livro na mão. Com a outra, apontei a gaita ao alvo uma vez mais. O que se seguiu foi simplesmente épico. Sem aviso prévio, comecei a aviar caralhada naquela cona à velocidade da água da torneira enquanto dava chapada após chapada com a boa da Cidade de Deus nas bimbas descobertas da gaja, que começou novamente numa gritaria que até dava gosto. “Ah, caralho!”, berrei, quase em êxtase. O meu regozijo não cabia em palavras. Tinha finalmente descoberto a utilidade da filosofia medieval. Porém, passados vinte minutos disto a nutricionista desapontou-me, pois desmaiou. Entretanto, a brasileira e respectivo amante não davam mostras de cansaço.

“Tão, pá?!”, disse eu à puta desistente, “é para foder ou é para dormir?” E tomado pela fúria, espetei-lhe com o referido livro nos cornos com tal força que me saiu a voar das mãos e foi espatifar a lâmpada de lava que estava na mesa de cabeceira do outro lado da cama.

Nesse momento, fez-se silêncio no andar de cima. Mas durou pouco. De repente, ouviu-se um berro ao pé do qual todos os anteriores foram peidinhos de cona, e o tremor do prédio que se seguiu fez-me sentir como um gato numa máquina de lavar roupa no programa de lavar cobertores. Percebi logo... aquele chinfrim todo só podia significar uma coisa: anal. E agora, o que fazer? A nutricionista não curtia anal. “Mas espera lá”, pensei, “Foda-se, que estúpido…”. A gaja estava desmaiada, ela daria lá por isso. Era como nos jogos de porrada: depois de um combo fodido o adversário às vezes ficava zonzo uns cinco segundos. Nessa altura estava vulnerável a qualquer ataque. Sem querer perder mais tempo, apontei o azimute um pouco mais acima do que ela estava acostumada e sem grandes cerimónias inaugurei-lhe a bilha.

Isto teve um efeito inesperado, curioso do ponto de vista científico mas desagradável em termos práticos. É que devo ter-lhe activado um mecanismo evolucionário qualquer de protecção contra a enrabadela involuntária porque assim que o meu barrote se pôs a espreitar para dentro da parte terminal do seu tracto digestivo, as costas delas arquearam-se num espasmo que só me deu tempo de ver uma nuca a vir direitinha ao meu nariz. Naturalmente, aí ela acordou.

Os vizinhos continuaram a foder mas ela não queria saber disso, estava pior que estragada e anunciou que se ia embora. Uma vez que o cu todo inchado das palmadas já não lhe cabia nas calças, abriu o roupeiro e vestiu os calções XL da O’Neill que tive de comprar quando comi uma delícia do mar estragada no Algarve e fiquei semana e meia com elefantíase nos colhões. Depois foi-se embora, e com isto a vitória escapou-me das mãos.

Desesperado e com um mau perder do caralho, corri atrás dela de papel higiénico enfiado nas narinas ensanguentadas a implorar que não desistisse já, prometendo que a partir de agora usaria só o Memorial do Convento. E eis então que mal ela sai a correr da porta da rua entra no prédio nada menos que o meu vizinho de cima, claramente acabado de chegar da praia…

Bom, abreviarei os detalhes. Em poucas palavras, o meu vizinho afinal não estava em casa. Sucedeu apenas que tinha mandado demolir a parede de um dos quartos para fazer uma sala maior e como era alérgico ao pó foi-se embora para a Caparica. Livres para fazerem o que quisessem, os brasileiros que faziam a obra não viram problema em pôr filmes porno aos altos berros para dar um ambiente familiar ao local de trabalho.

Agora que penso bem no assunto não vejo bem qual é a moral desta história. Sem dúvida que o leitor que pense envolver-se em semelhante disputa com um vizinho terá aprendido a certificar-se em primeiro lugar de que não se porá a esfalfar-se todo a foder contra uma empreitada. Ou talvez ninguém tenha aprendido nada e de tudo isto se conclua apenas que sou um estúpido do caralho. Não sei.

O que sei é que dei luta contra o som de uma equipa de trolhas a rebentar com uma parede de cimento e tijolo com pornografia brasileira no volume máximo de um LCD de 42 polegadas. Meus amigos, podem dizer o que quiserem. Mas lá que foi d’homem foi, e isso ninguém me tira.

12 comentários:

  1. Sem dúvida que foi de homem. Mas, por favor, se isto te voltar a acontecer, é melhor dizeres à tua companhia que a Zara entrou em saldos ou que a Perfumes e Companhia está em liquidação de stock's e vais ter tantos gritos orgásmicos que poderás competir não só com o DVD do teu vizinho, mas do prédio todo.

    E esta cena fez-me lembrar a última vez que fui a um Motel, e os sons do quarto ao lado eram tão intensos que nós só nos conseguimos rir à gargalhada, sim, porque mesmo que nos desse para competir, o meu acompanhante não tinha capacidades para tal, bem, pelo menos, diverti-me.

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  2. Mais um post de grande qualidade literária. 5*****

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  3. Vera, és sem dúvida cá das minhas. E tens ar de ser boa. Gosto disso.

    Quanto à barulheira no Motel a que foste olha... desculpa. Pensei que tinham insonorizado as paredes.

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  4. As diversas tácticas utilizadas assim como a destreza no manuseamento das técnicas aqui tão bem explicitadas, não me impressionaram muito. Agora, o pormenor de iniciar tão louvável prática às 8h da matina e acabar já em altura do vizinho regressar da praia (ainda por cima Caparica) é que me fodeu todo...

    J. Holmes :-)

    PS: Obrigado caro Príapo por me fazer rir a bom rir...

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Ah grande Holmes, finalmente alguém topou que isto durou a manhã toda! Já estava a ficar preocupado com o excesso de subtileza.

    Em todo o caso não deixa de ser menos espantoso que o facto de teres morrido em 1988 não te tenha impedido de vir aqui hoje.

    PS: Não tens de quê.

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  7. Os grandes mestres deste tão nobre ofício nunca morrem!

    Por isso, Príapo prepara-te para "trabalhar" mesmo depois de bater as botas (que se espera todavia, ser só daqui a muito tempo).

    Mas que me estragaste o fim-de-semana com essa jornada de manhã inteira, lá isso estragaste...

    Holmes

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  8. Príapo
    as porcarias que escreves são de um barbaridade incrivel....
    Uma pena....


    Uma feminista
    A.P.

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  9. Cara A.P.,

    Como podes imaginar não és a primeira nem serás a última a tecer-me semelhantes críticas. Agradeço e acolho a tua opinião porque priapismo e democracia são praticamente sinónimos. E adoro opiniões negativas. Informam-me de que estou a cumprir o meu objectivo.

    Agora, pergunto a ti o mesmo que pergunto sempre a cada membro membro da horda moralista puritana (e, regra geral, feminista) que já me veio com essa lengalenga: que é que vieste para aqui fazer?...

    Caso penses voltar a aparecer por aqui depois da catequese aviso-te já que não vou melhorar com o tempo. Sabes como é, pau que nasce grande mija fora da banheira. Portanto habitua-te ou muda-te para paragens mais elevadas que o que para aí não falta são blogs de bom gosto.

    Mas não te julgues melhor do que as outras mulheres que cá vêm, lêem o mesmo que tu e reagem com boa disposição. Melhor farias se aprendesses com elas e trocasses esse feminismo bolorento por um sentido de humor. Paradoxalmente, podia ser que até te tornasses mais mulherzinha e, por isso mesmo, uma melhor "feminista".

    Um sportinguista
    P.

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  10. Príapo
    por mero acaso, sou também sportinguista :D.
    e catequese não é definitivamente comigo, visto que não sigo nenhuma religião e não pretendo seguir.
    A minha opinião não tinha como intenção impor moralismos parvos e hipócritas....Disse o que disse pois li o teu blog, e acho que escreves bastante bem, e é uma pena desperdiçares isso escrevendo as coisas que escreves....
    Não sou puritana, nem moralista ( ou pelo menos tento não o ser). Vim para aqui pois sou livre de ler e ver o que quero....tal como tu és livre de escreveres o que queres, claro. Disse o que disse não com a intenção de te ofender, nem ser uma " velha do restelo" mas sim dar a minha opinião, a qual admito, não foi expressada da melhor forma.
    Não me julgo melhor que ninguém, pois sei que não o sou. Sou apenas uma miúda ( tenho 18 anos), que no seu caminho para se tornar uma mulherzinha vai dizendo umas parvoíces pelo caminho.
    Sentido de humor? Não tenho muito é verdade, mas ando a tratar disso :D
    De uma sportinguista para um sportinguista
    A.P. ;)

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  11. Oh minha cara Ana, julgo que o mal-entendido foi mútuo... Não me ofendeste minimamente, e a tua opinião não tem de ser expressa da melhor forma para ter valor aqui. Aliás, considero que algumas das minhas melhores opiniões são expressas da pior forma. E se pareci ofensivo é porque sou uma besta em geral, não foi nada contra ti pessoalmente. A tua presença aqui, como a de qualquer mulher (feminista ou não) com 18 anos ou até com mais será sempre por mim celebrada com serpentinas e confetti.

    Seja como for há que dizer que a tua opinião funda-se em dois erros. O primeiro é o de julgares que a minha escrita se fica por este blog. Na verdade, posso dizer-te que a minha profissão é escrever se bem que para te dizer mais do que isso teria depois de te matar.

    O segundo erro é achares que é o que aqui escrevo é um desperdício de qualidades literárias. Mas isso já não te posso explicar porquê. O mau gosto, como a maioria dos gostos complexos, é um gosto adquirido. Adquire-se quando os sentimentos de culpa e de nojo se evaporam mas para isso, tal como com o álcool no vinho, é preciso tempo. E tal como o álcool no vinho, não podem evaporar completamente.

    Podes ainda não ter chegado lá mas pelo que escreveste vejo que tens potencial. Como, aliás, tem potencial qualquer situação que envolva uma jovem de 18 anos e álcool.

    P.

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  12. Cara Ana,

    O teu primeiro comentário foi aquilo com que em linguagem de basquetebol se qualifica uma tentativa de cesto de 3 pontos do meio campo que acaba por ir parar à cona da tia: uma merda.

    Quanto ao teu segundo comentário, no qual invocas a liberdade de expressão para justificar o triste comentário inicial, nas palavras do Yoda: merda foi.

    E digo já que as feministas deviam ensaboar-me os tomates.

    Um gajo do beifiqué

    P.T.A. da Taprima

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