quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Homossexualidade como Viagem no Tempo

Antes que alguém me pergunte respondo já que não, o título desta postagem não é metafórico. Não o escolhi por ter acordado hoje a achar que era capaz de ser boa ideia vir para aqui dissertar sobre como ser paneleiro é regressar a uma época remota em que ninguém via grande diferença entre foder cu com pêlo e cu sem pêlo, como acontecia na Grécia antiga ou no Japão feudal, engendrando aqui um texto repleto de curiosas comparações entre os maricões da actualidade e os desses tempos idos. Até poderia fazê-lo não fosse o facto de que estaria a incorrer em contradição se gozasse com a paneleiragem num texto com um título metafórico. Homem que é homem não usa metáforas, diz logo ali o que tem a dizer ainda que as consequências lhe roam os colhões com dentes lupinos. Aliás, abstém-se de usar figuras de estilo em geral salvo raras excepções, como o pleonasmo, que faz lembrar orgasmo e que por isso tem uma conotação de algum modo orgástica, ou o disfemismo, que é do caralho. Portanto, dizia eu, o título da postagem não é uma referência poética ao atavismo de levar na peidola. É literal. Ser paneleiro é mesmo viajar no tempo.

De modo a explicar melhor o que quero dizer com isto coloco ao leitor uma questão que parece não ter nada a ver com o assunto mas que vai-se a ver e por acaso até tem. Ora pensem lá nisto: “Como se faz para se deixar de ser paneleiro?” Peço ao indivíduo desse lado que interrompa a leitura por momentos para pensar na resposta. Já está? Pois é, se já pensou numa é porque é um burro do caralho. A pergunta não tem resposta correcta porque está mal formada, ó tansos. Não é possível alguém deixar de ser paneleiro pelo mesmo motivo que não é possível alguém tornar-se paneleiro.

‘O quê, Príapo?’, indagará agora o leitor, ignorando que é Sr. Príapo para si, ‘como podes afirmar semelhante barbaridade? Então e eu, que sempre tive namoradas até finalmente ter descoberto que a felicidade não se encontra caminhando lado a lado de uma mulher em direcção ao poente da vida, e sim sentado numa pichota?’ Em relação a essa questão, começo por dizer que tudo o que vem a seguir à última vírgula é informação desnecessária porque se deduz do uso da metáfora "poente da vida". Mas respondendo-lhe, direi que mesmo enquanto fodia gajas exclusivamente o leitor sem o saber já era um grandessíssimo paneleirão. E é aqui que entra a parte da viagem no tempo, que deslindará esta confusão toda.

A verdade é que quando um gajo comete um acto homossexual, seja ele qual for, torna-se homossexual desde sempre. Ou seja, nós é que não sabíamos mas ele era já um mariconço descomunal. O acto paneleiro simplesmente tornou manifesto o que sempre lá esteve escondido. É simples, estão a ver aqueles filmes em que um gajo viaja no tempo e muda qualquer coisa no passado? Quando volta ao presente não se ouve ninguém dizer 'epá… houve aqui qualquer coisa que mudou, as bananas não eram azuis'. Não. O novo presente torna-se a normalidade porque a mudança no passado não foi percebida por ninguém. Como a mudança alterou tudo desde o momento em que se deu, as bananas azuis seriam comuns e nunca ninguém teria ouvido falar de bananas amarelas. Com a paneleirice é a mesma coisa. Se um gajo qualquer levar no cu hoje pela primeira vez, o que acontece é que nesse mesmo momento ele viaja no tempo, entra na maternidade em que nasceu, abre a tampa da incubadora e enraba o bebé que quando crescer se vai tornar no paneleiro que ele foi desde sempre, porque levou no cu logo em bebé e quem leva no cu é paneleiro.

‘Ah mas isso é que não pode ser’, dirá agora o amanteigado leitor, que já começa a enervar, ‘porque o paneleiro depois ia lembrar-se de ter voltado atrás no tempo, e como nunca nenhum paneleiro disse que viajou no tempo, essa suposta viagem no tempo é só uma metáfora e por isso és um paneleiro porque usas metáforas’. A respeito desta infantil argumentação limito-me a afirmar com veemência que o leitor decerto me toma equivocadamente por uma superfície polida reflectora. Basta pensar um bocadinho para ver que essa conversa não tem ponta por onde se lhe pegue. Quando um gajo comete um acto homossexual e volta atrás no tempo, aquele que faz a viagem temporal ainda não foi homossexual a vida toda porque ainda não foi enrabado em bebé. Portanto, depois de se auto-enrabar desaparece porque na verdade nunca existiu, ficando só o bebé enrabado que crescerá para se tornar quem ele é no presente. Logo, o paneleiro do futuro alterado não poderá lembrar-se do que era anteriormente a sê-lo porque na verdade nunca o terá sido antes de ser quem é. Percebido? Foda-se, tenho de explicar tudo...

Isto elucida também porque é que quando descobrimos que um amigo nosso anda a mamar camionistas à borla nas áreas de serviço não dizemos: 'olha… tornou-se subitamente paneleiro'. Dizemos, obviamente: 'não fazia ideia de que este gajo era paneleiro'. É uma diferença subtil mas fulcral. O gajo afinal sempre foi paneleiro, só que ninguém sabia. Sim, porque quem soubesse e continuasse a ser amigo dele era paneleiro também.

Isto que vos digo verifica-se mesmo naqueles casos em que o paneleiro em questão viveu toda a vida como um grande macho até ao momento em que cometeu um acto abichanado. Por exemplo, imaginem um gajo que foi barbeiro a vida toda, que nunca cozinhou nada mais complexo do que uma sandes de torresmo, que cagava nos cafés de porta aberta e que espancou a mulher sem dó nem piedade todos os dias desde o casamento até àquele em que a encontrou morta com o seu amante, ambos acabados de cometer suicídio a tiro de caçadeira enquanto faziam amor na sua cama, numa manhã em que teve de voltar a casa do trabalho porque se tinha esquecido do telemóvel na mesa de cabeceira. Imaginem agora que em homenagem à sua enorme virilidade, reconhecida em toda a terra, um grupo de amigos lhe oferece o dente de um elefante africano macho que matou três caçadores antes de ser abatido. Enquanto o barbeiro põe os óculos cheios de sebo para ver aquilo melhor, alguém lhe diz na brincadeira 'Que foi, pá? Não consegues ver de que cor é?'. E vai daí o barbeiro responde, coçando os colhões com uma mão e escarrando dois decilitros de ranho do fundo das goelas para a outra, usando depois o material para colar à careca o pouco cabelo que ainda lhe resta: 'Então não vejo, foda-se? É cor de marfim'. Este homem, nesse preciso momento e sem se aperceber, viajou no tempo e enrabou-se a si próprio. Ninguém à sua volta se deu conta mas o passado foi mudado e a partir daí ele nunca foi nada em toda a sua vida senão um picolho que até mete nojo. Isto porque homem que é homem não diz “cor de marfim”. Ou é branco ou não é, caralho.

Do mesmo modo, concebam um mecânico que dedicou a vida inteira a foder mulheres de toda a espécie e feitio de maneiras que fariam o Belzebu em pessoa sair do quarto por uma questão de princípio. Está no seu leito de morte, rodeado de uma horda de bastardos. Um deles, consumido pela tristeza mas orgulhoso de poder chamar de pai o velhote que ali jazia a morrer de três doenças venéreas distintas, pergunta-lhe: 'qhanch mulhen fnest nahida?' Por azar calhou logo ser um dos filhos que tivera com a sua própria irmã, que no seu tempo fora bem boa. Traduzido para a linguagem de quem tem céu-da-boca, a pergunta foi: 'quantas mulheres fodeste na vida?' Em resposta, o homem diz, com o seu último fôlego: “Deixa cá ver… fodi duas mil e quinhentas. Não, minto, duas mil e seiscentas”. E morre. Este homem, meus caros, morreu mais paneleiro que o Cláudio Ramos. Ao utilizar a expressão “não, minto”, fez o equivalente a enfiar ali mesmo um tarolo bem grosso todo no cu até aos tomates, que ironicamente foi o que fez a si próprio, viajando no tempo e enrabando-se depois de se retirar da sanita onde nascera, porque a sua mãe era tão puta que com a força de cagar já os paria sem dar por eles.

Por este motivo, a todos os que cuidarem que os paneleiros não se podem reproduzir, digo que estais redondamente enganados. Fazendo uso de um exemplo, como é tradicional nestas paragens, asseguro-vos de que quando dois amigos apanham uma bebedeira e usam isso como desculpa para passarem a noite a foder o cagueiro um ao outro, concebem gémeos logo ali nesse mesmo momento: os fofos bebés que eles mesmos eram quando nasceram. E assim, sem se darem conta disso, ocupados que estavam a levar na anilha, deram à luz dois paneleirinhos.

Espero ter conseguido iluminar um pouco esta complexa e muito incompreendida questão. Gostaria apenas de terminar com uma mensagem dirigida a todo o leitor que disser que o acto de alguém se enrabar a si próprio no passado é uma variante da masturbação e que por isso não conta bem como paneleirice. A mensagem é: parabéns pelo menino.

11 comentários:

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  2. Tenho cá a impressão que este post vai causar muita controvérsia por aqui. Há muitos mais paneleiros do que aquilo que se julga. E o número de comentários masculinos que este post irá ter, será inversamente proporcional ao número de paneleiros que o ler. E esta???? LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL.

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  3. Quer isso dizer que Sócrates, Aristóteles e Platão não teriam sido filósofos caso a dada altura não tivessem escorregado no quiabo?

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  4. Sem querer dar toda a razão à Vera (olá, Vera!), convenhamos que aquele "quando dois amigos apanham uma bebedeira e usam isso como desculpa para passarem a noite a foder o cagueiro um ao outro" é absolutamente inqualificável.
    Pá, nem sei o que diga, caralho. Não há metáfora que te acuda. Aliás, para ti passa já a meitáfora e até esguichar pelas orelhas e narinas.
    Que caralho de paneleirice, pá. Mas uma paneleirice erudita, hã!
    O que, lá está, fundamenta a cena de que os gajos amigos de filosofar gostarem de receber o amor à sabedoria por várias vias: ora pelos abanos, ouvindo, ora pelos olhos, lendo, ora pela anilha, sob a forma de um pergaminho enrolado dentro de uma lata esférica e grossa enferrujada e romba.

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  5. Só mesmo o Príapo para me fazer ler um texto com (feitas as contas por alto) à vontade mais de 20 palavras, sobre uma temática, tão pouco edificante como esta.
    Não sei se percebi bem esta mecânica de viagens ao passado, mas a avaliar pela quantidade de paneleiragem que por aí pulula (esta última palavra foi escolhida em homenagem ao tema), a puta da agência de viagens “no rabinho do menino” deve fazer dinheiro como o caralho.
    Repito, não sei se percebi bem a coisa, mas pareceu-me haver aqui um perigoso precedente de desculpabilização, para a paneleirice. Por favor Príapo, diz-me que estou redondamente enganado.

    Holmes

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  6. Bem meus caros, foi tal a minha surpresa ao ver o tipo de comentários que para aqui andam que não tive escolha senão descer da minha torre filosófica para lhes dar resposta.

    Muito longe de procurar estabelecer um "precedente de desculpabilização para a paneleirice", como o Holmes tão bem disse, a minha intenção foi exactamente a oposta. A noção que procurei veicular neste texto foi a de que a paneleirice não é como uma doença que se apanha e que por isso mesmo pode ter cura. É crónica, vitalícia e, tal como o acto de enrabar, é retroactiva, porque define toda a vida passada e futura de um gajo. Não é claro?

    E Holmes, vistas as coisas por este prisma verás que o texto é na verdade extremamente edificante. Ensina aos mais jovens que o leiam a não caírem nessa paneleirice que agora se chama de "experimentar coisas novas" e desatem aí a mamar as piças dos amigos para ver a que é que sabe, porque lhes faz ver às claras a veracidade do velho apotegma: "uma vez paneleiro, sempre paneleiro".

    Vamos lá a prestar atenção que tenho uma reputação a manter.

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  7. Na verdade tinha a consciência de que não poderia ser outra coisa. Afinal de contas não ando para aqui a devorar tudo o que é textos do Príapo, incluindo os do arquivo do " O Filósofo Priapista", se a obra não fosse de uma lisura de princípios perfeitamente inatacável. A minha hesitação, deveu-se seguramente à minha manifesta e saudável ignorância relativamente a este, chamemos-lhe assunto. As minhas desculpas, de futuro mesmo que o tema seja aparentemente indigesto, tratarei de ler com mais cuidado, antes de começar a lançar atoardas tão injustas como inconvenientes.

    PS: Mas lá que vou mais descansado para fim-de-semana, lá isso vou :)

    Holmes

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  8. Até que enfim! Alguém com coragem para descer às profundezas dos infernos. Ainda bem que o mistura com uma afiada ironia, pois quando fazemos essa viagem nem sempre gostamos do que vemos.

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  9. Olha, eu cá acho que uma presa de elefante é de cor marfim. Sou uma paneleira, portanto. :)

    Hum, quer-me parecer que este teu princípio não se aplica ao lebianismo. :)

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  10. Deixem-se de preconceitos quem gosta de levar no cu leva e pronto!! Por acaso eu ate gosto bastante!

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