sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Surrealismo da Insónia

Acordei em sobressalto. Gotas de suor circundavam o rolo de papel higiénico que repousava no meu peito nu. Nem dei por adormecer. O filme já tinha acabado, não havia imagem na televisão. Não vi o final. Só percebi que era a história de um humilde pescador português do século XVI que se apaixonava por uma escrava negra. “Um dos mais pungentes contos de amor proibido alguma vez exibidos no pequeno ecrã”, lia-se na parte da frente da capa do DVD, logo abaixo do enorme título enganadoramente promissor, Petinga na Catinga. Nunca me tinha acontecido adormecer a meio de uma punheta. Foda-se, que o filme era mesmo mau… Amanhã vou lá reclamar, já é a segunda vez que os filhos da puta do videoclube me recomendam merda. Primeiro convencem-me a alugar a puta da trilogia toda da Irmandade do Anal e afinal era só não sei quantas horas de anões paneleiros a enrabarem-se uns aos outros no Monsanto. Agora isto. Mais valia ter ido ao álbum das férias de família no Algarve em 92 e bater a sarapitola à pala da minha tia quando era nova. Só evitei recorrer a esse subterfúgio porque me deprime encarar de frente o facto de que muito dificilmente algum dia me será dada a conhecer a sensação de me esporrar à barbaro num cabelo com permanente. Aquilo é que devia ser… Com a meita em cima devia parecer uma nuvem. Mas dizia eu, acordei em sobressalto.

O meu espanto levedou ao aperceber-me de que diante de mim esvoaçava uma gaja alada ligeiramente maior do que a Sininho e um pouco menor do que o Simba. ‘Fada Madrinha, és tu?’, indaguei, esfregando os olhos com os dedos ainda a cheirar a picha. A curiosa criatura deu três piruetas no ar, cagou-me o tapete todo de pó de pirlimpimpim e corrigiu-me: ‘Não, Príapo. Eu sou a tua Madre Fodinha’. A partir daquele momento nunca mais tirei conclusões precipitadas daquela forma, e quedei-me em silêncio para ver o que dizia a invulgar aparição.

‘Corres um grande perigo, Príapo’, sibilou ela, em tom lúgubre. ‘Ignoras que a cona pode ter caspa’. ‘A cona pode ter caspa?’ redargui eu, feito urso. ‘Vês?’ limitou-se a Madre Fodinha a dizer, com um peculiar sorriso gozão no rosto que depressa deu lugar à anterior expressão de ominosa seriedade. ‘Muitos homens pensam que não mas é verdade. É um facto que por vezes a mulher descura a sua higiene íntima, não tomando o obrigatório banho checo no bidé depois da foda, sim, e nesses casos a meita coagulada presa aos cabelos da rata pode adquirir um aspecto semelhante ao da caspa. Porém, quando tal acontece algumas pancadinhas ao de leve são suficientes para que caia tudo. Há é que limpar rapidamente o chão com um pano seco e nunca com uma esfregona, pois em contacto com a água a esporra em pó volta a ser esporra e depois corre-se o risco de no final de uma tarde inteira a limpar a casa olhar-se para trás e ver-se o chão com aspecto de ter acabado de ser palco de uma orgia brasileira. Não, Príapo, falo de genuína seborreia. Muitas vezes, o couro pintelhudo desidratado pode escamar e produzir inestéticos floquinhos de pele de cona que podem causar algum embaraço em situações sociais. Já para não dizer que se torna desconfortável para o cavalheiro voluntarioso durante o minete, não só porque arranha um pouco a língua mas também porque depois dá uma sede do caralho’.

‘Por Júpiter, não fazia ideia’, admiti, tomado de pânico. ‘É horrível, horrível, asseguro-te! Oh, por favor, Madre Fodinha, diz-me tudo o que posso fazer para evitar essa situação’.

‘Não te censuro o desejo de saber, Príapo. Felizmente, tenho exactamente aquilo de que necessitas. Pantene Pro-V para a cona. O complexo multivitaminado clinicamente testado nutre a pele das bordas não apenas à superfície como outros produtos no mercado, mas revitalizando o pintelho dos ovários até às pontas, sempre conservando o seu brilho e volume naturais. Com Pantene Pro-V para a cona, a mulher não terá já que temer deixar o caralho do seu parceiro a parecer uma fartura açucarada depois da foda. E animem-se as senhoras mais sensíveis – a nova forma fórmula hidratante sem álcool não causa lágrimas mesmo que escorra para o cu durante o duche. Mas há mais. Como prémio acrescido para os cavalheiros com propensões mineteiras, Pantene Pro-V oferece uma agradável surpresa ao palato, estando disponível em três sabores – natas, coentro e alho frito em azeite – para que agora antes da trombada possam tornar pelo menos suportável aquele clássico cheiro a bacalhau, temperando-o.

‘Que maravilha, Foda Madrinha!’

‘Deveras, Príapo. E é Madre Fodinha. Mas cuidado, ainda nem todas as senhoras estão sensibilizadas para as maravilhas hidratantes do complexo Pro-V. E por vezes, situações como esta ainda se verificam…’

Nesse preciso momento, a Madre Fodinha desapareceu em mil fagulhas, mais coisa menos coisa, e alguém tocou à campainha. Esfreguei os olhos. ‘Devo estar a ficar mas é maluco com tanta punheta’, pensei. Decidi-me a não pensar mais no assunto, embora algo em mim tenha ficado reticente quanto à existência de um significado profundo subjacente ao sucedido. Ao abrir a porta, vi que era a gaja com quem tinha combinado passar a tarde a foder. Tinha-me esquecido completamente. Para não lhe dar a entender que estava algo atarantado, convidei-a educadamente a entrar, dei-lhe dois beijinhos, atirei-a para o tapete à bruta e saltei-lhe em cima. ‘Que é isto?’, perguntou ela passados momentos, tirando a língua dos meus adenóides e olhando para a mão. Era pó de pirlimpimpim. O tapete estava coberto dele. Um terrível pavor começou a crescer-me no peito ao ponto de rivalizar com a tesão que brotava hostil do meu entrepernas. Não podia esperar mais, tinha de confirmar. Rasguei as cuecas à gaja… e vejo. Tratava-se de uma pintelheira enorme do tamanho de uma salada de bróculos… toda ela repleta de um horror de caspa. O sonho fora real. O grito de terror que se seguiu saiu-me da própria alma em si: ‘Nãããããã…..

….ããããão!’

Acordei em sobressalto outra vez. Gotas de suor circundavam o rolo de papel higiénico que repousava no meu peito nu. Nem dei por adormecer. O filme já tinha acabado, não havia imagem na televisão…

Interrompi o pensamento. Olhei em meu redor. Não, nada de Madre Fodinha. Deixei-me cair para trás no sofá com um longo suspiro. Agora sim, estava acordado. ‘Mas que merda de pesadelo’, pensei, esfregando os olhos. E comecei a rir-me, primeiro nervosamente, depois mais descontraído. ‘Caspa na cona…foda-se’, disse para comigo, quase envergonhado, ainda sem perceber bem de onde teria vindo um estúpido sonho daqueles. ‘Devo mesmo estar a ficar mas é maluco com tanta punheta’. E só para confirmar o regresso à vigília, dei um dos meus magníficos peidos. Inalei profundamente e deixei-me estar ali de olhos fechados a saborear a doce aroma a realidade. ‘Bom, já chega’, disse, momentos depois, ‘…ora vamos lá bater à punheta’.

Nisto, alguém toca à campainha. Levanto-me e vou abrir, sem pensar em mais nada senão em quem seria. Quando abri a porta quase me caíram os colhões ao chão. Era a gaja do sonho com caspa na cona. Tinha mesmo combinado foder com ela hoje. ‘Que tens?’, perguntou ela, sem dúvida estranhando o meu rosto lívido. Mas perguntou só por perguntar, como costumam fazer as gajas, que sabem que quem tem de perguntar coisas dessas somos nós. Fechou a porta atrás do cu balofo e entrou na sala.

Começámos aos meles no sofá mas nem os apertões nas globulosas tetas me desviavam o pensamento do sonho. Pela primeira vez na minha vida, temi descortinar a pachacha. ‘Não, não pode ser!’, disse de mim para mim, quando me acometeu a realidade da situação. O medo da pachacha é indício de paneleirice, e esse era espectro que não poderia admitir no meu lar. Do ‘Ai que medo da pachacha’ ao ‘Ai picha tão bom’ não vai mais do que um saltinho amaricado e riscos desses que os corra quem tem cu outro que não o meu. Enchendo-me de coragem e largando os mamilos da gaja com que procrastinava, rasguei-lhe a cueca sem dó nem piedade e olhei-lhe de frente para a rata que, como Nietzsche havia previsto, me devolveu o olhar. A farta guedelha que ostentava dava-lhe mais aspecto de ratazana do que de rata, por acaso, mas o que interessava é que o meu temor afinal era infundado. O couro pintelhudo apresentava-se lustroso e livre de caspa. Via-se que ela passava loção.

Ri-me de alívio e comecei a foder, conjunção que a gaja achou estranha, até se vir. Foi estupidez ter sequer sentido receio, sim, mas quem no meu lugar não se teria assustado também? Já todos ouvimos falar de sonhos que prenunciam o futuro. Felizmente este não tinha sido prenúncio de nada, tinha sido só anúncio. Mas na altura não tinha como distinguir entre os dois, foda-se.

Seja como for, meus caros, foi a última vez que esgalhei o nabo a ver pornografia em DVD. A partir daí, só computador. Bom, álbum com as fotos da tia também, que verdade seja dita, nunca teve caspa na permanente. E olhem, o que é certo é que nunca mais tive um sonho daqueles. Mas mesmo assim, até ao último dos meus dias neste mundo, sempre que tirar a cueca a alguém, sei que parte de mim… parte de mim há-de temer.

10 comentários:

  1. Desculpem lá pessoal mas a insónia dá-me para isto. Agora sim, já posso ir dormir. Afinal era só caganeira mental. Já estou melhor. Até amanhã.

    ResponderEliminar
  2. Príapo.
    Graças a ti vou começar a ter medo de ratas desconhecidas. Isso é mau, muito mau.

    Nova Postagem Aqui

    ResponderEliminar
  3. Foda-se Príapo, até nos pesadelos és arrumadinho de ideias como ó caralho. Coisa metodicamente dividida em duas partes, sendo a primeira uma explicação rigorosamente cientifica (com antídoto e tudo), para o que vem a seguir. Se o bacano do Freud fosse vivo ainda chegava à conclusão que afinal és um gajo certinho. :-)

    PS: Experimenta sonhar com uma cona com um formato fodido como o caralho que te obriga a passar a noite toda a usar técnicas avançadas de Tetris para poder “afogar o ganso”.

    Holmes

    ResponderEliminar
  4. Príapo, se estavas com insónias (e é certo que estavas), podias ter dito, eu fazia-te companhia. Sei lá, por ti até escrevia um post extremamente inteligente, ao menos não te punhas a pensar em coisas tristes.

    E agora sobre o post:
    Mais uma vez se confirma a minha teoria, sem pêlo é muito melhor.
    Digamos que se andasses mais bem acompanhado, por gajas modernas, daquelas que fazem a depilação completa, não era nada disto.

    Em relação aos filmes pornográficos, sei lá, da próxima traz um do Alexandre Frota.

    ResponderEliminar
  5. mas quem é que ainda fode gajas pintelhudas?

    ResponderEliminar
  6. Eu fodo! Gajas lãzudas também merecem carinho. Menos, mas ainda assim carinho.

    Quanto ao texto, oh Príapo, esse teu lado onírico-publicitário, não obstante estocástico, deve começar a preocupar-te. Não se recusam bombadas em pachacha nevada. Antes se cumpre a missão e só depois se lava e enxagua muito bem o material entrepernas. A ausência de língua é castigo suficiente para essa gente que se não (auto-)desbasta.

    ResponderEliminar
  7. Meus caros, minhas caras e vice-versa, já disse em postagem anterior que a quantidade de farfalheira na cona não é argumento para recusá-la. O mesmo no que toca ao formato, ó Holmes. Pito é pito e má nada, o resto é conversa.

    Vera, o Alexandre Frota fode gajos... Gajos com mamas, é certo, mas caralho é caralho e má nada, o resto é conversa.

    Foda-se, agora que reli isto é que vejo que estava mesmo marado dos cornos. A insónia é fdida...

    ResponderEliminar
  8. Olha lá ó Príapo, também há Pantene Pro Caralho?

    ResponderEliminar
  9. Apenas são paneleiros os gajos com mais de 150 cm. Anões maricas? Não conheço nenhum.

    ResponderEliminar